Ou seja: como a incompletude, esses outros resultados estranhos têm consequências fora da lógica.
2016-06-16 8:23 GMT-03:00 'Samuel Gomes' via LOGICA-L < logica-l@dimap.ufrn.br>: > Oi Hermógenes, > > --> A coisa dos "modelos pensantes" é simplesmente um jargão. Dizer que um > modelo M "pensa" uma certa asserção phi é simplesmente > dizer que M modela phi, i.e., que phi é válida em M, que phi é verificada > em M. > > Exemplo: por Lowenheim-Skolem "pra baixo", a teoria dos reais (em primeira > ordem) tem modelo enumerável. Então podemos ter uma > estrutura enumerável M no qual todas as sentenças sobre os reais são > válidas, quando relativizadas a M (existe x = existe x em M, para todo x = > para todo x em M, e assim por diante). > > O que choca inicialmente as pessoas é: como pode existir um modelo > enumerável de algo que é não-enumerável ? Esse seria o tal do > Paradoxo de Skolem... > > Pois é, o que ocorre é que o tal modelo enumerável "pensa" que é > não-enumerável. Pois todas as funções que > sobrejetam os naturais em M estão FORA do modelo: eu olhando de fora sei > que ele é enumerável, mas "lá dentro" as tais > funções que o enumeram não estão, essas funções não pertencem a M. "Na > opinião dele", ele é enumerável - pois a sentença "Não existe bijeção entre > a estrutura > e os naturais" é verificada, é válida lá. > > (É a velha historinha de que a formiguinha que está andando sobre a mesa > não consegue enxergar a terceira dimensão: ela "pensa" que > o mundo é bidimensional, porque o modelo onde ela vive é assim). > > --> você pergunta "por quê" estamos usando o Teorema de Completude para > ZFC, então não tenho certeza > se realmente a sua pergunta é sobre "por quê" ou "como", então vou > aproveitar a oportunidade para > dar respostas rápidas para ambas... > > "Por quê ?": se a pergunta foi essa, talvez você esteja confundindo > completude SEMÂNTICA (= "se é consistente, tem modelo") com > completude SINTÁTICA (="toda sentença pode ser provada ou refutada"). > > ZFC = ZFC de primeira ordem aí no nosso contexto, portanto, por ser uma > teoria de primeira ordem, vale o Teorema de Completude para > ZFC - o que dá a completude semântica de ZFC. Notar que > > "Se é consistente, tem modelo" é um enunciado equivalente a "Consequências > semânticas são consequências sintáticas" > > (aqui estou falando como lógico; se eu estivesse falando como matemático, > eu possivelmente diria que os dois teoremas acima > são equivalentes, hehe, mas na verdade sabemos que são dois enunciados > equivalentes para o mesmo teorema, digamos) > > As recíprocas são o Teorema da Correção (Soundness), cujos enunciados > equivalentes são > > "Se tem modelo, é consistente" <=====> "Consequências sintáticas são > consequências semânticas" > > (o que é mesmo o lado fácil: se phi é uma consequência sintática de T > (i.e., se T prova phi), então a correção do sistema > garante que phi vai ser válida em todos os modelos de T (i.e., phi é > consequência semântica de T)) > > > ... Ou seja, o Teorema de Completude garante a completude semântica de ZFC > com primeira ordem, enquanto que > o Teorema de Incompletude mostrou a incompletude sintática de ZFC. > > > --> "Como": Seja Con(ZFC) a declaração de que ZFC é consistente (que eu > comentei na outra mensagem ser equivalente à > Sentença de Gödel). > > Então, pelo primeiro ou pelo segundo teorema de incompletude, meio que > tanto faz porque no fundo é a mesma > coisa, > > ZFC não prova Con(ZFC) - ou seja, Con(ZFC) não é consequência sintática de > ZFC. ("Claro que na verdade não prova nem refuta, mas sigamos só disso") > > Por Completude, se não é consequência sintática então não é consistência > semântica. > > Então não é verdade que Con(ZFC) seja válido em todos os modelos de ZFC. > > Portanto, existe um modelo de ZFC no qual Con(ZFC) não é válido. Esse é um > tal modelo que "pensa que não existe" - pois, dentro dele, > a asserção "existem modelos de ZFC" (que é equivalente a "ZFC é > consistente", por Soundness + Completeness) não é verificada. > > > ... Notar que, também por completude, deverão existir modelos de ZFC onde > Con(ZFC) é válido e também deverão > existir modelos de ZFC onde Con(ZFC) não é válido ("se todos os modelos > concordassem, existiria uma prova", essencialmente é isso > que Completude diz). Aí podemos aplicar Soundness e chegar em > Con(Con(ZFC)) e Con(não Con(ZFC)), ou seja, > Con(ZFC) é independente de ZFC. > > > ... Espero que ajude, > > Até, > > []s Samuel > > > > > On Wednesday, June 15, 2016 at 2:18:53 PM UTC-3, Joao Marcos wrote: >> >> Partilho uma pergunta interessante, com respostas instrutivas: >> >> Is there a model of ZFC inside which ZFC does not have a model? >> >> http://math.stackexchange.com/questions/1826423/is-there-a-model-of-zfc-inside-which-zfc-does-not-have-a-model >> >> >> JM >> > -- > Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos > Grupos do Google. > Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie > um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. > Para postar nesse grupo, envie um e-mail para logica-l@dimap.ufrn.br. > Acesse esse grupo em > https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/group/logica-l/. > Para ver essa discussão na Web, acesse > https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/e2a686f9-f6b3-4e1b-8d8f-0158d95bad74%40dimap.ufrn.br > <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/e2a686f9-f6b3-4e1b-8d8f-0158d95bad74%40dimap.ufrn.br?utm_medium=email&utm_source=footer> > . > -- fad ahhata alati, awienta Wilushati -- Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" dos Grupos do Google. 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