An interesting article on the relationships between politics and economics in
the age of globalism. This terminal phase of imperialism tends to rub the
differences between political necessity and economic necessity. The article
quotes Colin Powell, who is quoted as declaring, in a manner resembling that of
the early 20th Century imperialists, that "já não é mais possível
estabelecer distinções entre a diplomacia internacional e a diplomacia
econômica e comercial" (it is not possible to establish a distinction between
international diplomacy and economic and commercial diplomacy any more).

The article is in Portuguese, and was written by Max Altman. Maybe someone can
trace the original on the Web for the sake of English speakers?
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Subject:                [listageografia] Geoeconomia, o novo nome da geopolítica

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Gostaria de socializar este artigo bastante interessante com os companheiros.

Marcos





Geoeconomia, o novo
nome da geopolítica



      Por Max Altman


O novo secretário de Estado americano do governo Bush, general Colin Powell,
ex-comandante do estado maior das tropas aliadas na Guerra do Golfo em 1990,
declarou em recente entrevista ao The New York Times que já não é mais possível
estabelecer distinções entre a diplomacia internacional e a diplomacia
econômica
e comercial, tendo deixado patente que o Departamento de Estado "está muito,
muito envolvido nestas questões". Historicamente, era o Departamento de Estado
que elaborava a doutrina da política externa fundada na correlação
internacional
de forças, inclusive militares. Este era o campo em que se exercitava a
geopolítica. É sabido, por outro lado, que o novo secretário do Comércio,
Donald
Evans, que comandou a campanha eleitoral de George W. Bush e é o membro do
gabinete pessoalmente mais próximo do presidente, tem particular interesse em
formular a estratégia de comércio exterior. Dá-se como certo que os
beneficiários potenciais dessa estratégia são os grandes empresários
americanos,
cujos interesses Evans representa no governo. Fácil deduzir que a política
externa dos Estados Unidos será ditada pelos enormes conglomerados industriais
e
financeiros.

Não bastasse isso, o presidente Bush nomeia seu Representante de Comércio dos
Estados Unidos (USTR), com nível de ministro, o advogado Robert B. Zoellick, um
dos mais experientes operadores políticos de Washington, veterano conselheiro
das administrações republicanas para assuntos de comércio e acérrimo defensor
da
ALCA (Área de Livre Comércio das Américas). Ao nomeá-lo, Bush afirmou que "o
sucesso da nossa economia depende de uma política comercial confiante e
afirmativa. Abrir novos mercados para produtos plantados e fabricados na
América
será um dos nossos principais objetivos." Zoellick agradeceu a nomeação dizendo
que "o livre comércio é importante para a nossa economia, mas é importante
também para nossos outros interesses e valores no mundo e eu sempre acreditei
que a abertura significa o triunfo da América, pois nos faz mais fortes como
povo e nos torna uma nação mais dinâmica".

A estréia do presidente Bush em política externa se dará exatamente na 3.a
Cúpula das Américas, com a presença de todos os países americanos, salvo Cuba,
que terá lugar em abril, no Canadá. Sua ida confirma o grau de prioridade que o
novo líder americano prometeu dar aos assuntos hemisféricos, logo após Colin
Powell ter soprado aos seus ouvidos que "a Colômbia é a maior preocupação"
desta
administração recém-inaugurada.

Não bastasse a pitada de preocupação geopolítica de Powell, Bush viajará com
sua
pasta recheada de argumentos geoeconômicos. Em 24 de dezembro, Zoellick
escreveu
um artigo para o Estado de S.Paulo avaliando as futuras relações entre os
Estados Unidos e a América Latina: "O tema Américas fala de perto ao coração do
presidente. No século 21, os Estados Unidos vão progredir ou regredir com os
nossos vizinhos de hemisfério e existe uma lógica econômica poderosa por trás
dessa conclusão: a América Latina compra quase 21% das exportações dos Estados
Unidos, cerca de 17% mais do que há cinco anos; as exportações (americanas)
para
a América Latina aumentaram mais de 50% desde 1994, num ritmo duas vezes mais
rápido do que as vendas para países de fora do hemisfério; algumas projeções
indicam que os números do comércio e dos investimentos norte-americanos no
hemisfério superarão os da Europa e Japão em 2010".

No contexto da guerra fria, os Estados Unidos, através do Plano Marshall,
derramaram bilhões de dólares para reconstruir a seu talante a Europa,
relegando
a simples retórica a política de boa-vizinhança com seus aliados
latino-americanos. O combate ao comunismo tornou-se gradualmente obsessão da
política dos EUA para a América Latina. A revolução cubana e sua posterior
associação com a União Soviética, os movimentos armados de libertação nacional
que se originavam por toda parte nesta região, reforçaram o medo de que o
comunismo iria entrar pela porta dos fundos, o que fez crescer a doutrina
americana de compromisso com a repressão política e com as ditaduras militares
do continente, pacto que se estendeu até a administração Reagan.

Agora, passados 10 anos da queda do Muro e da débâcle do sistema soviético, e
sem a ameaça do comunismo, os Estados Unidos abrem espaço a interesses
comerciais que se confundem com os interesses das grandes corporações, para
consolidarem sua hegemonia e se firmarem como a única superpotência global,
dispensando, eventualmente, a velha dominação territorial, baseando-se
fundamentalmente no poder econômico e cultural.

Nessa mesma perspectiva história e nesse lapso de tempo, o que restou para o
conjunto dos países latino-americanos, que se curvaram ao deus 'mercado livre'
e
cumpriram obedientemente as diretrizes do Consenso de Washington? Imensas
dívidas impagáveis, degradação do nível de vida de seus povos, desemprego,
concentração de renda, índices sociais humilhantes, drogas e criminalidade.

E a perspectiva futura, num mercado livre absoluto das Américas, em que o país
que detém a hegemonia concentra seis vezes mais riqueza do que todos os demais
países somados? Com toda probabilidade, não será melhor do que esta década
mostrou. Certamente, nós, os sócios menores dessa associação, amargaremos mais
crises e mais dificuldades. Fernando Henrique tenta resistir com o Mercosul,
alegando que muitas empresas do cone sul não estão preparadas ainda para a
competição. Mas, numa das paradas de sua vilegiatura pela Ásia, sucumbe, ao
afirmar que mais ano, menos ano, a Alca se tornará inevitável.

Alegou-se há pouco que, com a implantação da globalização neoliberal, a
história
tinha chegado ao fim. Não chegou. A Alca representará o fim das fronteiras
comerciais, ou os países prejudicados por esta associação saberão lutar por
trocas mercantis justas e equilibradas em benefício de suas economias e de seus
povos?

Max Altman é jornalista




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