Parabens ao Dória, Newton, Tsuhi, Delfim Neto  e  Turing  pelo decreto
de morte do Neoliberalismo (afinal,  a impossibilidade de computar  o
equilibrio é, no fundo no fundo,  consequencia do Halting Problem.

Só me surpreende  muito  ver Delfin Neto metido  nisso :-)
Abs,

Walter

Em 25 de fevereiro de 2012 10:00, psdias2 <psdi...@yahoo.com.br> escreveu:
> Entrevista:
>
> http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/entrevistas-sobre-universo-neoliberal-em-desencanto
>
> Paulo
>
>> É. Mas não é minha, nunca o diria, claro.
>>
>> On Fri, Feb 24, 2012 at 12:13 PM, yuri lumer<yurilu...@gmail.com>  wrote:
>>
>>> "O livro “Gödel’s Way”, de Doria, Newton e Gregory Chaitin tornou-se um
>>>>
>>>> best-seller no campo da matemática, ajudando a conferir a Gödel o
>>>> reconhecimento histórico que lhe faltou em vida"
>>>
>>> Agora, esta informação é no mínimo um exagero, não?
>>>
>>> SV
>>>
>>> On 2/24/12, Décio Krause<deciokra...@gmail.com>  wrote:
>>>>
>>>> Muito bem. Todos sabemos da competência desses caras. Parabéns a todos
>>>
>>> pelos
>>>>
>>>> resultados e pelo reconhecimento. Precisamos disso, e eles merecem isso.
>>>> Mas, lendo a coluna indicada do Nassif, chamaram-me a atenção os
>>>
>>> comentários
>>>>
>>>> que se seguem à coluna. Impressionante a ignorância generalizada,
>>>> principalmente dos tcheguevaristas, que estão sempre de plantão para dar
>>>> pitados em qualquer coisa, de Shakespeare a Gödel.
>>>> D
>>>>
>>>>
>>>> ------------------------------------------------------
>>>> Décio Krause
>>>> Departamento de Filosofia
>>>> Universidade Federal de Santa Catarina
>>>> 88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
>>>> http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
>>>> ------------------------------------------------------
>>>>
>>>> Em 24/02/2012, às 09:55, yuri lumer<yurilu...@gmail.com>  escreveu:
>>>>
>>>
>>> http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/os-tres-brasileiros-que-refutaram-as-bases-do-neoliberalismo
>>>>>
>>>>>
>>>>> O livro “O Universo NeoLiberal do Desencanto”, do economista José
>>>>> Carlos
>>>>> de
>>>>> Assis e do matemático Francisco Antonio Doria, traz uma história
>>>>> extraordinária, de como três brasileiros – no campo da lógica –
>>>
>>> ajudaram a
>>>>>
>>>>> desmontar o principal princípio do neoliberalismo: aquele que dizia que
>>>
>>> em
>>>>>
>>>>> um mercado com livre competição os preços tendem ao equilíbrio.
>>>>>
>>>>> É mais uma das descobertas do incansável lutador José Carlos de Assis.
>>>>>
>>>>> As teses do trio – lógico Newton da Costa, matemático Antonio Doria e
>>>>> economista Marcelo Tsuji são um clássico da ciência brasileira que
>>>
>>> começa
>>>>>
>>>>> a
>>>>> ganhar reconhecimento mundial, ma história complexa, porém fascinante,
>>>
>>> que
>>>>>
>>>>> merece ser detalhada.
>>>>>
>>>>>
>>>>> *Newton Costa*
>>>>>
>>>>> Francisco Doria
>>>>>
>>>>> O primeiro passo é – a partir do livro – reconstituir as etapas da
>>>>> matemática no século 20, sua luta para se tornar uma ciência formal,
>>>
>>> isto
>>>>>
>>>>> é, com princípios de aplicação geral. E os diversos obstáculos nesse
>>>>> caminho.
>>>>> O método axiomático na matemática
>>>>>
>>>>> A matemática sempre se baseou no método axiomático de Euclides.
