À MINHA
TERRA
Que
terno sonho dourado
Das
minhas horas fagueiras,
No
recanto das palmeiras
Do
meu querido Brasil!
A
vida era um dia lindo
Num
vergel cheio de flores,
Cheio de aroma e
esplendores
Sob
um céu primaveril.
A
infância, um lago tranqüilo
Onde começa a existência,
Onde os cisnes da
inocência
Bebem o néctar do
amor.
A
mocidade era um hino
De
melodias suaves,
Formadas de trinos de
aves
E
de perfume de flor.
O
dia, manhã ridente,
Numa canção de
alvorada;
A
noite toda estrelada
Após o doce
arrebol;
E
na paisagem querida,
Os
ramos das laranjeiras
E
das frondosas mangueiras
Douradas à luz do
Sol!
Oh!
que clarão dentro dalma,
Constantemente
cismando,
O
pensamento sonhando
E o
coração a cantar,
Na
delicada harmonia
Que
nascia da beleza,
Do
verde da Natureza,
Do
verde do lindo mar!
Oh!
que poema a existência
De
infância e de mocidade,
De
ternura e de saudade,
De
tristeza e de prazer;
Igual a um canto
sublime,
Como uma estrofe
inspirada
Na
noite e na madrugada,
Na
tarde e no amanhecer.
De
tudo me lembro e quanto!
A
transparência dos lagos,
As
carícias, os afagos
E
os beijos de minha mãe!
Dos
trinos dos pintassilgos,
Da
melodia das fontes,
As
nuvens nos horizontes
Perdidos no azul do
além.
Quando eu cruzava as
Campinas,
Sem
sombras de sofrimento,
Descalço, com o peito ao
vento,
Num
tempo doce e feliz!
Os
pessegueiros floridos,
As
frondes cheias de amora,
O
manto de luz da aurora,
Os
pios das juritis!
Se
a morte aniquila o corpo,
Não
aniquila a lembrança:
Jamais se extingue a
esperança,
Nunca se extingue o
sonhar!
E à
minha terra querida,
Recortada de
palmeiras,
Espero em horas
fagueiras
Um
dia poder voltar.
Casimiro
de Abreu
(De “Parnaso de Além-Túmulo” – Poesias mediúnicas –
Francisco Cândido Xavier – Autores espirituais diversos – FEB – Edição
ilustrada, anotada e estilisticamente
estudada).