Oi Daniel.

Como o Doria disse, a interação gravitacional não é instantânea e também tem
a velocidade da luz *c*; assim, se o Sol deixasse de existir (Deus me
livre!), ainda continuaríamos ter a nossa trajetória (da Terra) influenciada
por ele até o instante em que não recebessemos a própria luz que vem dele.

O grande desafio de Einstein, quando criou a Relatividade Restrita, foi
justamente incorporar o campo gravitacional nela, pois a interação entre
dois corpos não poderia ser instantânea; no caso de interação instantânea,
haveria até não conservação da energia (urg!).

Foi por isso que ele criou a Relatividade Geral, para incorporar a
gravitação na nova estrutura de Espaço-Tempo.

Quanto à equivalência entre a Terra girar ou o Universo girar em torno dela,
não é bem assim; basta ver que quando giramos algo surgem "forças"
centrífugas; assim, temos como diferenciar referenciais em rotação (com
essas "forças") e sem rotação (sem essas forças), eles não são equivalentes.

Abraços,
Ricardo.

Colegas,
>
> Estava eu tranquilamente preparando uma aula de teoria do conhecimento,
> lendo o capítulo 3 do "The Problems of Philosophy" do Russell, quando a
> seguinte dúvida avassaladora apossou-se de mim. Resolvi compartilha-la
> com vocês na esperança de que algum colega com mais conhecimento de
> Física (mecânica clássica) possa me ajudar a resolvê-la.
>
> QUESTÃO:
> Se o sol deixasse de existir instantaneamente, de um momento para o
> outro, eu suponho que, devido ao "campo gravitacional", a Terra seria
> imediatamente afetada . Ou seja, a força gravitacional é um tipo de ação
> à distância INSTANTÂNEA. A terra, então, imediatamente deixaria sua
> órbita e as forças gravitacionais de interação com os outros planetas e
> demais corpos celestes passariam a ser as únicas a guiar seu movimento
> no espaço. O sol, no entanto, fica a aproximadamente 8 minutos luz da
> terra. Então, por 8 minutos não haveria mais o sol e, no entanto,
> continuaríamos vendo o sol e sendo aquecidos pelo sol. Haveria, então,
> eu suponho, 8 minutos muito estranhos. A imagem do sol continuaria no
> céu, o calor do sol continuaria nos aquecendo, mas a terra estaria solta
> no espaço, pois o sol que ainda vemos e que ainda nos aquece não está
> mais lá. Bem, minha pergunta é a seguinte: há algum fenômeno perceptível
> associado à força gravitacional entre terra e sol? Haveria como
> sentirmos, ou ao menos medirmos (sentir através de instrumentos) que o
> sol não está mais lá, apesar de sua imagem e calor persistirem? Ou não
> há como sentirmos/medirmos a atração gravitacional sol-terra? Não sei se
> fui claro. Vou dar um exemplo. Nós aprendemos e aceitamos, desde
> Copérnico, que a terra gira em torno de seu eixo uma vez por dia e este
> é o movimento que explica os fenômenos perceptíveis e mensuráveis do
> "percurso" dos astros (sol, lua, planetas, estrelas) no mapa celeste.
> Mas a rotação da terra é apenas a explicação mais simples. Não há ponto
> fixo exterior com relação ao qual podemos determinar quem gira em torno
> de quem. Não há como MEDIR que é a terra que gira em seu eixo e não todo
> o resto que gira em torno da terra. Qualquer "medição" neste sentido é
> uma interpretação teórica de dados que não são logicamente incompatíveis
> com uma possível interpretação geocêntrica. Dizer quem gira em torno de
> quem é apenas uma questão de escolha teórica, não há fenômenos empíricos
> que nos forcem a aceitar uma teoria e rejeitar a outra. Bem, minha
> questão sobre a força gravitacional terra-sol vai neste sentido. Haveria
> algum efeito empiricamente verificável aqui na terra do sumiço do sol
> nos 8 minutos em que ele não estaria mais lá, apesar de sua imagem e
> calor continuarem nos atingindo? Ou a força gravitacional sol-terra é,
> tal como a rotação da terra, mais teoria do que fato?
>
> Bem, antes que alguém me ofenda :) , esclareço que meus conhecimentos de
> física não vão além do colegial e umas poucas disciplinas no curso de
> Engenharia de Computação. Então, por favor, corrijam meus eventuais
> erros infantis com paciência :) Também sei que deve ser fisicamente
> impossível simplesmente desintegrar o sol para ver o que acontece aqui
> na Terra, mas isso é uma "liberdade filosófica" a qual podemos nos
> permitir tendo em vista que seu interesse motivador é a teoria do
> conhecimento e não a física.
>
> Saudações,
> Daniel
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Dr. Ricardo Pereira Tassinari - Departamento de Filosofia
UNESP - Faculdade de Filosofia e Ciências - Marília
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