>>>>>
>>>>> 1      Escolhem-se noções e conceitos primitivos.
>>>>>
>>>>> 2      Utiliza-se uma argumentação lógica.
>>>>>
>>>>> 3      Manipulando os conceitos com a lógica, chega-se aos resultados
>>>>> derivados, os teoremas da geometria.
>>>>>
>>>>> Foi só a partir do final do século 19 que Giuseppe Peano incorporou
>>>>> definitivamente o método axiomático à matemática tornando-se, desde
>>>
>>> então,
>>>>>
>>>>> a técnica mais segura para a geração  de conhecimento matemático.
>>>>>
>>>>> Em 1908  Ernest Zermelo axiomatizou a teoria dos conjuntos e, a partir
>>>>> daí,
>>>>> todos os resultados conhecidos da matemática. Formou-se a chamada
>>>>> matemática “feijão-com-arroz” usada por engenheiros, economistas,
>>>
>>> ecólogos
>>>>>
>>>>> e biólogos matemáticos.
>>>>>
>>>>> Desde então, no âmbito da alta matemática instaurou-se uma discussão
>>>>> secular: tudo o que enxergamos como verdade matemática pode ser
>>>>> demonstrado?
>>>>> A formalização da matemática
>>>>>
>>>>> Com esses avanços do método axiomático, pensava-se que tinha se
>>>
>>> alcançado
>>>>>
>>>>> na formalização da matemática, tratada como ciência exata capaz de
>>>>> calcular
>>>>> e demonstrar todos os pontos de uma realidade.
>>>>>
>>>>> Mas aí começaram a surgir os paradoxos, dos quais o mais famoso foi o
>>>>> de
>>>>> Russel:
>>>>>
>>>>>   - Em uma cidade, existem dois grupos de homens: os que se barbeiam a
>>>
>>> si
>>>>>
>>>>>   mesmos e os que se barbeiam com o barbeiro. A que grupo pertencem os
>>>>>   barbeiros?
>>>>>
>>>>> Ora, um axioma não pode comportar uma afirmação contraditória em si. De
>>>>> acordo com as deduções da lógica clássica, de uma contradição pode-se
>>>>> deduzir qualquer coisa, acaba o sonho do rigor matemático e o sistema
>>>>> colapsa.
>>>>>
>>>>> Houve uma penosa luta dos matemáticos para recuperar a matemática da
>>>>> trombada dos paradoxos até definir o que são as verdades matemáticas, o
>>>>> que
>>>>> coube ao matemático David Hilbert (1862-1943).
>>>>> David Hilber (1862-1943)
>>>>>
>>>>> Nos anos 20, Hilbert  formulou um programa de investigação dos
>>>
>>> fundamentos
>>>>>
>>>>> da matemática, definindo o que deveriam ser os valores centrais:
>>>>>
>>>>>   - *Consistência*: a matemática não poderia conter contradições.
>>>>>   - *Completude*: a matemática deve provar todas suas verdades.
>>>>>   - *Procedimento de decisão*: a matemática precisa ter um
>>>>> procedimento,
>>>>>   digamos, mecânico permitindo distinguir sentenças matemáticas
>>>>> verdadeiras
>>>>>   das falsas.
>>>>>
>>>>> A partir desses princípios, a ideia era transformar a matemática em uma
>>>>> ciência absoluta com regras definitivas. No Segundo Congresso de
>>>>> Matemática, em Paris, Hilbert propôs os famosos 23 problemas cuja
>>>
>>> solução
>>>>>
>>>>> desafiaria as gerações seguintes de matemáticos.
>>>>> (http<http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>
>>>>> ://
>>>>> <http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>www<
>>>
>>> http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>
>>>>>
>>>>> .
>>>>> <http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>rude<
>>>
>>> http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>
>>>>>
>>>>> 2
>>>>> <http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>d<
>>>
>>> http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>
>>>>>
>>>>> .
>>>>> <http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>kit<
>>>
>>> http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>
>>>>>
>>>>> .
