E só mais um detalhe: o professor Pullum não é simplesmente bem informado. É um dos maiores linguístas de sua geração e tem sua própria teoria que compete com a do professor Chomsy. Portanto, sempre cuidado com que um escreve do outro, porque a rivalidade é grande entre eles.
Em 18 de setembro de 2011 02:45, Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com> escreveu: > Dei uma vista de olhos e posso dizer o seguinte: > > Não é novidade que as primeiras obras de Chomsky são consideradas muito > fraquinhas. Na década de 1970, por exemplo, os chomskyanos já diziam isto. > > É mais fácil corrigir dados históricos de quem não conhece o que é > realmente consenso. Houve na década de 1950 uma reação favorável ao trabalho > de Chomsky. Mas, a chamada linguística chomskyana começa mesmo com “Aspects > of the Theory of Syntax”. > > Como assim, você vai perguntar? É porque as primeiras obras de Chomsky eram > muito pouco originais e representavam uma revolução para os estruturalistas. > Mas, não diziam nada que algum grande linguista da época já não dissesse. > Isto era possível porque naquela altura, o termo “estruturalismo” já não > correspondia ao que tinha sido historicamente e abarcava uma multidão de > vertentes muito diferentes entre si. > > A obra de 1965 é que traz mais inovações e rompe com o paradigma > estruturalista na sintaxe, assim como na fonologia “the Sound Pattern of > English”. As diferenças são muitas. Por exemplo, a fonologia de Chomsky não > tinha mais a noção de “fonema” e rejeitava acomodá-la. A sintaxe de Chomsky > admitia categorias não diretamente observáveis, algo que por influência de > Bloomfield se rejeitava. Chomsky mudou ainda as noções sociais de “langue” e > “parole” de Saussure, que eram coletivas, uniformes e supostamente não > idealizadas, para falar de “competência” e “desempenho” que eram individuais > mas altamente idealizadas. > > O segundo momento crucial na linguística chomskyana veio décadas depois, > com sua teoria da regência e da ligação, depois chamada de Princípios e > Parâmetros em que as noções de gramática e regra gramatical perdem o status > científico de uma vez. Em “Knowledge of Language” fica ainda estabelecido > que o objeto de estudo da linguística não devem ser nem a noção de “langue” > de Saussure, ou outra equivalente, nem as línguas do mundo, como o Português > ou qualquer dos seus dialetos. Fica de uma vez consolidado que objeto da > linguística tem de ser a própria faculdade de linguagem. > > O terceiro momento e que parece vai ser o último é o chamado programa > minimalista, que coloca o princípio da economia das derivações no centro das > preocupações e da orientação da pesquisa em linguística. > > Mas, o mais importante nestes anos todos é que, ainda que Chomsky tenha > usado de certa matematização, coisa que herdou dos estruturalistas, sua > concepção de linguística não é nem de uma ciência humana nem exata: para ela > a linguística é uma das ciências biológicas. Na década de 1950 ele já > pensava assim, como se sabe por relatos dele próprio e de colegas, de forma > que ele propositadamente não usou de argumentos matemáticos mais pesados. > > Nunca houve entre os linguistas essa crença de que Syntactic Structures é o > principal marco histórico da chamada revolução chomskyana. Pullum quer > dialogar com quem desconhece a história da ciência. > > Eu li Syntactic Structures e posso dizer que a resenha de Pullum é parcial > demais. Seria o mesmo que alguém escrever um artigo atacando Gagarin para > dizer que ele não foi à Lua. Mas quem disse que foi? Se houve quem o disse, > é gente que não sabe da missa a metade! > > Em 18 de setembro de 2011 02:10, Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com>escreveu: > > Verei o texto, mas, para ja, advirto que o Pullum obviamente eh muito >> informado. O que ele diz, todavia, nem sempre parece bem intencionado, se o >> alvo do que diz vem a ser Chomsky. >> >> Em 17 de setembro de 2011 22:52, Joao Marcos <botoc...@gmail.com>escreveu: >> >> Olá, Tony: >>> >>> Envio em anexo o artigo para que você possa avaliar por si próprio os >>> argumentos do Pullum, que parecem bem informados e chegam a conclusões >>> bem diferentes das suas. >>> >>> Abraços, >>> JM >>> >>> 2011/9/17 Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com>: >>> > Como o artigo não é aberto e só se lê o resumo, é de difícil >>> comentário. >>> > Todavia, eu conheço os escritos do prof. Pullum e os do prof. Chomsky. >>> > Acontece que cada um tem sua teoria linguística e elas competem entre >>> si no >>> > "mercado" da linguística formal para ver quem tem mais adeptos. Os >>> > chomskyanos são em maior número. >>> > Geralmente, esses ataques recíprocos são sem fundamento, como me parece >>> o >>> > resumo do artigo. >>> > Syntactic Structures foi um livro extraído da T.D. de Noam Chomsky "The >>> > Logical Structure of Linguistic Theory" e só teve impacto para a >>> linguística >>> > nos anos 1950. No meio da década de 1960 o debate já tinha outros >>> focos, com >>> > "Aspects". >>> > Não é verdade que Chomsky quisesse usar de argumentos matemáticos >>> pesados >>> > para demonstrar que uma gramática de uma língua como Inglês não é uma >>> > máquina de estados finitos. É verdade sim que os argumentos formais que >>> ele >>> > usa são suficientemente fortes para mostrar isto dentro da linguística >>> > estrutural do final dos anos 1950. Afinal de contas, o ônus da prova >>> está >>> > com quem quiser provar o contrário e dar sustentação a teses cognitivas >>> > behaviouristas. >>> > >>> > Em 17 de setembro de 2011 16:35, Joao Marcos <botoc...@gmail.com> >>> escreveu: >>> >> >>> >> A menção recente do Chomsky e seu "argumento hegeliano" lembrou-me >>> >> mencionar aqui o recente artigo do linguista Geoffrey Pullum no JoLLI, >>> >> que será do interesse de alguns membros desta lista. >>> >> >>> >> Mais uma prova da importância do trabalho do lógico Emil Post. >>> >> JM >>> >> >>> >> * * * >>> >> >>> >> On the Mathematical Foundations of Syntactic Structures. >>> >> Journal of Logic, Language and Information 20 (3):277-296, 2011. >>> >> http://www.springerlink.com/content/p3n161t5257q1156/ >>> >> >>> >> Chomsky’s highly influential Syntactic Structures (SS) has been much >>> >> praised its originality, explicitness, and relevance for subsequent >>> >> cognitive science. Such claims are greatly overstated. SS contains no >>> >> proof that English is beyond the power of finite state description (it >>> >> is not clear that Chomsky ever gave a sound mathematical argument for >>> >> that claim). The approach advocated by SS springs directly out of the >>> >> work of the mathematical logician Emil Post on formalizing proof, but >>> >> few linguists are aware of this, because Post’s papers are not cited. >>> >> Chomsky’s extensions to Post’s systems are not clearly defined, and >>> >> the arguments for their necessity are weak. Linguists have also >>> >> overlooked Post’s proofs of the first two theorems about effects of >>> >> rule format restrictions on generative capacity, published more than >>> >> ten years before SS was published. >>> >> _______________________________________________ >>> >> Logica-l mailing list >>> >> Logica-l@dimap.ufrn.br >>> >> http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l >>> > >>> > >>> >>> >>> >>> -- >>> http://sequiturquodlibet.googlepages.com/ >>> >> >> > _______________________________________________ Logica-l mailing list Logica-l@dimap.ufrn.br http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l