09-2001
Série Vida De Jesus, Ditada por Ele Mesmo
(Baseada no Capitulo V)
Suas pregações deram origem a uma séria de oposição, e
para acalmar a má vontade do Clero resolveu retirar-se por algum tempo
para Cafarnaum.
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Parti de Jerusalém com destino a Cafarnaum, cidade
situada à margem do lago Tiberíades e quase completamente habitada por
pescadores, negociantes e empregados do governo.
Cafarnaum pareceu-me de tal maneira adaptada para meus
fins de predestinação, que desde o primeiro momento fiz dessa cidade o
centro de minha ação e da esperança de minha vida de apóstolo.
Os pescadores de Cafarnaum eram-me simpáticos por sua
alegria franca e honrada. Os negociantes me pareciam restos de povos
diversos, atirados para ali talvez por um capricho da sorte, e os
oficiais do governo davam-me a impressão de testemunhas, felizmente
colocados ali para proteção de um homem, cujos discursos não iriam mais
além que o permitido pelo Estado.
A medíocre fortuna dos mais ricos de Cafarnaum,
assegurava-me um tranqüilo ascendente tanto sobre as classes pobres
quanto sobre as mais favorecidas. Os costumes simples e as limitadas
ambições favoreciam o engrandecimento do círculo de meus ouvintes e meu
poder como filho de Deus se estabeleceria nos corações dos fiéis
depositários de minha palavra com maior tenacidade que em nenhuma outra
parte.
O benévolo acolhimento que me foi dispensado em
Cafarnaum tinha seus motivos nas recomendações de meus amigos de
Jerusalém. Meus primeiros protetores foram aqui, estes também, meus
primeiros discípulos, e minhas tarefas foram das mais fáceis a
princípio.
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Façamos por merecer, queridos irmãos, com esforços
elevados e com o terno reconhecimento dos nossos corações, que Deus nos
aplaine os caminhos abertos diante de nosso espírito para levá-lo ao
apogeu da ciência e da prudência, porém jamais digamos que a Providência
nos conduz; não afirmemos que nossos passos estão assinalados e que tal
espírito é guiado por tal espírito. Não, a justiça de Deus é mais
elevada e todos os homens tem direito à sua misericórdia.
Que gênero de aliança com os espíritos de Deus quereis,
irmãos meus, que engendrem vossas alegrias se vós não a mereceis com
ardor e a perseverança de vossas resoluções? – Que manifestações podeis
esperar de Deus se entre vós não reinar a concórdia e a justiça? – De
quantos erros, em troca, e de quantas mentiras não sereis vós outros o
joguete se com vossa vergonhosa vida facilitardes a aliança do vosso
espírito com os espíritos embusteiros da humanidade mortos no opróbrio?
– Desligai-vos do erro, desligai-vos dos amores corrompidos e a verdade
vos descobrirá seus tesouros e o amor divino manifestará seu calor à
vossa alma.
Fazei os preparativos de vossa elevação, adornai a casa
em que guardais o espírito de Deus para que ela seja digna dele. Atirai
para o lado as coisas mal sãs e lavai as chagas por elas deixadas para
que o espírito do Senhor não se sinta repelido e se afaste. Limpai a
cabeça, limpai o coração, limpai o espírito, limpai a consciência e
facilitai a entrada na habitação com ternos chamados, com firmes
promessas e com ardentes desejos. Ah! Irmãos meus: Quanto se enganam os
que crêem que o caminho dos acontecimentos esta submetido à
fatalidade e que essa fatalidade, cujos golpes ecoam no coração do
homem, fere cegamente, inculcando à criatura a ausência de um Ser
Inteligente.
Uma vez mais, não. A justiça de Deus existe e para
todos a fatalidade não é outra coisa que o castigo merecido. A
fatalidade respeita-vos quando vos encontrai-vos sob a proteção de um
espírito de Deus, mas esta proteção não se adquire sem sacrifícios e os
sacrifícios são expiações. A supremacia do mando, a servidão, a riqueza,
a escravidão, são expiações. A virtude nos reis é pouco comum, a coragem
nos escravos é pouco comum, o vigor do espírito nos deprimidos é pouco
comum, a liberdade nos ricos é pouco comum. Entretanto todos se
livrariam da fatalidade mediante a virtude, a coragem, a energia do
espírito e a liberdade. Todos progrediriam no caminho do próprio
melhoramento se estivessem convencidos da justiça de Deus e das
promessas da via eterna. A justiça de Deus a todos nós protege com o
mesmo apoio e nos carrega com igual fardo. Ela nos promete a mesma
recompensa e nos humilha do mesmo modo, nos alumia com o mesmo facho e
nos abandona com o mesmo rigor. Não preludiemos nossa decadência
intelectual com a aceleração de nossos princípios religiosos;
alimentemos em troca nosso espírito com o quadro, colocado contentemente
na luz diante do nós, da infalibilidade da Justiça Divina. Peçamos a
proteção dos espíritos de Deus, mas não imaginemos que eles hão de
proteger uns mais que os outros sem a purificação da alma protegida.
Eu me havia desviado do meu objetivo ao afastar-me de
Jerusalém, porém remediei em parte meu erro estabelecendo-me em
Cafarnaum. Entretanto, os espíritos de Deus não me haviam guiado nestas
circunstâncias, porquanto a parte intelectual de minha obra pertencia-me
completamente. O objetivo de minha vida devia honrar-me ou encher-me de
arrependimento, e os espíritos de Deus se apartariam de mim se minhas
alegrias humanas maculassem sua pureza.