>>>>> <http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>net<
>>>
>>> http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>
>>>>>
>>>>> /
>>>>> <http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>hilbert<
>>>
>>> http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>
>>>>>
>>>>> .
>>>>> <http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>html<
>>>
>>> http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html>
>>>>>
>>>>> ).
>>>>>
>>>>> Seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da ciência da
>>>>> computação.
>>>>> A pedra no sapato de Hilbert
>>>>>
>>>>> Kurt Gödel (1906-1978)
>>>>>
>>>>> Mas havia uma pedra em seu caminho quando 1931, o matemático alemão
>>>>> Kurt
>>>>> Gödel (1906-1978), radicado nos Estados Unidos, formula seu *teorema da
>>>>> incompletude* para a aritmética, inaugurando a era moderna na
>>>
>>> matemática.
>>>>>
>>>>> Muitos estudiosos sustentam que seu “teorema da incompletude” é a maior
>>>>> realização do gênio humano na lógica, desde Aristóteles.
>>>>>
>>>>> No começo, os achados de Gödel se tornaram secundários no
>>>
>>> desenvolvimento
>>>>>
>>>>> da matemática do século. A partir dos estudos de dois dos nossos heróis
>>>
>>> –
>>>>>
>>>>> Doria e Da Costa – os matemáticos descobriram porque a matemática não
>>>>> conseguia explicar uma série enorme de problemas matemáticos.
>>>>>
>>>>> E aí se entra em uma selva de conceitos de difícil compreensão.
>>>>>
>>>>> Mas, em síntese, é assim:
>>>>>
>>>>>   - Suponha um sistema de axiomas, com vários axiomas. Por definição,
>>>
>>> esse
>>>>>
>>>>>   axioma não demonstra fatos falsos, só verdadeiros.
>>>>>   - Dentre os axiomas, no entanto, há uma sentença formal que, por
>>>>>   definição, não pode ser demonstrada.
>>>>>   - Se não pode ser demonstrada que é verdadeira, também não pode ser
>>>>>   demonstrada que é falsa (acho que o matemático se baseou no axioma da
>>>>> Folha
>>>>>   com a ficha falsa da Dilma). Logo é uma sentença “indecidível” – isto
>>>
>>> é,
>>>>>
>>>>>   não pode nem ser provada nem reprovada.
>>>>>   - Se o sistema é consistente – isto é, se consegue provar o que é
>>>>>   provável e não consegue o que não é – então, para ser consistente,
>>>>> ele
>>>>> será
>>>>>   incompleto.
>>>>>
>>>>> Pronto, bagunçou totalmente a lógica dos que supunham a matemática uma
>>>>> ciência exata.
>>>>>
>>>>> Anos depois, o lógico norte-americano Alonzo Church (1903-1995) e o
>>>>> matemático inglês Alan Turing (1912-1954) desenvolveram outro conceito,
>>>
>>> a
>>>>>
>>>>> *
>>>>> indecibilidade*.
>>>>>
>>>>> Ambos demonstraram que há programas de computador insolúveis.
>>>>>
>>>>>
>>>>> Alan Turing (1912-1954)
>>>>>
>>>>> Turing, aliás, tem uma biografia extraordinária
>>>>> http://www.turing.org.uk/turing/. Durante a Segunda Guerra foi
>>>
>>> criptógrafo
>>>>>
>>>>> do Exército inglês. Conseguiu quebrar a criptografia da máquina alemã
>>>>> Enigma, até então considerada impossível de ser desvendada. Tornou-se
>>>>> herói
>>>>> de guerra. E lançou as bases para a teoria da programação em
>>>>> computador,
>>>>> quando conseguiu reduzir todas as informações a uma sucessão de 0000 e
>>>>> 1111.
>>>>>
>>>>> Em 1952 confessou-se homossexual  a um policial que havia batido na
>>>
>>> porta
>>>>>
>>>>> de sua casa. Preso, com base em uma lei antissodomia (revogada apenas
>>>>> em
>>>>> 1975),  foi condenado a ingerir hormônios femininos para inibir o
>>>
>>> libido.
