COMO OS HOMENS CONSEGUEM AMOLDAR A PALAVRA DE DEUS
Entre as curiosas contradições dos que aceitam a Bíblia como a palavra de
Deus, podemos citar o caso das alterações do texto, com a finalidade de
adaptá-lo a interesses sectários. Essas alterações vêm de longe e constituem um
dos campos mais interessantes dos estudos bíblicos. Kardec menciona, no capítulo
quarto de O Evangelho segundo o Espiritismo, uma referência livre de Jó à
reencarnação, que aparece modificada na tradução católica de Sacy (francesa), na tradução
protestante de Osterwald e na tradução da Igreja Ortodoxa Grega. Nesta última,
que é a mais próxima do texto original, o princípio da reencarnação está
evidente.
Outra citação de Kardec, no mesmo capítulo, é de Isaías (cap. 26, vers.
19) em que a expressão bíblica é bastante clara: “os teus mortos viverão; os
meus, a quem deram vida, ressuscitarão”. Essa passagem, como outras, é adaptada
nas traduções, para esconder a crença dos profetas na reencarnação. O texto de
Jó (Cap. 15, vers. 10-14), aparece desta maneira na versão grega ortodoxa:
“Quando o homem está morto, vive sempre; findando-se os dias da minha existência
terrestre, esperarei, porque a ela voltarei novamente.”.
Temos aí uma síntese admirável do princípio da reencarnação, de pleno
acordo com o Espiritismo: morto o homem, não fica enterrado, mas ressuscita no
corpo espiritual, como ensino o apóstolo Paulo. Ressuscitado, espera no mundo
espiritual o momento de voltar à vida terrena, a fim de prosseguir no seu
desenvolvimento. Todas as alterações, como se vê, caem fragorosamente diante dos
estudos críticos da Bíblia, que revelam o verdadeiro sentido dos textos
desfigurantes. E cada alteração corrigida mostra que os textos originais
confirmam os princípios do Espiritismo.
Mas as alterações não se deram apenas no passado. Dão-se agora mesmo, aos
nossos olhos. Examine o leitor a última edição da Bíblia feita pela Sociedade
Bíblica do Brasil e impressa em São Paulo, nas oficinas da “Impress”. A tradução portuguesa é a clássica, de João Ferreira de
Almeida, mas “revista e atualizada no Brasil”. A revisão implicou a mudança de
palavras, às vezes com a finalidade de enquadrar o Espiritismo nas condenações
bíblicas às práticas da antiga magia. É assim que, em I Samuel, como título do
cap. 28, encontramos o seguinte: “Saul consulta a médium de En-Der”. E também no
texto a palavra espírita “médium” foi incluída. Mas no cap. 18 de Deuteronômio
foram conservadas as expressões antigas: “adivinhos e feiticeiros”. Que diria
disso o bom padre Almeida? Como se vê, a palavra de Deus é moldada pelos homens,
conforme as suas conveniências. (De “Visão Espírita da Bíblia”, de J. Herculano
Pires). Para enviar:.............................. [EMAIL PROTECTED] Para sair da lista:.............. [EMAIL PROTECTED] Nosso site:.............. http://www.geocities.com/listamensageiros/ Sugestões ou dúvidas:..... [EMAIL PROTECTED]
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