O HOMEM NO MUNDO Irmão Saulo* O Espiritismo é um processo de integração do homem no mundo e não de fuga. Todas as formas de isolamento social e de segregação religiosa são condenadas pela Doutrina. Os resíduos do sectarismo religioso, alimentados em várias encarnações, permanecem ainda bastante ativos em alguns adeptos, fazendo-os sonhar com um isolacionismo sectário que atenta contra a própria essência dos ensinos espíritas. É o fermento velho a que se referiu Jesus, como vemos no Evangelho.
O Cristianismo teve de enfrentar esse mesmo problema em seu
desenvolvimento. E, apesar da vitória das correntes cristãs mais ativas, não foi
possível evitar-se a criação de ordens e congregações dedicadas à vida
contemplativa, empenhadas na fuga ao mundo para o encontro com Deus. Essa
tendência à fuga é característica das religiões orientais. Basta comparamos a
vida contemplativa e os ensinos disciplinares de Buda com a vida ativa e os
ensinos morais do Cristo, para vermos a diferença entre o espírito oriental e o
espírito ocidental nas religiões.
Na mensagem intitulada “O homem no mundo”, constante do capítulo XVII de
O Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos o seguinte trecho: “Não
penseis que, ao vos exortar à prece e à evocação mental, queiramos levar-vos a
viver uma vida mística que vos mantenha fora das leis da sociedade. Não. Vivei
com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens. Sacrificai-vos às
necessidades e até mesmo às frivolidades de cada dia, mas fazei-o com o
sentimento de pureza que as possa purificar”. E no capítulo “A Lei de
Sociedade”, de O Livro dos Espíritos, a afirmação é taxativa: “Os
homens são feitos para viver em sociedade”.
Os médiuns e doutrinadores
espíritas têm uma missão eminentemente social. Para bem cumprir essa missão
devem servir-se de todos os meios, os mais eficientes possíveis, de divulgação
da doutrina. E foi o próprio Jesus quem ensinou que não devemos esconder a
lâmpada embaixo da cama, mas colocá-la no alto, para que elimine a
todos. * Pseudônimo de J. Herculano Pires nos seus artigos publicados no Diário de São Paulo. (De: “Na Era do Espírito”, de Francisco Cândido Xavier e
J. Herculano Pires – Espíritos Diversos).
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