>>>>>
>>>>> Os hormônios deformaram seu corpo. Acabou se matando com uma maçã
>>>>> envenenada em 1954.
>>>>>
>>>>> A teoria da programação nasce em 1936 em um artigo onde Turing analisa
>>>
>>> em
>>>>>
>>>>> detalhes os procedimentos de cálculos matemáticos e lança o esboço da
>>>>> “máquina de Tuning”, base da computação moderna.
>>>>>
>>>>> Nesse modelo o procedimento é determinístico – isto é, nos cálculos não
>>>
>>> há
>>>>>
>>>>> lugar para o acaso.
>>>>>
>>>>> Muitas vezes ocorrem os “loops infinitos”,  situações em que o
>>>
>>> computador
>>>>>
>>>>> não consegue encontrar a solução e fica calculando sem parar. Turing já
>>>>> havia provado ser impossível um programa que prevenisse os “crashes” de
>>>>> computador. Explicar a “parada” no programa de computador se tornou um
>>>
>>> dos
>>>>>
>>>>> bons enigmas para os matemáticos.
>>>>>
>>>>> Durante bom tempo, até início dos anos 50, os matemáticos procuravam a
>>>>> chave da felicidade: o programa que permitisse antecipar os crashes dos
>>>>> demais programas. Mas em 1936 Turing já havia provado ser impossível.
>>>>>
>>>>> Mais um revés para os que imaginavam a matemática capaz de explicar (ou
>>>>> computar) todos os fenômenos matemáticos.
>>>>> O teorema de Rice
>>>>>
>>>>> Em 1951, outro matemático, Henry Gordon Rice avançou em um teorema
>>>>> considerado “arrasa quarteirão”.
>>>>>
>>>>>
>>>>> Henry Gordon Rice (1920- )
>>>>>
>>>>> Denominou-se de funções parciais àquelas em que não existe um método
>>>
>>> geral
>>>>>
>>>>> e eficaz de decisão. Se uma propriedade se aplica a todas as funções
>>>>> parciais, ela é chamada de *propriedade trivial*. E se a propriedade
>>>
>>> traz
>>>>>
>>>>> a
>>>>> solução correta para cada algoritmo, ela é chamada de método de
>>>>> *decisão
>>>>> eficaz*.
>>>>>
>>>>> Uma propriedade só é eficaz se for aplicada a todas as funções. E essa
>>>>> função não existe.
>>>>>
>>>>> Para desespero dos que acreditavam que a matemática poderia explicar
>>>
>>> tudo,
>>>>>
>>>>> o teorema de Rice começou a se estender para a maior parte das áreas da
>>>>> matemática.
>>>>> O equilíbrio de Nash
>>>>>
>>>>> O inventor oficial da computação, Von Neuman, não conseguia resolver um
>>>>> caso geral em que se analisava uma solução para a soma de um conjunto
>>>>> de
>>>>> decisões.
>>>>>
>>>>> Quem resolveu foi um dos gênios matemáticos do século, John Nash,
>>>>> personagem principal do filme “Uma mente brilhante”, nascido em 1928 e
>>>>> vivo
>>>>> ainda.
>>>>>
>>>>> John Nash (1928 - )
>>>>>
>>>>> Em uma tese de apenas 29 páginas – que lhe rendeu o PhD e o Nobel – ele
>>>>> mostrou que casos de jogos não-colaborativos (como em um mercado) a
>>>>> solução
>>>>> aceitável de cada jogador correspondia ao equilíbrio dos mercados
>>>>> competitivos.
>>>>>
>>>>> O “equilíbrio de Nash” mostra uma situação em que há diversos
>>>>> jogadores,
>>>>> cada qual definindo a sua estratégia ótima.  Chega-se a uma situação em
>>>>> que
>>>>> cada jogador não tem como melhorar sua estratégia, em função das
>>>>> estratégias adotadas pelos demais jogadores. Cria-se, então, essa
>>>
>>> situação
>>>>>
>>>>> do “equilíbrio de Nash”.
