OS SEGREDOS DO UNIVERSO
Como criou Deus o Universo?
Para me servir de uma expressão corrente, direi: pela sua Vontade.
Nada caracteriza melhor essa vontade onipotente do que estas belas
palavras da Gênese — “Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi
feita.”
Questão 38 de O Livro dos
Espíritos.
[...] Os místicos sempre intuíram como tudo
começou.
Na milenar civilização hindu concebe-se que um ovo dourado
produzido pela divindade se rompeu em determinado momento dando origem ao
Universo.
Na Bíblia, a imagem poética:
Faça-se a luz e a luz se
fez...
Pairando acima de
cientistas e religiosos temos a figura augusto do Cristo, luz intensa que
brilhou na Terra há dois mil anos, permitindo-nos identificar a força
suprema que movimenta o Universo e sustenta a
vida.
Chama-se Amor.
* * *
Viajores da Eternidade, deslocando-nos em velocidade vertiginosa
pelo Infinito, a bordo da nave Terra, tranqüila seria nossa jornada se
exercitássemos amor.
Jesus, que amou intensamente, legou-nos a fórmula
ideal:
Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim
também a eles.
Quando, num prodígio
de entendimento e harmonização, todos os homens seguirem essa orientação,
teremos a mais espantosa revolução na sociedade
humana.
Cessarão os desníveis sociais absurdos que fazem a vergonhosa
convivência entre a miséria e a
opulência...
Acabaremos com a fome e a
desolação...
Ninguém se sentirá feliz em casa confortável, com belo guarda-roupa
e sortida despensa, enquanto existirem multidões que não têm onde morar,
nem o que vestir, nem o que comer...
* * *
Inibindo o amor há o velho egoísmo humano, que nos leva a
racionalizações para justificar a omissão diante dos pobres de todos os
matizes.
São eleitos de Deus, que lhes impõe males e privações para
conduzi-los ao Céu — explicam muitos
religiosos...
Estão resgatando débitos cármicos — dizem muitos
espíritas...
Madre Teresa de Calcutá, a grande servidora do Cristo, comenta
sabiamente:
Falar sobre os pobres está em moda, mas conhecer, amar e servir
aos pobres é coisa bem diferente.
Talvez consigamos algo
nesse sentido se cultivarmos um pouco de compaixão; se, diante das
misérias humanas, a gente ter dó, como se diz
popularmente.
Compadecendo-nos venceremos o imobilismo e talvez sejamos até
capazes de vivenciar o amor, cujo melhor sinônimo, aquele que melhor o
explicita, é o verbo servir.
A propósito, diz um sábio judeu que aprendeu o verdadeiro amor ao
próximo ouvindo a conversa de dois
aldeões.
Dizia o primeiro:
— Diga-me, amigo João, você gosta
de mim?
— Claro! Sou seu amigo. Gosto muito
de você.
— Você sabe, amigo João, o que me
dói?
— Ora, como posso saber o que lhe
dói?
— Mas, João, se você não sabe o que
me dói, como pode dizer que gosta de
mim?
Conclui o
sábio:
O verdadeiro amor ao próximo consiste em saber o que
dói no outro.
* * *
De lição em
lição aprendemos o que é o amor.
Um dia nos
disporemos a exercitá-lo.
Então, o
Universo não terá segredos para nós.
Seremos parte
dele, integrados no infinito amor de
Deus.
(De “A
presença de Deus”, de Richard
Simonetti)