Caro Walter, eu disse que o referido livro "parecia" excepcional, mas só
poderia dar um parecer mais categórico se eu o tivesse lido, o que não
poderia fazer em um dia, naturalmente, pois conheci só ontem a existência
deste livro. Tampouco endosso o parecer do colega Júlio; eu só poderia
saber, em uma direção ou outra, após um cuidadoso exame. Falei apenas de uma
impressão, não de um parecer mais definitivo.
O que eu achei muito interessante no mesmo é que o autor, em sua introdução,
fala da possibilidade de, pela abordagem matemática adequada, conhecer
intimamente detalhes da criação do universo e outros da natureza essencial
de toda existência, e que ele também sugere a existência de algo que
transcende os universos existentes, tudo pelo método matemático.
Isto parece paralelo à proposta de Pitágoras, que acreditava no uso da
Matemática para obter respostas íntimas da natureza de tudo quanto há.
O que talvez seja excepcional neste livro não é necessariamente a matemática
em si do mesmo, mas as relações que o autor dá com importantes questões
metafísicas.
Quanto aos métodos estatísticos, citados pelo colega Júlio, os quais ele
disse que Spencer Brown os critica, o que ele usa para invalidar o seu
trabalho, dada a credibilidade da Estatística em si, os mesmos parecem-me
bem válidos e pertinentes neste plano de existência em que vivemos, mas não
necessariamente em outras dimensões, se as mesmas existirem, em níveis
vibratórios mais altos, ou mesmo em condições de existência que transcendem
ao espaço e tempo, relacionadas à "pré-forma" da forma, citadas por David
Bohm, um físico quântico falecido em 1992. Ele dizia, em minhas palavras,
que, nesta "pré-forma", há um aparente Nada, mas que conteria toda a
informação necessária para a criação de um novo universo.
Neste sentido, tenho ouvido falar de diversas experiências que pretendem
desmerecer a Homeopatia, já feitas de antemão com este propósito, que também
usam métodos estatísticos, mas as mesmas não conseguem evitar que ela
funcione de fato, se for bem aplicada, como eu comprovei em mim próprio
diversas vezes, e como uma ampla clientela deste modalidade de Medicina têm
comprovado em séculos de sua existência.
A Estatística é bem válida, mas não é uma verdade absoluta, como talvez
praticamente nada seja. Tudo que é considerado verdade só o é em um
determinado contexto, como a ciência da Lógica descreve tão bem.

Um abraço,
Arthur Buchsbaum

-----Mensagem original-----
De: logica-l-boun...@dimap.ufrn.br [mailto:logica-l-boun...@dimap.ufrn.br]
Em nome de Walter Carnielli
Enviada em: terça-feira, 29 de dezembro de 2009 22:13
Para: Julio Stern; logica-l@dimap.ufrn.br
Assunto: Re: [Logica-l] Laws of Form, por G. Spencer Brown

Ola Arthur,

o Bertrand Russell  também se enganou... disse que era "fantástico",
mas depois viu-se que nada mais era que uma Boolean algebra
interessante, dado qiue  definia internamente  os valores-verdade, mas
 nada  mais que isso...

