No caso do Brasil os mentirosos são profissionais altamente especializados. 
Vide Lulla e Dilma Que Deus a Tenha(¹)

(¹) By Antônio Kleber.

C.A.
     
      8/10/2009
     
      O País de falsas verdades
     
      Editorial
     
     
            Não sejamos cínicos! Negar que contar umas mentirinhas faça parte 
da vida seria a maior mentira de todas. O mentiroso amador é aquele que bate no 
peito e diz que só fala a verdade. Uma categoria mais profissional é a daqueles 
que sabem contextualizar a falsidade com um singelo "não sei mentir". 

            O problema é que no âmbito das políticas públicas, por mais que se 
esconda sujeira embaixo do tapete, as verdades acabam se revelando de forma, 
normalmente escandalosa. Um caso típico é a gripe suína. As ações preventivas 
do ministério da saúde se limitaram a propagandas que, inicialmente 
tranquilizaram a população, ressaltando a inexistência de riscos. 

            Depois das primeiras centenas de mortes confirmadas pela doença, 
começou a moda do álcool gel, das máscaras e outras miçangas de pouca eficácia. 
O retro-viral para curar a doença só poderia ser receitado por médicos da rede 
pública, após os trâmites burocráticos de confirmação do diagnóstico do 
paciente, quando, muitas vezes, já era tarde demais para salvar a vida do 
adoentado. 

            No final das contas, o resultado: de acordo com dados do final de 
setembro, o número de mortos no Brasil em função da gripe suína já havia 
ultrapassado a casa dos 900, colocando nosso país na liderança do ranking 
mundial de óbitos por causa dessa doença. 

            A solução para o problema foi simples: o assunto simplesmente foi 
banido na grande mídia, aparentemente deixando de existir. Na rua se fala, 
então, que a situação está melhorando. Entretanto, catando informações pela 
Internet se descobre casos de mortes nessa semana nos estados da região sul, 
Rio de Janeiro e outras várias localidades do país. 

            O mais intrigante é que essa maneira de o poder público lidar com 
seus problemas não é algo circunstancial. Isso já faz parte do dia-a-dia da 
vida brasileira, vindo à tona de vez em quando. 

            E aproveitando a ocasião, vale a pena dar uma olhada nos dados 
divulgados pela pesquisa do IDH (índice de desenvolvimento humano), de autoria 
do PNUD. 

            Os jornais destacaram que o Brasil permaneceu na 75ª posição em 
2007, dentro de um ranking que envolve 182 países. Ou seja, nossa posição é 
claramente intermediária entre a miséria absoluta e a riqueza. Países que nos 
fazem sentir dó, como Peru e Equador, estão em situação similar a brasileira. 

            Os argentinos, mesmo com todos os problemas internos, apresentam um 
desenvolvimento humano 6,5% superior ao nosso. E não adianta a seleção do Dunga 
dar uma surra no time do Maradona. O desenvolvimento humano no país vizinho é 
melhor e fim de papo. 

            Mas vamos pensar a questão sob outro ângulo. Nenhum país é culpado 
por ser miserável. Por outro lado, é inegável a culpa das nações resistentes a 
evolução. 

            E nesse âmbito, olha só que dado interessante: no decorrer desta 
década, o IDH do Brasil evoluiu 2,9%, enquanto a melhoria da média mundial 
ficou em 5,7%. Somos um país de terceiro mundo que evolui ao ritmo de nações 
com quase todos os problemas sócio-econômicos resolvidos, como Itália, Espanha 
e outros de alta renda. 

            Os dados determinantes para o avanço tão medíocre: a renda per 
capita do brasileiro cresceu 14% no decorrer da presente década, enquanto a 
mundial (média linear) avançou 26,5%, ou seja, quase o dobro; o índice global 
de expectativa de vida aumentou 4,7%, enquanto nosso país ficou abaixo da 
média, com 4,4% (junto com o Senegal). 

            Mas o pior ficou para o índice educacional: o Brasil registrou 
evolução de apenas 1,65% frente a 8% da média mundial. E nesse campo, mais uma 
bomba que reflete a falta de seriedade dos serviços públicos: o Brasil é o 100º 
país do ranking de alfabetização. 

            Ou seja, o nosso grandioso país, afora alguns anos de boas 
exportações do agronegócio, mostra pouca capacidade de enriquecer, sequer 
dentro dos padrões mundiais. Além disso, fica evidente que arrecadar tanto e 
gastar apenas 22% do orçamento em saúde e educação (dados de 2007) é 
simplesmente fazer nossa sociedade se perpetuar no passado. 

            Seria compreensível que uma nação com território desértico, ou em 
conflitos freqüentes tivesse dificuldade para gerenciar um ritmo razoável de 
desenvolvimento. Mas certamente esse não é o caso de Brasil. 

            Ou melhor, é sim. Mas o clima desértico e os conflitos estão na 
cabeça da maioria de nossos administradores públicos. 

            Sob a areia daqueles cérebros estão engavetadas providências 
fundamentais para a base de crescimento do país. E a mesma massa encefálica 
prioriza estratégias de destruir a obra dos oponentes, ou esconder o que não 
foi feito. 

            E assim vamos levando a vida. Os jornais destacaram que o 
desenvolvimento humano brasileiro melhorou. Fazer o que? Vivemos em um país 
onde a verdade é apenas uma conveniência. 
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            Economista Eduardo S. Starosta 
            eduardostaro...@uol.com.br
           
              
            Revista Digital PóloRS - Eduardo S. Starosta

             
http://www.intelog.net/site/default.asp?TroncoID=907492&SecaoID=508074&SubsecaoID=091451&Template=../artigosnoticias/user_exibir.asp&ID=306472
           
     

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