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>Assunto: En: DILUVIO
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>>Depois do petroleo, o diluvio.
>>Em meados de agosto, quando o Real ja havia comecado a despencar
>>outra  vez, um grande banco  internacional, o ING Barings, divulgou
>>relatorio  aconselhando seus clientes investidores a vender os
>>titulos do governo e  empresas brasileiras. Motivo: o risco de
>>"calote", ja que a divida do Tesouro passa dos 400 bilhoes de reais
>>e, como os juros  aqui  dentro estao  (estavam) na casa dos 22 por
>>cento, isso significa uma  carga  de juros de uns 90 a 100 bilhoes
>>de reais por ano. Ou,  arredondando,  uns 10 bilhoes de  reais por
>>mes. Impossivel pagar. Tudo o que o governo faz e emitir
>>"papagaios" novos,  isto e, apenas aumenta a divida. Explosivamente.
>>A iniciativa "agressiva" do Barings  -  escondida pela imprensa
>>patria, como sempre - apenas  tornou publica  a desconfianca que
>>os banqueiros internacionais continuaram a alimentar em relacao ao
>>Brasil. Desmentindo totalmente  a  famosa  "reconquista da
>>credibilidade internacional" alardeada pelo governo e seus
>>porta-vozes, no  primeiro semestre do ano os  bancos internacionais
>>emprestaram apenas 3,5 bilhoes de dolares a empresas brasileiras
>>(isto e, as nacionais e tambem  as multinacionais). Ou, atencao,
>>cinco vezes  menos  os 17,5 bilhoes de dolares concedidos em igual
>>   periodo de  1998.  Esses dados  e  fatos ressuscitam a pergunta:
>>por   que o FMI  e  Clinton insistem  em  ser tolerantes com o Brasil,
>>mantendo  politicas de apoio ao  pais,  mesmo quando  e  evidente
>>que  a  situacao economica continua  em   franca deterioracao e sem
>>possibilidade de reversao (ninguem  consegue  pagar juros de 10
>>bilhoes de reais por mes) ?
>>
>>A unica resposta possivel continua a mesma,  a  saber: FMI e
>>EUA estao apenas esticando a corda do governo FHC, tentando adiar o
>>  ponto de ruptura que fortaleceria a oposicao, com  um  objetivo  -
>>  conseguir que, antes do diluvio, novas privatizacoes sejam feitas.
>>Ou, mais precisamente, que haja novas  desnacionalizacoes nos
>> setores  de exploracao do petroleo e geracao de  energia eletrica
>>(atencao, repetindo: o governo dos  EUA nao  vendeu suas  empresas
>>de  energia eletrica, ao contrario do que se pensa).
>>Para quem torce  o  nariz  a  essa  hipotese, classificando-a  de
>>demasiado fantasiosa: o governo  FHC, como  quem nao  quer  nada,
>>ja  anunciou  uma  nova  rodada  de  leiloes  para "vender"  as
>>areas  do territorio nacional em que a Petrobras descobriu jazidas
>>fabulosas  -  e inclui tambem os campos  de  petroleo submarinos,
>>o   que  nao  estava previsto. Vergonha vergonhosa.
