José Guilherme Merquior.

Mario  Ferreira dos Santos é um queridinho da direita.

On Sun, Apr 8, 2012 at 10:47 PM, Joao Marcos <botoc...@gmail.com> wrote:

> Alessio nos fez uma interessante provocação, lá da Europa:
>
> **Quem seriam afinal os tais "filósofos brasileiros" de destaque?**
>
> * * *
>
> Antes, uma anedota histórica: durante o regime militar, no Brasil, um
> dos mais comuns cursos de Filosofia ofertados na universidade tinha
> justamente o curioso nome de "Filosofia Brasileira"...
>
> Não posso realmente dizer em que consistia a ementa, neste caso, mas
> talvez alguns dos colegas mais experientes possam nos contar!
>
> * * *
>
> Outra anedota: a página de "Filosofia do Brasil" na Wikipédia existe
> mas não contém nenhum verbete!
> http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Categoria:Filosofia_do_Brasil
>
> * * *
>
> Bom, agora sério.  Alguém precisa contar para o Alessio, antes de mais
> nada, que o Brasil ainda é um daqueles países em que a promiscuidade
> entre filosofia e religião persistem.  De fato, até mesmo a comissão
> de Filosofia, no CNPQ, é dividida em "subcomissão Filosofia" e
> "subcomissão Teologia".  Não deixa de fazer sentido isso: boa parte
> dos filósofos da Velha Guarda ainda são (ex?)seminaristas.  Outros
> "filósofos" simplesmente acreditam que podem ser religiosos e não
> questionar isso.  Enfim...
>
> Alessio, talvez não seja exagero dizer que em "filosofia
> profissional", no Brasil, essencialmente faz-se e fez-se "história da
> filosofia" ou "comentários à filosofia do autor X": há positivistas (à
> la Auguste Comte, há tanto tempo superado aí na França!) como Teixeira
> Mendes e Miguel Lemos, há kantianos, heideggerianos, nietszcheanos,
> platonianos, spinozanos, husserlianos, sartrianos, "psicanalósofos"
> (principalmente da vertente lacaniana, elevada a um expoente inusitado
> aí na França), há espiritualistas (herdeiros do Allan Kardec,
> praticamente desconhecido aí na França!), há neomarxistas e marxianos,
> há teólogos e pedagogos da libertação.  Atualmente há também uma boa
> quantidade de wittgensteinianos e alguns pragmatistas.  Faut-ils
> brûler?
>
> Quais escolas filosóficas imprimiram marca mais profunda na ideologia
> brasílica?  O positivismo (está já na bandeira!) e o integralismo, eu
> ousaria dizer...
>
> Alessio pediu contudo para _listarmos_ filósofos brasileiros,
> demonstrando a sua existência por enumeração ostensiva.  Vou oferecer
> assim alguns nomes mais conhecidos, sem nenhuma pretensão de
> completude (ou sequer indicar com isso que valha a pena "comprar os
> livros deles").  Vou, ainda, me limitar a nomes de filósofos já
> falecidos, para evitar disputas bizarras com gente que possa se
> chatear por não aparecer na lista.  Não vou tão longe quanto a
> pré-história da nossa Filosofia e citar gente como Domingos José
> Gonçalves de Magalhães, romântico, nacionalista literário, médico e
> diplomata, ou Padre Antonio Vieira, sermonista de plantão.  Não:
> concentremo-nos em alguns nomes mais contemporâneos (não será tão
> difícil citar alguns --- seria na verdade difícil citar muitos!).
> Vamos lá:
>
> (1) Benedito Nunes, heideggeriano, filósofo da arte
>
> (2) Bento Prado Jr, filósofo da psicanálise e da linguagem
>
> (3) Caio Prado Jr, historiógrafo marxista
>
> (4) Claudio Ulpiano, deleuziano
>
> (5) Gerd Bornheim, heideggeriano (e sartriano)
>
> (6) Gilda de Mello e Souza, crítica literária
>
> (7) Henrique Cláudio de Lima Vaz, jesuíta, hegeliano, trabalhou em
> antropologia filosófica
>
> (8) José Augusto Merquior, culturólogo, historiador das ideias
>
> (9) José Bonifácio de Andrada e Silva, Patriarca da Independência,
> civilizador de índios bravos e agricultor das selvas
>
> (10) Júlio de Castilhos, político, disseminador nacional do ideário
> positivista
>
> (11) Mário Ferreira dos Santos, criador da filosofia concreta
> ("completamente baseada na lógica")
>
> (12) Miguel Reale, jurista tridimensional (fato, valor, norma)
>
> (13) Paulo Freire, pedagogo da opressão e da libertação
>
> (14) Plínio Salgado, criador da Ação Integralista Brasileira,
> inspirado no fascismo italiano
>
> (15) Vilém Flusser, fenomenólogo, filósofo da comunicação e da
> história --- conta como filósofo brasileiro?
>
> Não se chateie, Alessio, se você não tiver ouvido falar ainda na maior
> parte deles.  Eu, por exemplo, trocaria facilmente alguns destes nomes
> por:
>
> (A) Barão de Itararé, nosso mais modesto e democrata pensador
>
> (B) Oswald de Andrade, escritor antropófago, comedor de europeus
>
> [Isso foi outra piada, tá?]
>
> * * *
>
> Por fim, com relação à escola fundada por nosso amigo
> brito-australiano (por quem também não nutro nenhum fetiche, mas cuja
> competência filosófica sei reconhecer), não posso dizer que esteja de
> pleno acordo com o alcance *filosófico* do trabalho de alguns deles
> (penso especificamente em um aluno de Graham, que testemunhei ter uma
> dificuldade muito elementar em Lógica --- e ainda por cima publicar a
> bobagem!).  Mas você tem toda a razão, Alessio, em chamar a atenção
> para o fato de que a "escola australiana" tem tido razoável sucesso em
> formar "filósofos de verdade"!
>
> Abraços sempre lógicos, mas não necessariamente filosóficos,
> Joao Marcos
>
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