Colegas Agrisustentáveis,

Não sou acionista de nenhuma "Gigante" da alimentação e nem tenho vínculo com nenhuma delas além de ser um reles consumidor, porém, lendo o comentário abaixo, me vem algumas perguntas:

1) Será que elas também não podem produzir esse tipo de alimento?

2) A produção de gêneros orgânicos está reservada somente para alguns poucos privilegiados?

3) Porque esse preconceito uma vez que esses produtos serão certificados?

4) Quanto mais empresas (mesmo essas gigantes) produzindo orgânico melhor, n'est ce pas?

The world turn-on.

The spirit change.

The “giants” change too.

We need be happy.

SDS.,

Alexandre Franco

www.seiaa-ambiental.com



Alexandre <[EMAIL PROTECTED]> escreveu:

Gigantes da alimentação espreitam produtos naturais que fazem lembrar
tudo que elas não são. O "mercado orgânico" entra na mira das corporações

Adriana Linz

Na Biofach 2005, em Nuremberg, Alemanha, conhecida como a maior feira de
produtos orgânicos do mundo, não havia banquinhas ou lanchonetes
vendendo sanduíches orgânicos. Trata-se de uma falha temporária, é
claro. Ronald McDonalds, o sorridente palhaço, funcionário do
competitivo Mc Donalds, não deve tardar em agradar ao chefe, lançando
sua linha de Bic Macs orgânicos. Seria mais uma demão de tinta verde
para a imagem da maior cadeia de lanchonetes do mundo. A idéia soa como
absurda mais está cada vez mais próxima da realidade. O que se viu na
Biofach 2005 foi que as grandes corporações estão aproximando-se
rapidamente do "mercado orgânico", e isso significa que esses produtos
ta! lvez ainda sejam "ecologicamente corretos", mas já deixaram de ser
sinônimo de justiça social e de estímulo ao pequeno produtor.

Desde 2003, o McDonalds oferece, em alguns países europeus, itens
certificados como orgânicos em seu cardápio (leite, por exemplo). Dois
hambúrgueres (orgânicos), alface (orgânico), queijo (orgânico), molho
especial (orgânico) em um pão (orgânico) coberto com gergilim
(orgânico): seriam a receita para um Big Mac orgânico. Nesse jogo
comensal todos têm a ganhar: crianças felizes com seus sanduíches, pais
satisfeitos com a alimentação saudável de seus filhos, a humanidade
protegendo o planeta (graças à amiga tecnologia orgânica) e, enfim, as
certificadoras orgânicas - lucrando muito também.

A alma do negócio

Como foi muito bem lembrado por um dos expositores da Biofach, a
propaganda é fundamental. Embalagens verdes, feitas de papel reciclado -
com a sigla WWF, a ONG ambiental que mais gosta de prestar s! erviço às
corporações - e fotos de crianças felizes e saudáveis, brincando em
harmonia com a natureza e com o palhaço Ronald, certamente poderão
render uma bela peça publicitária. Afinal, segundo esse mesmo expositor,
a propaganda tem que ser apelativa para lembrar aos consumidores o
porque dos preços mais altos dos orgânicos: "custa caro proteger o
planeta". Na mesma explanação, o expositor exibia em sua palestra as
fotos (apelativas) que servem de propaganda para a venda dos produtos
organicos da grande corporacao para a qual trabalha.

A BioFach do futuro – a dos Big Macs orgânicos – caminha para ser
composta por estandes de grandes corporações, com um ou outro pequenos
produtor no cenário – afinal, isso dá um charme especial à feira e
reforça a crença de que a produção orgânica é socialmente inclusiva.
Talvez isso não tarde a acontecer, basta olhar para a produção orgânica
do continente europeu, monopolizada por grandes grupos e defen! dida com
força por um exército de barreiras tarifárias que impedem os pequenos (e
mesmo os grandes) produtores do Terceiro Mundo de terem as mesmas
chances no mercado. Mercado injusto foi uma das pedras que gerou
mal-estar nas discussões sobre o desenvolvimento da produção orgânica
nos países subdesenvolvidos.

