O ALARDE
São raras as pessoas que sabem dosar a palavra quando são chamadas a
esta ou àquela narrativa de acontecimentos menos felizes.
Se alguém simplesmente torce o pé, numa queda sem importância, alguém
já conta a alguém que fulano quebrou a perna.
Às vezes, numa simples batida de uma máquina com outra,alguém já diz da
catástrofe onde não houve sobreviventes.
Quando alguém se refere a doença, uma simples gripe ou resfriado
qualquer, já toma a dimensão de uma
tuberculose.
Assim tem sido o homem na sua invigilância do dia-a-dia da vida e dos
acontecimentos. Exageramos tudo, criticamos tudo, aumentamos para pior as
pequenas coisas que acontecem.
Que coisa extraordinária não seria se nós já tivéssemos aprendido a
usar nossa imaginação, a força magnética de nossas palavras, apenas para
garantir a paz, o bem, a saúde, o trabalho e a
ordem.
Por enquanto, o homem, não obstante ser um ser racional, pensa e age
como se ainda fosse um ser não-racional.
(Do livro “Escalada de Luz”, de
Jerônimo Mendonça)
INFORMAÇÃO DE CONTRA-CAPA DO LIVRO: Mesmo numa cama
ortopédica, depois de perder o movimento das pernas, dos braços e a visão,
Jerônimo Mendonça, aquele rapazinho animado de Ituiutaba, fundou dois Centros
Espíritas, uma gráfica, e escreveu 5 livros, gravou 2 LPs e em 1983, fundou o
Lar Espírita Pouso do Amanhecer, atendendo diariamente, desde então, cerca de
200 crianças carentes. Concomitantemente, Jerônimo proferia palestras por todo
o Brasil carregado em sua cama, na qual permaneceu por 30 anos até o seu
desencarne em novembro de
1989.