>>>>>
>>>>> Como explica Dória, em linguagem popular: a situação de equilíbrio é
>>>>> aquela
>>>>> que se melhorar piora.
>>>>>
>>>>> O princípio de Nash é: todo jogo não-cooperativo possui um equilíbrio
>>>>> de
>>>>> Nash.
>>>>>
>>>>> O “equilíbrio de Nash” tornou-se um dos pilares da matemática moderna.
>>>>> A matemática na economia
>>>>>
>>>>> O primeiro economista a tentar encontrar o preço de equilíbrio na
>>>
>>> economia
>>>>>
>>>>> foi Léon Walras (1834-1910). Montou equações que identificam as
>>>>> intersecções da curva da oferta e da demanda, para chegar ao preço
>>>
>>> ótimo.
>>>>>
>>>>> Depois, montou equações para diversos mercados, concluindo que, dadas
>>>>> as
>>>>> condições ideais para a oferta e para a procura, sempre seria possível
>>>>> encontrar soluções matemáticas.
>>>>>
>>>>> Mas não apresentou uma solução para o conjunto de operações da
>>>>> economia.
>>>>>
>>>>> O que abriu espaço para o “equilíbrio dos mercados” foram dois
>>>
>>> matemáticos
>>>>>
>>>>> – Kenneth Arrow (1921) e Gérard Debreu (1921-2004).
>>>>>
>>>>> Walras tivera o pioneirismo de formular o estado de um sistema
>>>>> econômico
>>>>> como a solução de um sistema de equações simultâneas, que representavam
>>>
>>> a
>>>>>
>>>>> demanda de bens pelos consumidores, a oferta pelos produtores e a
>>>
>>> condição
>>>>>
>>>>> de equilíbrio tal que a oferta igualasse a demanda em cada mercado.
>>>>> Mas,
>>>>> argumentavam eles, Walras não dera nenhuma prova de que a equação
>>>
>>> proposta
>>>>>
>>>>> (o somatório de todas as equações da economia) tivesse solução.
>>>>>
>>>>> Só décadas depois, esse dilema – de como juntar em uma mesma solução
>>>
>>> todas
>>>>>
>>>>> as equações de um universo econômico – passou a ser tratado, com o
>>>>> desenvolvimento da teoria dos jogos, graças à aplicação do “equilíbrio
>>>
>>> de
>>>>>
>>>>> Nash” à economia. Mostraram que a solução de Nash para o jogo
>>>
>>> corresponde
>>>>>
>>>>> aos preços de equilíbrio.
>>>>>
>>>>> Essa acabou sendo a base teórica que legitimou praticamente três
>>>>> décadas
>>>>> de
>>>>> liberalismo exacerbado.
>>>>> Entra em cena o “outro Nash”
>>>>>
>>>>> Aí surge em cena o “outro Nash”, Alain Lewis, um gênio matemático,
>>>
>>> negro,
>>>>>
>>>>> mistura de Harry Belafonte e Denzel Washington, criado nos guetos de
>>>>> Washington, depois estudante em Princenton, onde conquistou o respeito
>>>
>>> até
>>>>>
>>>>> de referências como Paul Samuelson.
>>>>>
>>>>> Partiu dele o primeiro grande questionamento à econometria como "teoria
>>>>> eficaz" (isto é, capaz de matematizar todos os fenômenos econômicos).
>>>>>
>>>>> Em um conjunto de obras, a partir de 1985, Lewis tentou demonstrar que
>>>
>>> as
>>>>>
>>>>> noções fundamentais da teoria econômica não são "eficazes" - isto é,
>>>>> não
>>>>> explicam todos os fenômenos econômicos - e, portanto, devem ser
>>>>> descartadas. Comprovou sua tese para um número específico de casos.
