É o que eu sempre digo: a tragédia da esquerda brasileira é ser de direita.

C.A.
A VITÓRIA DOS PELEGOS - LUCIA HIPPOLITO. 
A vitória dos pelegos
Lucia Hippolito - 22.8.2009
O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, 
a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base.
Os orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, 
que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira.
Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT. Foi um dos 
únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general 
Golbery.
Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e 
cariocas, felizes de poder participar do crescimento de um partido puro, 
nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava 
do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizi a que não 
queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não 
fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma 
gente pura, ética, que não se misturava com picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando 
com o mundo adulto.
Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de 
alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar 
com empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo muito chique, conforme o figurino.
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da 
República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades 
problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, 
como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou 
do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Júnior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloísa Helena em 2004 levou 
junto Luciana Genro e Chico Al encar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados à Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro 
aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flavio Arns, de fortíssimas ligações 
familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento 
da senadora Marina Silva do partido.
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT?
Os sindicalistas.
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de 
antes de 64.
Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e 
nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado.
Cavando benefícios para os seus.
Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque 
está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. 
Além do governo federal, naturalmente.
É o triunfo da pelegada.

http://celprpaul.blogspot.com/2009/08/vitoria-dos-pelegos-lucia-hippolito.html

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