Júlio
Mesmo a caracterização do que seja a lógica clássica não é bem assentada. Há 
várias "lógicas clássicas". Consequentemente, o que sejam as não clássicas 
merece consideração idem. Mas se estamos falando de uma lógica que usa, 
digamos, um símbolo de negação com axiomas distintos daqueles típicos do 
(chamado) cálculo proposicional clássico (uma das "lógicas clássicas"), não se 
está "alterando" a negação clássica, porque podemos fazer isso sem nem ao menos 
mencionar os postulados "clássicos". Simplesmente estaremos dando postulados 
para a "nossa negação" e pronto. Uma pessoa vinda da Lua que não conheça os 
postulados usuais acharia que esses nossos é que são os bacanas. Logo, não é 
preciso partir das nossas lógicas clássicas, ainda que usualmente façamos isso 
por motivos históricos, pois é mais  ou menos ela, ou pelo menos um fragmento, 
digamos, "construtivo"  dela que as pessoas comuns parecem ter na cuca (ainda 
que eu duvide que o layman tenha na cuca a implicação material, dada a 
dificuldade que os alunos em geral têm para entender isso). Mas lembre do que 
eu sugeri antes. Somente enunciar axiomas não diz praticamente nada. Eles têm 
que ser motivados nem que seja por uma "semântica" intuitiva primeiro. 
Deste modo, a minha resposta para a sua questão final é "não". 
Não vou me entender demais e se for o caso, volto.
Abraço
D



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Décio Krause
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Catarina
88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
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Em 11/04/2012, às 00:10, Julio César <jcacusto...@yahoo.com.br> escreveu:

> 
>> 
>> 
>> 
>> Olá Décio,
>> 
>> Que bom que ao que tudo indica começamos a nos entender! Embora parece que 
>> não me fiz compreensível para quase ninguém mais.
>> 
>> De fato, estou pressupondo que contradições genuínas são aquelas expressas 
>> classicamente. Também estou pressupondo que a negação genuína é aquela 
>> expressa classicamente. Mas isso não é mera questão de gosto ou torcida pela 
>> lógica clássica, mas é sim como uma metodologia necessária em tal discussão. 
>> Quando as lógicas não clássicas pretendem restringir a não-contradição, ou 
>> generalizar a negação, não estão elas falando dos operadores e princípios da 
>> lógica clássica? Não é ali que eu deveria verificar se as falhas e 
>> limitações realmente procedem? Não é a lógica clássica que pretendem 
>> alterar? Não é justamente por isso que são... não-clássicas?
>> 
>> Isso não me autoriza (ou me obriga?) a utilizar os conceitos da lógica 
>> clássica para analisar tais propostas de alteração à própria lógica clássica?
>> 
>> Grandes abraços,
>> Júlio César A. Custódio
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