>>>>>
>>>>> Em 1991, em Princenton, Lewis ligava de madrugada para trocar ideias
>>>>> com
>>>>> um
>>>>> colega brasileiro, justamente Francisco Antônio Doria. Excepcionalmente
>>>>> brilhante, trato difícil, o primeiro surto de Lewis foi em 1994. Há dez
>>>>> anos nenhum amigo sabe mais dele. Provavelmente internado em alguma
>>>>> clínica.
>>>>>
>>>>> Sua principal contribuição foi comprovar que em jogos não associativos
>>>>> (aqueles em que há disputas entre os participantes) embora exista o
>>>>> "equilíbrio de Nash" descrevendo cada ação, ganhos e perdas dos
>>>>> competidores, o resultado geral é "não computável" . Ou seja, podem
>>>>> existir
>>>>> soluções particulares mas sem que possam ser reunidas num algoritmo
>>>
>>> geral.
>>>>>
>>>>> Aparecem os brasileiros
>>>>>
>>>>> O objetivo da teoria econômica é identificar as decisões individuais
>>>>> que
>>>>> valem para o coletivo. De nada vale matematizar o resultado de dois
>>>>> agentes
>>>>> individuais se a solução não se aplicar ao conjunto de agentes
>>>
>>> econômicos.
>>>>>
>>>>> Havia razões de sobra para Lewis ligar toda noite, impreterivelmente às
>>>>> duas da manhã, para Dória.
>>>>>
>>>>> Desde os anos 80, Doria e Newton da Costa estudavam soluções para o
>>>>> problema da teoria do caos. Queriam identificar, através de fórmulas,
>>>>> quando um sistema vai desenvolver ou não um comportamento caótico. Esse
>>>>> desafio havia sido proposto em 1983 por Maurice Hirsch, professor de
>>>>> Harvard.
>>>>>
>>>>> Eram estudos relevantes, especialmente para a área de engenharia. Como
>>>>> saber se a vibração na asa de um avião em voo poderá ficar
>>>>> incontrolável
>>>>> ou
>>>>> não?
>>>>>
>>>>> Depois, provaram uma versão do teorema de Rice para matemática usual:
>>>
>>> que
>>>>>
>>>>> usa em economia.
>>>>>
>>>>> Depois de muitos estudos, ambos elaboraram uma resposta brilhante sobre
>>>
>>> a
>>>>>
>>>>> teoria do caos demonstrando que não existe um critério geral para
>>>
>>> prever o
>>>>>
>>>>> caos, qualquer que seja a definição que se encontre para caos.
>>>>>
>>>>> Esse conceito transbordou para outros campos computacionáveis. A partir
>>>>> dele foi possível inferir a impossibilidade de se ter um antivírus
>>>>> universal para computador, ou uma vacina universal para doenças.
>>>>>
>>>>> Num certo dia, no segundo andar do Departamento de Filosofia da USP,
>>>
>>> Doria
>>>>>
>>>>> foi abordado por um jovem economista, Marcelo Tsuji, que já trabalhava
>>>
>>> na
>>>>>
>>>>> consultoria de Delfim Neto. Aliás, anos atrás Paulo Yokota já havia me
>>>>> alertado de que o rapaz era gênio. Na época, Delfim encaminhou-o para
>>>>> se
>>>>> doutorar com Doria e da Costa.
>>>>>
>>>>> Marcelo disse a Doria ter coisas interessantes para lhe relatar. Disse
>>>
>>> que
>>>>>
>>>>> tinha encontrado uma prova mais geral para o teorema de Lewis
>>>>> utilizando
>>>>> as
>>>>> técnicas desenvolvidas por Doria e Da Costa.
>>>>>
>>>>> Doria pediu para Marcelo escrever. Depois, Doria e Nilton revisaram o
>>>>> trabalho, todo baseado nas técnicas de lógica de ambos.
>>>>>
>>>>> Chegou-se ao resultado em 1994. Mas o trabalho com Tsudi só foi
>>>
>>> publicado
>>>>>
>>>>> em 1998. Revistas de economia matemática recusaram publicar.
>>>>> Conseguiram
>>>>> espaço em revistas de lógica.
