MÃE
SOZINHA
Dizem “mulher da
alegria”,
Quando ela passa na
rua;
A pobre mãe
continua,
Os olhos fitos no
chão!...
Quanto fel, quanta
agonia
Nessa mulher que
condenas!...
Ninguém lhe conhece
as penas
Cravadas no
coração.
Tristeza no
desconforto,
Sem palavras que a
revele,
Trapos dourados na
pele,
Traz a angústia por
dever.
Viúva de um vivo
morto,
Ei-la que segue
sozinha,
Tem ao longe a
pobrezinha,
Um filho quase a
morrer.
Já bateu a tanta
porta,
Já pediu a tanta
gente!...
Dói-lhe a ferida
pungente
De ter sido mãe sem
lar;
Abatida,
semimorta,
Apenas vê no
caminho
A febre e a dor do
filhinho
Que a morte lhe quer
roubar.
Tu que cresceste na
estrada,
Desde o berço de ouro
e rendas,
Entre mimos e
oferendas
De paz, segurança e
luz,
Fita essa mãe
desolada,
Na penúria que a
consome...
Talvez que ela tenha
fome
Ao peso da própria
cruz.
Não lhe zombes da
amargura,
Também foi criança,
um dia,
Brincava, estudava e
ria,
Rosa ao fulgor da
manhã;
Também foi bela e foi
pura,
Hoje, nas mágoas que
trilha,
Podia ser nossa
filha
Assim como é nossa
irmã.
Mãe na dor!...
Bendita seja!...
Escrava de toda
hora,
Honra as lágrimas que
chora,
Nas dores por onde
vai!...
Sem esposo que a
proteja,
Sem arrimo, sem
tutela,
Em Deus que sofre com
ela
Encontra a Bênção de
Pai.
Irene
de Souza Pinto
(De
“Caridade”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos
diversos)
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