Caro Rafael,

Devo lembrar que

[1] A Alemanha após a primeira guerra mundial passou por esse mesmo tipo de
experiência. A experiência brasileira não é inédita na história da
humanidade. E para mim e para a maioria dos matemáticos dessa lista, não é
difícil de ler nenhum desses números.

[2] Não há boas metáforas desse período. Aliás, eu cansei de as ouvir e foi
o quanto me bastou para não querer mais saber de metáfora de economista, e
você podia ter feito o favor de não repetir essas coisas que não são
novidades há muito tempo. Tudo isto esteve no noticiário da TV e nos
jornais.

[3] Essa aqui é uma lista de lógica. Quando outros participantes tocaram em
assuntos de economia aqui, abordaram problemas formais de alta relevância
matemática, a partir de uma competência profunda. Os assuntos que você traz
podem ser muito interessantes para você, mas você não mostrou nem a conexão
nem a relevância para uma lista de lógicos. Essas notícias de jornal que
nós lemos ainda ontem mesmo estão completamente fora do escopo das
discussões aqui. Parecem planfetos do PSDB, poxa!


Em 1 de março de 2012 15:35, Rafael Picate <rpic...@gmail.com> escreveu:

> Caro Tony,
>
> Devo lembrar que vinhamos de uma inflação de 13.342,346,717.617,70% ,
> inflação de dezembro de 79 a julho de 94 . É até dificil de ler, Treze
> trilhões, trezentos e quarenta e dois bilhões, trezentos
> e quarenta e seis milhões setecentos e dezesete mil vírgula setenta por
> cento. E a nossa era pior, com correção monetária. Era um estado de
> hiperinflação.
>
> Uma boa metáfora, era de um doente com infecção generalizada, onde a
> equipe teve que operar múltiplos orgãos com técnicas não tentadas em
> conjunto. A criação das duas moedas foi
> engenhosa e complexa, já havia um longo histórico de falhas. Aliado a
> isso, vc tinha restrições de todos os tipos, as legais, que em planos
> passados acabaram piorando as soluções dos outros planos tentados.
> "Desenvolvimentistas" como Maria da Conceição Tavares, já previam o
> desastre imediato do plano. Felizmente erraram nas previsões. Para o povo
> assustado pelos planos anteriores, era mais um plano.
>
>  Uma cadeia de medidas precisou ser feita, como exemplo, um ajuste severo
>  nos bancos públicos e posteriormente com a criação do Proer, também to
> setor privado, o real secou a renda dos bancos  advinda da espiral
> inflacionária. Muito mais eficiente que as bolsas do FH ,  tirou milhões da
> pobreza, acabando com o imposto inflacionário.
>
> Então por essas múltiplas "cirurgias simultâneas", concederia um lugar de
> destaque a essa equipe, como já disse Gustavo Loyla, no Brasil, até o
> passado é incerto. É bom relembrá-lo. Para não cometermos os mesmo erros.
> Talvez eu conceda sobre o Nobel, foi um extraordinário evento local, mas
> não vou concordar com toda essa desimportância que você dá ao mesmo. Faz
> parte da nossa história e vemos seus frutos diariamente.
> Não vou falar de política,não é o assunto da lista,  não acho que essa
> reverência tenha que cair nesse mundo simplório da política, mas  há de se
> considerar que até mesmo partidos extremistas que combateram ferozmente o
> plano
> e suas medidas de complementação , como a LRF e o Proer, hoje oferecem
> essas soluções para o mundo.
>
> Outra coisa lembrada por um amigo especialista, e que merecia um prêmio,
> foi a costura política de muita habilidade,não dá para menosprezar essa
> questão, derrubou planos anteriores que começaram bem intencionados e
> ficaram faltando pedaços preciosos graças ao mundo político, e também um
> ponto a destacar, foi a existência de profissionais experientes de diversas
>  áreas de atuação que  participaram do plano.
>
> Já vi comentários de grandes economistas ,  com diferentes linhas de
> pensamento, sobre o plano real . Gosto do tema e já livros  sobre o assunto
> , guardo também o seu, que foi o mais sintético. Me lembrei da história do