>>>>>
>>>>> O grande desafio do chamado neoliberalismo seria responder às duas
>>>>> questões:
>>>>>
>>>>> 1. Como os agentes fazem escolhas.
>>>>>
>>>>> 2. Como a ordem geral surge a partir das escolhas individuais.
>>>>>
>>>>> A conclusão final matava definitivamente a ideia de que em mercados
>>>>> competitivos se chegaria naturalmente ao preço de equilíbrio. O
>>>>> trabalho
>>>>> comprovava que o “equilíbrio de Nash” ocorria, com os mercados chegando
>>>>> aos
>>>>> preços de equilíbrio. Mas que era impossível calcular o momento. Logo,
>>>>> toda
>>>>> a teoria não tinha como ser aplicada.
>>>>> O reconhecimento mundial
>>>>>
>>>>> O Brasil não tem tradição científica para reconhecer trabalhos na
>>>>> fronteira
>>>>> do conhecimento. Assim, o reconhecimento do trabalho do trio está se
>>>
>>> dando
>>>>>
>>>>> a partir do exterior.
>>>>>
>>>>> O livro “Gödel’s Way”, de Doria, Newton e Gregory Chaitin tornou-se um
>>>>> best-seller no campo da matemática, ajudando a conferir a Gödel o
>>>>> reconhecimento histórico que lhe faltou em vida.
>>>>>
>>>>> Gödel's Way
>>>>>
>>>>> In the 1930s, Kurt Gödel showed that the usual formal mathematical
>>>
>>> systems
>>>>>
>>>>> cannot prove nor disprove all true mathematical sentences. This notion
>>>
>>> of
>>>>>
>>>>> incompleteness and a related property—undecideability, formulated by
>>>
>>> Alan
>>>>>
>>>>> Turing—are often presented as ideas that are only relevant to
>>>
>>> mathematical
>>>>>
>>>>> logic and have nothing to do with the real world. However, *Gödel’s
>>>>> Way*
>>>>> proves
>>>>> the contrary.
>>>>>
>>>>> Gregory Chaitin, Newton da Costa and Francisco Antonio Doria show that
>>>>> incompleteness and undecidability are everywhere, from mathematics and
>>>>> computer science, to physics and mathematically formulated portions of
>>>>> chemistry, biology, ecology, and economics.
>>>>>
>>>>> Have you ever wondered why we can’t create an antivirus program for
>>>>> computers that doesn’t require constant updates? Or why so much of the
>>>>> software we use has bugs and needs to be upgraded with patch-up
>>>>> subroutines? Fascinatingly, the reasons involve Gödel’s incompleteness
>>>>> theorems. Nor is astronomy immune from the fun, as the authors show. We
>>>>> can
>>>>> formulate a certain measure of a universe, called a metric tensor, so
>>>
>>> that
>>>>>
>>>>> it is undecidable whether it is a “Big Bang universe”—with a definite
>>>>> origin in time—or a universe without a global time coordinate.
>>>>> (Interestingly, Gödel himself studied universes of the latter type.)
>>>>>
>>>>>
>>>>>
>>>>> Recentemente, o artigo de ambos com Marcelo Tsudi integrou um handbook
>>>>> inglês de trabalhos clássicos nas áreas de economia e computação.
>>>>>
>>>>> No próximo mês, Doria – ele próprio um admirador da economia
>>>
>>> neoclássica –
>>>>>
>>>>> estará ministrando um curso na Áustria, para uma academia defensora da
>>>>> economia ortodoxa, mas que não tem o viés primário dos nossos cabeças
>>>>> de
>>>>> planilha.
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Prof. Dr. Walter Carnielli
Director
Centre for Logic, Epistemology and the History of Science – CLE
State University of Campinas –UNICAMP
13083-859 Campinas -SP, Brazil
Phone: (+55) (19) 3521-6517
Fax: (+55) (19) 3289-3269
Institutional e-mail: walter.carnie...@cle.unicamp.br
Website: http://www.cle.unicamp.br/prof/carnielli
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