Um abraço,

Walter

2009/12/29 Julio Stern <jmst...@hotmail.com>:
>
> Caro Arthur:
>
> Este livro eu o conheco bem.
> Acho a forma com que o Spebcer-Brown
> re-escreve a logica, ... interessante.
>
> Em relacao a forma original do S.B.,
> e correlatos mais ou menos proximos:
>
> -Acho a forma ou representacao grafica
> do c.S.Peirce essencialmente equivalente
> e muito mais interessante.
>
> -O Walter Carnielli re-contou este conto uma
> vez mais , em um contexto muito mais geral,
> usando seus bem-amados polinomios.
>
> -Os Surreal Numbers do Knuth sao (na minha
> pouco douta opiniao) tambem parecidos
> (ate que ponto?), e muito mais legais.
>
> Mas agora, vou jogar um pouco de
> AGUA FRIA na fervura. Para mim:
>
> 1- O Laws of Form do Spencer-Brown
> eh o livro mais over-rated da historia.
>
> 2- Poucos pessoas sabem que esta eh a
> brilhante conclusao a que o S.B. chegou
> <<para poder desqualificar toda a teoria
> de Probabilidade e Analise Estatistica.>>
>
> Esclarecendo o ponto numero 2:
> S.B. trabalhava com experimentos de telepatia,
> e estava puto da vida pois todas as analises
> estatisticos concluiam pela NAO significancia
> (validade estatistica) de seus experimentos.
>
> Todavia, o S.B. VIA (enchergava) que era sempre
> possivel DISTINGUIR (a posteriori) dentro dos dados,:
> -Algumas sub-sequencias com alta frequencia de acertos, e
> -Algumas sub-sequencias com alta frequencia de erros.
> Apos fazer estas distincoes, ele podia (?) concluir
> que a madame Zoraida de plantao era otima!
> Este tipo de analise schama-se em estatistica:
>
>  "ex post facto fishing expeditions'' for interesting outcomes,
>  or "post hoc sub-group analyses" in experimental data banks
>
> Como  deve dar para adivinhar, este tipo de analise
> eh um fantastico gerador de besteirol.
>
> Pois eh, antes de muito louvar o S.B. acho melhor ler sua obra
> por inteiro, e ver de onde ele veio, e aonde queria chegar com
> seu livretinho, The Laws of Form.
>
> ---Julio (Stern)
>
> PS: Referencias necessarias, embora propositalmente
> enterradas e ja quase esquecidas, a nao ser por
> chatos como eu:
>
>  Segue-se uma lista de obras do Spencer Brown,
> concluindo pela NAO aplicabilidade (desqualificacao) da
> analise estatatistica e teoria da probabilidade para analise
> de fenomenos para-normais, telepatia em particular:
>  Atencao <Perigo>: A ultima obra da sequencia eh uma
> continuacao argumentativa das primeiras, e
> NAO deve ser lida isoladamente!
>
>  \r G.Spencer-Brown (1953a). Statistical Significance in Psychical
>  Research. {\it Nature,} 172, 154-156.
>
>  \r Spencer-Brown (1953b). Answer to Soal et al. (1953).
>   {\it Nature,} 172, 594-595.
>
>  \r G.Spencer-Brown (1957). {\it Probability and Scientific Inference.}
>   London: Longmans Green.
>
>  \r G.Spencer-Brown (1969). {\it Laws of Form.} Allen and Unwin.
>
>
>  Criticas a analise original de Spencer-Brown:
>
>   \r A.Flew (1959). Probability and Statistical Inference by
>  G.Spencer-Brown (review). {\it The Philosophical Quarterly,}
>  9, 37, 380-381.
>
>  \r R.Falk, C.Konold (1997). Making Sense of Randomness:
>  Implicit Encoding as a Basis for Judgment.
>  {\it Psychological Review,} 104, 2, 301-318.
>
>  \r R.Falk, C.Konold (2005). Subjective Randomness.
>  {\it Encyclopedia of Statistical Sciences,} 13, 8397-8403.
>
>  \r I.J.Good (1958). Probability and Statistical Inference by
>  G.Spencer-Brown (review). {\it The British Journal for the
>  Philosophy of Science,} 9, 35, 251-255.
>
>  \r C.W.K.Mundle (1959). Probability and Statistical Inference by
>  G.Spencer-Brown (review). {\it Philosophy,} 34, 129, 150-154.
>
>  \r C.Scott (1958). G.Spencer-Brown and Probability: A Critique.
>  {\it J.Soc. Psychical Research,} 39, 217-234.
>
>  \r J.M.Stern (2009). C.S.Peirce and Spencer-Brown on
>  Probability and Statistics: Parallel but opposite paths.
>  (no forno, procurando uma revista que publique uma
>   maluquice destas :-)
>
>
> ________________________________
> From: arthu...@gmail.com
> To: abilio.rodrig...@gmail.com; adolfo....@gmail.com;
> afbcostale...@gmail.com; alvaroalt...@gmail.com; a...@lia.ufc.br;
> alopa...@gmail.com; aracele.gar...@gmail.com; gonza...@gmail.com;
> georgi...@gmail.com; clodomirn...@gmail.com; dura...@ufrnet.br;
> deciokra...@gmail.com; didimo.geo...@uol.com.br; edu1goul...@hotmail.com;
> elmg...@yahoo.com.br; famado...@gmail.com; guiwyl...@hotmail.com;
> jean-yves.bez...@unine.ch; nu...@facom.ufu.br; julceubianch...@gmail.com;
> juliana.bu...@cle.unicamp.br; jmst...@hotmail.com;
> marcelino.pequ...@gmail.com; mfin...@ime.usp.br; marciopalma...@gmail.com;
> ma...@cos.ufrj.br; mateusm...@yahoo.com.br; sp...@yahoo.com.br;
> qman...@hotmail.com; regi...@dimap.ufrn.br; mendesro...@gmail.com;
> rica...@uol.com.br; rica...@cle.unicamp.br; rodolfo...@yahoo.com.br;
> samysoa...@gmail.com; tpequ...@secrel.com.br; ws...@uol.com.br;
> yurilu...@gmail.com
> Subject: Um livro excepcional: "Laws of Form", por G. Spencer Brown
> Date: Tue, 29 Dec 2009 09:36:17 -0200
>
> Pelo liame http://gigapedia.com/items:links?id=212524.
>
>
>
> Não é só um “destaque do dia”, mas parece um livro extraordinário, talvez
> uma daquelas joias que só encontramos uma vez na vida. Como parece-me um
> livro tão excepcional, tomarei a liberdade de enviá-lo aqui em anexo para
> todos vocês.
>
> Segue o início da introdução do livro, escrito pelo próprio autor.
>
>
>
> “The theme of this book is that a universe comes into being when a space
is
> severed or taken apart. The skin of a living organism cuts off an outside
> from an inside. So does the circumference of a circle in a plane. By
tracing
> the way we represent such a severance, we can begin to reconstruct, with
an
> accuracy and coverage that appear almost uncanny, the basic forms
underlying
> linguistic, mathematical, physical, and biological science, and can begin
to
> see how the familiar laws of our own experience follow inexorably from the
> original act of severance. The act is itself already remembered, even if
> unconsciously, as our first attempt to distinguish different things in a
> world where, in the first place, the boundaries can be drawn anywhere we
> please. At this stage the universe cannot be distinguished from how we act
> upon it, and the world may seem like shifting sand beneath our feet.
>
> Although all forms, and thus all universes, are possible, and any
particular
> form is mutable, it becomes evident that the laws relating such forms are
> the same in any universe. It is this sameness, the idea that we can find a
> reality which is independent of how the universe actually appears, that
> lends such fascination to the study of mathematics. That mathematics, in
> common with other art forms, can lead us beyond ordinary existence, and
can
> show us something of the structure in which all creation hangs together,
is
> no new idea. But mathematical texts generally begin the story somewhere in
> the middle, leaving the reader to pick up the thread as best he can. Here
> the story is traced from the beginning.”
>
>
>
>
>
> ________________________________
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-- 

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Walter Carnielli
Centre for Logic, Epistemology and the History of Science – CLE
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