E muitas foram as pedras nas discussões. Rapidamente os temas eram
classificados como "impróprios para o momento". Críticas não parecem ser
muito bem-vindas em uma feira que vende o sonho de um mundo sustentável.
Claro que este fato não foi percebido por muitos dos presentes nem
tampouco a cobertura pouco crítica da mídia mundial que reforcou a idéia
de que tudo está muito bem no mundo orgânico, vendendo em páginas de
jornais a esperança para um futuro melhor (um mundo orgânico).

O circo chega ao Brasil

No estande do Brasil, por exemplo, muita caipirinha e comida alimentaram
a animação de pequenos, médios e grandes pro! dutores orgânicos, que veêm
com grande otimismo o fato do Brasil ter sido o primeiro país
subdesenvolvido a ser condecorado como "país tema da Biofach". A feira
chega ao país em novembro deste ano, sob o nome BioFach América Latina,
em um grande evento no Hotel Glória, no Rio de Janeiro.

Trata-se de um reconhecimento importante, sem dúvida, mas que não
resolve problemas cotidianos. A pergunta "Como a produção orgânica pode
ser utilizada para beneficiar o pequeno produtor do meio rural
brasileiro?" continua esquecida – apesar do governo brasileiro apoiar
oficialmente políticas para pequenos produtores. Outra pergunta
importante: "Porque a producao organica está se distanciando de sua meta
original, que também pleiteava a inclusão social?"

Na feira alemã, os pequenos produtores brasileiros - que este ano
puderam viajar até Nuremberg graças a apoio governamental - se queixavam
dos altos preços cobrados pelas certificadoras e das barreiras
tarifárias, grandes produtores falavam sobre a inviabilidade econômica
da produção orgânica em pequena escala e também se queixavam das
barreiras tarifárias. O estande do governo exibia sua política de
incentivo ao orgânico em folders bilíngues e bem elaborados, exaltando a
importância da produção familiar. Ao mesmo tempo, pequenos produtores
comentavam (nos bastidores) a fragilidade do sistema.

Quem certifica os certificadores?

As contradições da produção orgânica nos dias atuais não se restingem à
questão econômica e social. Elas são também ambientais.. Muitas das
normas decididas pelas certificadoras, dão margem a questionamentos. O
caro processo de certificação é baseado em normas que, segundo
funcionários das próprias certificadoras, podem ser definidas da noite
para o dia, sem nenhum rigor nos critérios. Isso significa que os
consumidores pagam mais por produtos que acreditam estarem sendo
controlados pelas certificadoras – que, por sua vez, são muito bem pagas
pelos próprios produtores orgânicos.

Propaganda enganosa? Talvez…Mas não há nada mais irritante para um
organic businessman do que uma discussão sobre esse assunto. Em
Nuremberg, uma ativista ambiental foi ridicularizada e ignorada pelos
componentes de uma mesa redonda sobre aquicultura orgânica quando tentou
abordar o tema.

A feira de Nuremberg mostrou que a produção orgânica pode ser
sustentável do ponto de vista econômico e ambiental. Infelizmente, os
debates sobre sustentabilidade social foram fracos e pouco importantes.
O que poderia ser uma ferramenta de emancipação dos pequenos produtores
rurais, sobretudo os do Terceiro Mundo, pode tomar caminhos inversos. A
apropriação do conhecimento do pequeno produtor rural pelas grandes
empresas o afasta de um mercado criado para ser seu. (ou "um mercado que
deveria ser seu? O mercado nao foi criado para os pequenos produtores,
muito pelo contrario)

Os sanduíches orgânicos, que carregam em cada mordida o peso da
ideologia da sustentabilidade, não são imunes às disputas neoliberais.
No meio de tanta contradicao, só resta ao consumidor orgânico pagar mais
(para diminuir sua culpa de destruidor do planeta), torcer pela
honestidade das certificadoras e se orgulhar de ser um cidadão parecido
com o das propagandas orgânicas: de bem com o mundo (e agora com o
palhaco Ronald também).

Estiveram presentes com estandes desde a francesa Danone, vendendo sua
água Danone Waters, até as brasileiras Votorantim e Agropalma – esta
última a maior produtora de óleo da América Latina.





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