Espíritos de desordem inspiravam-me penosas indecisões,
espíritos de trevas agitavam minha mente com dúvidas a respeito de meu
destino, espíritos de orgulho faziam resplandecer diante dos meus olhos
a pompa das festas mundanas e o prazer dos amores carnais.
Perdido no meio da uma perturbação inexprimível,
levantava os olhos ao céu com olhar esquadrinhador, mais firme depois da
prece, lutava com coragem. Bem o sabem os que dizem: "Jesus foi
transportado sobre uma montanha e o demônio mostrou-lhe os reinos da
Terra para tentá-lo".
Irmãos meus, o demônio, figura simbólica do espírito do
mal, encontra-se onde quer que estejam espíritos encarnados na matéria,
e eu me encontrava entregue às ondas desse mar que se chama Vida Humana.
A lei de perdição, a lei do conservação os gozos materiais, os gozos
espirituais disputam o espírito do homem e a vitória coroa o espírito
que soube lutar até sua completa purificação.
Eu reprimia os instintos da natureza carnal, haurindo
forças no eterno princípio do poder da vontade, pois a luz do meu
espírito só me iluminava durante o repouso que se segue à luta, durante
a calma que vem depois da tempestade. Devido tão somente à minha força
de vontade eu era senhor das paixões funestas para o progresso do ser e
durante o descanso de minhas forças parecia que a memória espiritual
renascia em mim; considerava então a habitação temporária do corpo como
um estreito cárcere para o espírito e o ar da liberdade anímica
penetrava em meu peito em celestes aspirações.
A facilidade que eu tinha para descobrir as fraquezas
dos homens colocava-os sob minha dependência.
Minhas palavras tomavam o caráter de revelações, quando
as chagas ficavam a descoberto, e a aparência de predições, quando a
indignação transbordava de meu peito. Meus esforços em curar se dirigiam
também ao corpo, cujos sofrimentos me era dado apreciar pro alguns
estudos adquiridos a respeito. Pelo que diz respeito aos meus meios de
curar, consenti em admitir, irmãos meus, que sua virtude era
puramente humana, e deixai que meus milagres durmam em paz.
Estes atiraram sobre mim esta nódoa da qual venho agora
livrar-me. O Centurião de Cafarnaum é um personagem tomado dentre os que
me deveram a saúde e a tranqüilidade. A tudo o que disseram com
referência a este fato1 eu lhe oponho um desmentimento
formal, porquanto essas palavras não podiam senão ser favoráveis à
crença em minha divindade, enquanto que ninguém em minha vida carnal me
tomou por um Deus; porque as multidões eram mantidas por mim na adoração
de um só Deus, Senhor e dispensador da vida; porque meu titulo de filho
de Deus não implicava a transgressão do princípio sobre que descansa a
personalidade divina, porque a eterna lei dos mundos coloca a morte
corporal no abismo do esquecimento, entretanto o pensamento segue o
espírito no campo as imortalidade; porque a morte é o termo prescrito
pela vontade divina, que não pode desmentir-se; porque, a ressurreição
deve entender-se tão somente no sentido da libertação do espírito;
porque a ressurreição do corpo seria para traz, ao passo que o espírito
caminha sempre para diante. A ressurreição, irmãos meus, jamais tem
lugar, a morte nunca deve ser a sua presa. A morte, emblema da
petrificação, é o aniquilamento da forma material. O espírito que
abandonou dita matéria não se preocupa mais dela e só a vida que se abre
diante dele o cativa e o arrasta.
Jesus não pode ressuscitar ninguém. Tão pouco foi Jesus
quem curou com imposição das mãos e com suas palavras. – Ele orou, pediu
a libertação dos enfermos e consolou os pobres, fez brotar alegrias no
coração dos aflitos e esperança na alma dos pescadores. A terna
melancolia de suas conversações atraía para junto de si os melancólicos
e às vezes sal terna alegria descarregava os mais sinistros semblantes.
Os pobres eram seus assíduos companheiros e as mulheres de má vida
corriam para ele para beber em suas palavras o olvido, a força, a
compaixão e o ânimo, e, sobre a vergonha, ele estendia com rapidez o véu
radiante da purificação.
"Meu pai, dizia, conhece nossa fraqueza. Ele nos espera
e nos chama com carinhoso emprenho. Corramos a atirar-nos em seus braços
e os maiores delitos serão perdoados.
Meu pai é também o vosso; minha habitação será
igualmente a vossa. Deixai pois vossos mortos e vinde habitar com os
vivos."
Com as palavras vossos mortos eu queria indicar os
excessos e os projetos insensatos, as desilusões e a nódoa da vida, os
gozos desordenados, os infortúnios fatais para a prosperidade material a
s más influências do amor, do ódio, do remorso e do terror, do pecado e
do temor do castigo. As alegrias inocentes devolviam o sorriso a meus
lábios e as crianças era sempre por mim me recebidas.
"Deixai vir a mim os pequeninos", dizia, e tomava suas
mãos entre as minhas e os enchia de carícias. Os ódios e as discussões
acalmavam-se pela virtude de meus ascendentes. Todas as rivalidades
desapareciam do circulo que eu tinha formado, e a terna simpatia das
mulheres lançava sobre minha vida a sombra protetora das mães, pelos
cuidados que eram inerentes à minha pessoa.
(Extraído do livro Vida de Jesus Ditada por Ele
Mesmo; 3ª Ed.; São Raphael Ltda. RJ.)
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quiser obtê-la, basta enviar-me um pedido em PVT com o numero do escrito
desejado).