>  seu amigo vulcano , muito longe do planeta terra, incapaz de ver as
> influências do evento sobre os terráqueos brasileiros.
>
> Vão abaixo dos links que nos remetem aqueles tempos, nem parece que
> passamos por esses momentos:
>
> http://www.youtube.com/watch?v=oD_mn80NvCE
>
> http://www.youtube.com/watch?v=UHuF6Bavyrc
>
>
> abs,
> Rafael
>
> Em 1 de março de 2012 00:41, Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com> escreveu:
>
>
>> Caro Rafael,
>>
>> Esta é uma lista de lógica, em que profissionais trazem até assuntos
>> muito diversos, mas sempre mostrando a relevância para os campos que
>> interessam, a saber, lógica, filosofia, matemática, ciência em geral, etc.
>>
>> Mas, você nesse e-mail não somente assinala um fato histórico, a adoção
>> de mais uma unidade monetária no Brasil, depois de um século de mudanças,
>> como também diz que devíamos ter "orgulho" disso. Isto me remeteu a um
>> personagem de seriado, o Dr. Spock, que, com sua lógica "vulcana", lhe
>> responderia: "orgulho é uma emoção, não é lógico".
>>
>> De resto, quanto ao prêmio Nobel que você gostaria de atribuir a Gustavo
>> Franco e outros, do ponto de vista da ciência econômica, não existe nenhum
>> conceito teórico mais avançado ou inovador que os técnicos do governo
>> Itamar Franco tenham introduzido que fizessem jus a tanta honra. Não é
>> nova, nem muito complexa a ideia de que uma moeda mais forte, que o governo
>> não fica desvalorizando o tempo todo, pode contribuir como um dos pontos de
>> uma política anti-inflação. O que governo Franco fez não foi adotar uma
>> inovação acadêmica, mas optar politicamente por desviar-se da política
>> plantada por Delfim Neto no governo Figueiredo de desvalorizar a moeda
>> nacional para beneficiar exportações. Mas, nem politicamente isto seria uma
>> novidade, porque o governo Sarney tinha num momento optado por uma política
>> assim (no plano cruzado) e porque o governo Collor também havia mudado a
>> moeda outra vez de cruzado novo para cruzeiro.
>>
>> Em 29 de fevereiro de 2012 23:56, Rafael Picate <rpic...@gmail.com>escreveu:
>>
>>>  Outro dia assisti palestra dos 153 anos de Darwin na livraria Travessa,
>>> o
>>> vídeo mostrado era mais ou menos, mas a palestra do biólogo foi
>>> excelente.
>>> Mas outra data que deveriamos  nos orgulhar, é a maioridade do plano
>>> real,
>>> que mudou a cara do Brasil, hoje temos inflação no ano que
>>> anterormente tínhamos num fim de semana.
>>> Estado da arte da ciênca econômica. Essa equipe fantástica  merecia um
>>> prêmio Nobel.
>>>
>>>
>>> Vai aqui a manifestação de um dos autores no facebook.
>>> Hoje, 28 de fevereiro de 2012, fazem exatos 18 anos da MP 434, que criou
>>> a
>>> URV, como uma "meia moeda" servindo apenas para contratos e indexação, e
>>> no
>>> seu artigo 2 determinava que quando a URV fosse emitida como moeda de
>>> pagamentos (o que ocorreu em 1 de julho de 1994) passaria a se chamar
>>> "REAL". Hoje, tecnicamente, é o aniversário do REAL, na verdade, sua
>>> maioridade. Segue o link para um artigo que fiz para a Folha no
>>> aniversário
>>> de 15 anos. Outros textos virão para celebrar os 18 anos. Longa vida ao
>>> REAL, agora mais forte do nunca !
>>>
>>> http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/Folha%20de%20S_Paulo%20-%20Gust
>>> avo%20Franco%20Plano%20Real,%2015br%20-%2001-03-2009.mht<http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/Folha%20de%20S_Paulo%20-%20Gustavo%20Franco%20Plano%20Real,%2015br%20-%2001-03-2009.mht>
>>>
>>>
>>> URV, indexador que levou o Brasil ao Real, completa 18 anos
>>>
>>> Entrevista com Gustavo Franco, economista, sócio-diretor da Rio Bravo
>>> Investimentos e ex-presidente do Banco Central
>>>
>>>
>>> http://cbn.globoradio.globo.com/programas/cbn-brasil/2012/02/29/URV-INDEXADOR-QUE-LEVOU-O-BRASIL-AO-REAL-COMPLETA-18-ANOS.htm
>>>
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