Galera isso é muito sério leiam com atenção!

Senado Brasileiro

EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA


A Internet ampliou de forma inédita a comunicação humana, permitindo um
avanço planetário na maneira de produzir, distribuir e consumir
conhecimento, seja ele escrito, imagético ou sonoro. Construída
colaborativamente, a rede é uma das maiores expressões da diversidade
cultural e da criatividade social do século XX. Descentralizada, a Internet
baseia-se na interatividade e na possibilidade de todos tornarem-se
produtores e não apenas consumidores de informação, como impera ainda na era
das mídias de massa. Na Internet, a liberdade de criação de conteúdos
alimenta, e é alimentada, pela liberdade de criação de novos formatos
midiáticos, de novos programas, de novas tecnologias, de novas redes
sociais. A liberdade é a base da criação do conhecimento. E ela está na base
do desenvolvimento e da sobrevivência da Internet.

A Internet é uma rede de redes, sempre em construção e coletiva. Ela é o
palco de uma nova cultura humanista que coloca, pela primeira vez, a
humanidade perante ela mesma ao oferecer oportunidades reais de comunicação
entre os povos. E não falamos do futuro. Estamos falando do presente. Uma
realidade com desigualdades regionais, mas planetária em seu crescimento.

O uso dos computadores e das redes são hoje incontornáveis, oferecendo
oportunidades de trabalho, de educação e de lazer a milhares de brasileiros.
Vejam o impacto das redes sociais, dos software livres, do e-mail, da Web,
dos fóruns de discussão, dos telefones celulares cada vez mais integrados à
Internet. O que vemos na rede é, efetivamente, troca, colaboração,
sociabilidade, produção de informação, ebulição cultural. A Internet
requalificou as práticas colaborativas, reunificou as artes e as ciências,
superando uma divisão erguida no mundo mecânico da era industrial. A
Internet representa, ainda que sempre em potência, a mais nova expressão da
liberdade humana.

E nós brasileiros sabemos muito bem disso. A Internet oferece uma
oportunidade ímpar a países periféricos e emergentes na nova sociedade da
informação. Mesmo com todas as desigualdades sociais, nós, brasileiros, somo
usuários criativos e expressivos na rede. Basta ver os números
(IBOPE/NetRatikng): somos mais de 22 milhões de usuários, em crescimento a
cada mês; somos os usuários que mais ficam on-line no mundo: mais de 22h em
média por mês. E notem que as categorias que mais crescem são, justamente,
"Educação e Carreira", ou seja, acesso à sites educacionais e profissionais.
Devemos assim, estimular o uso e a democratização da Internet no Brasil.
Necessitamos fazer crescer a rede, e não travá-la. Precisamos dar acesso a
todos os brasileiros e estimulá-los a produzir conhecimento, cultura, e com
isso poder melhorar suas condições de existência.

Um projeto de Lei do Senado brasileiro quer bloquear as práticas criativas e
atacar a Internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral. O
Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo quer bloquear o uso de redes P2P,
quer liquidar com o avanço das redes de conexão abertas (Wi-Fi) e quer
exigir que todos os provedores de acesso à Internet se tornem delatores de
seus usuários, colocando cada um como provável criminoso. É o reino da
suspeita, do medo e da quebra da neutralidade da rede. Caso o projeto
Substitutivo do Senador Azeredo seja aprovado, milhares de internautas serão
transformados, de um dia para outro, em criminosos. Dezenas de atividades
criativas serão consideradas criminosas pelo artigo 285-B do projeto em
questão. Esse projeto é uma séria ameaça à diversidade da rede, às
possibilidades recombinantes, além de instaurar o medo e a vigilância.

Se, como diz o projeto de lei, é crime "obter ou transferir dado ou
informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou
sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização,
do legítimo titular, quando exigida", não podemos mais fazer nada na rede. O
simples ato de acessar um site já seria um crime por "cópia sem pedir
autorização" na memória "viva" (RAM) temporária do computador. Deveríamos
considerar todos os browsers ilegais por criarem caches de páginas sem pedir
autorização, e sem mesmo avisar aos mais comum dos usuários que eles estão
copiando. Citar um trecho de uma matéria de um jornal ou outra publicação
on-line em um blog, também seria crime. O projeto, se aprovado, colocaria a
prática do "blogging" na ilegalidade, bem como as máquinas de busca, já que
elas copiam trechos de sites e blogs sem pedir autorização de ninguém!

Se formos aplicar uma lei como essa as universidades, teríamos que
considerar a ciência como uma atividade criminosa já que ela progride ao
"transferir dado ou informação disponível em rede de computadores,
dispositivo de comunicação ou sistema informatizado", "sem pedir a
autorização dos autores" (citamos, mas não pedimos autorização aos autores
para citá-los). Se levarmos o projeto de lei a sério, devemos nos perguntar
como poderíamos pensar, criar e difundir conhecimento sem sermos criminosos.


O conhecimento só se dá de forma coletiva e compartilhada. Todo conhecimento
se produz coletivamente: estimulado pelos livros que lemos, pelas palestras
que assistimos, pelas idéias que nos foram dadas por nossos professores e
amigos... Como podemos criar algo que não tenha, de uma forma ou de outra,
surgido ou sido transferido por algum "dispositivo de comunicação ou sistema
informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do
legítimo titular"?

Defendemos a liberdade, a inteligência e a troca livre e responsável. Não
defendemos o plágio, a cópia indevida ou o roubo de obras. Defendemos a
necessidade de garantir a liberdade de troca, o crescimento da criatividade
e a expansão do conhecimento no Brasil. Experiências com Software Livres e
Creative Commons já demonstraram que isso é possível. Devemos estimular a
colaboração e enriquecimento cultural, não o plágio, o roubo e a cópia
improdutiva e estagnante. E a Internet é um importante instrumento nesse
sentido. Mas esse projeto coloca tudo no mesmo saco. Uso criativo, com
respeito ao outro, passa, na Internet, a ser considerado crime. Projetos
como esses prestam um desserviço à sociedade e à cultura brasileiras, travam
o desenvolvimento humano e colocam o país definitivamente para debaixo do
tapete da história da sociedade da informação no século XXI.

Por estas razões nós, abaixo assinados, pesquisadores e professores
universitários apelamos aos congressistas brasileiros que rejeitem o projeto
Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo ao projeto de Lei da Câmara 89/2003,
e Projetos de Lei do Senado n. 137/2000, e n. 76/2000, pois atenta contra a
liberdade, a criatividade, a privacidade e a disseminação de conhecimento na
Internet brasileira.


André Lemos, Prof. Associado da Faculdade de Comunicação da UFBA,
Pesquisador 1 do CNPq.

Sérgio Amadeu da Silveira, Prof. do Mestrado da Faculdade Cásper Líbero,
ativista do software livre.

João Carlos Rebello Caribé, Publicitário e Consultor de Negócios em Midias
Sociais Sincerely,

Acesso o Link para participar!

http://www.petitiononline.com/veto2008/petition-sign.html

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