>>
>>O  brasileiro  tem  vergonha  de  parecer  ufanista, na base do
>>por-que-me-orgulho-do-meu-pais. Talvez por isso o brasileiro nao
>> tenha  colocado na cabeca ate hoje que o Brasil possui  realmente
>>os campos de petroleo mais fantasticos do mundo. Parece vergonhoso
>>pela Petrobras em fase de exploracao e que tem pocos capazes de produzir
>>10.000  barris por dia.  Cada poco. E um numero fantastico, sim, e um
>>recorde mundial,  sim,
>>e que somente encontra concorrentes, com pocos capazes de produzir
>>7.000, 8.000 barris por dia, no Ira, Kuwait, Iraque... O que
>>significam 10.000 barris por dia? A 20 dolares o barril, isso
>>significa  o  faturamento de 200.000 dolares, em um unico poco. Em
>>um dia. Ou 6 milhoes de dolares por mes. Ou 70 milhoes de dolares
>>no ano. Por poco. Uma das jazidas da Petrobras na bacia  de Campos,
>>Estado do Rio, tem 25 Pocos faturados em cada  poco, eles rendem
>>1,75 bilhao (bilhao, com a letra "b") por  ano. Ou, para
>>arredondar ,2  bilhoes de dolares por ano. Ou, ainda, o equivalente a 4
>>bilhoes
>>de reais  por ano. Respire fundo, agora: sao esses campos  de
>>petroleo absolutamente fantasticos, os mais produtivos do  mundo,
>>que o governo FHC ja  comecou a doar as multinacionais, com a ajuda
>>da imprensa. No primeiro leilao, realizado ha poucas semanas, o
>>presidente da David Zylbersteyn, teve  a barbara coragem (ou outro
>>nome qualquer) de pedir um "preco  simbolico" de 50.000  a 150.000
>>e "mil" com  a  letra  "m",  mesmo)  reais as "compradoras" dessas
>>areas. O governo usou uma desculpa para  tentar justificar esses
>>precos sordidos: o mercado  mundial  estaria em  baixa, com
>>super oferta  de petroleo. Acontece que desde janeiro os precos do
>>petroleo duplicaram - d-u-p-l-i-c-a-r-a-m de 10 para 20 dolares o
>>barril. Ao longo de meses essa informacao foi ignorada pela grande
>>imprensa (faca voce mesmo um teste, com seus amigos  e familia:
>>verifique quantos ficaram sabendo dessa duplicacao). A verdade foi
>>escondida para que a sociedade nao discutisse os precos pedidos
>>pelo  governo - ou o que  seria  mais importante  ainda, discutisse a
>>propria politica de privatizacao do petroleo nacional.     Mais
>>claramente: se as jazidas sao as mais fantasticas do mundo, se os
>>lucros que elas vao proporcionar sao  fabulosos, por que o  governo
>>FHC nao vende acoes da Petrobras a milhoes de brasileiros,
>> juntando-se dinheiro para acelerar as exploracoes e gerar empregos?
>>Os EUA e o FMI nao deixam?
>>
>>Ah, sim: no primeiro leilao, algumas jazidas  foram compradas
>>por 150 milhoes, isto e, mil vezes o preco de 50.000 pedido pelo
>>governo.  A imprensa apresentou  esse  resultado  como  algo
>>fantastico.  Nao e. Continua a ser ninharia. Esmola para povo
>>indio. Basta  ver  que  esses campos petroliferos podem faturar 2
>>bilhoes de dolares, ou 4 bilhoes de reais, por ano. Em um ano.
>> Contra 150 milhoes de reais. Uma unica  vez.
>>As oposicoes precisam mobilizar a sociedade brasileira contra o
>>novo assalto ao petroleo nacional programado pelo governo FHC,
>>Clinton, FMI.
>>Os numeros, escandalosamente anunciadores, estao ai.
>>
>>PS: O presidente FHC diz que a economia esta estavel, o IBGE diz
>>que o PIB esta estavel... A industria paulista ja havia recuado 7 por
>>cento no 1o  semestre, e desabou 15 por cento em julho na
>>comparacao com 1998. Setores com maior queda? Telecomunicacoes e
>>equipamentos para energia eletrica.
>>Isto e, as multinacionais "compradoras" das antigas estatais
>>continuam a importar tudo. Desempregam,  aqui  dentro.  E continuam
>>a torrar dolares, afundando ainda  mais  o  Brasil.  A
>>desnacionalizacao levou o Brasil de volta ao  passado. Voltou  a
>>ser  uma  republiqueta dependente. Ou colonia?
>>
>>
>>Aloysio Biondi
>>jornalista.
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