Juventude, Participação e Eleições, muito mais a dizer

 


Nós, representantes de organizações da sociedade civil, com atuação em todas as regiões do país, membros do Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE -, após debate durante a 5ª Reunião Ordinária, realizada no dia 25 de julho, queremos manifestar nossa preocupação com a "Campanha: MTV: Ovos e Tomates¨, que trata das eleições de 2006. (Veja aqui)

A emissora tem o direito de manifestar suas opiniões e para tanto usar recursos publicitários que julgar adequados. No entanto, a veemência da mensagem veiculada nos preocupa. Segundo nossa percepção, ela condena a priori o processo eleitoral, sem indagar sobre qual é a predisposição de jovens para votar e para participar.

Para a surpresa de muitos, os dados do alistamento eleitoral para 2006, divulgados pelo TSE, mostram um aumento de 39%, em relação a 2002, do número de eleitores de 16 e 17 anos, faixa etária em que o voto é facultativo. Foi nesta faixa etária o maior crescimento proporcional de eleitores.

Além disto, segundo a pesquisa Juventudes Brasileiras, recentemente divulgada pela UNESCO, 68,8% dos jovens de 15 a 29 anos, responderam acreditar que o voto pode mudar a situação do país e 66,6% deles afirmaram não ser aceitável não votar nas eleições.

A estas informações somam-se as experiências de participação que temos acompanhado de perto. Nos grêmios estudantis, centros acadêmicos, nas posses de Hip-Hop, nas Ong´s, nos movimentos de mulheres, de jovens rurais, nos grupos culturais, sindicais, religiosos e esportivos há jovens preocupados em valorizar a participação cidadã através do voto. Aqui cabe destacar as Campanhas pelo Voto aos 16 realizadas pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e pela Rede de Jovens do Nordeste (RJNE). Estas Campanhas não só convocam os jovens ao alistamento eleitoral e à escolha responsável de candidatos como, também, incentivam o acompanhamento posterior do desempenho dos eleitos.

Do nosso ponto de vista, convocação ao uso de "ovos e tomates", durante o período eleitoral - mesmo como recurso da linguagem publicitária - não contribui para a superação dos reais problemas de violência e corrupção em nosso sistema político que esta mesma Campanha da MTV evidencia.

Compreendemos que para uma emissora de TV pode parecer mais "realista" expressar, com ironia, desilusões e opiniões correntes. No entanto, acreditamos que os meios de comunicação, para cumprir seu papel, deveriam encontrar formas criativas para expressar experiências e predisposições diversas também presentes na sociedade brasileira de hoje. Este é o sentido desta nota.

Esperamos que a MTV, e também outros meios, construam agendas e espaços para a expressão das idéias de diferentes setores da juventude brasileira que acreditam que as eleições são imprescindíveis para o fortalecimento da democracia. Desta forma, também estaremos valorizando a função pública dos meios de comunicação.

Nos colocamos a disposição para maiores esclarecimentos e todos os debates públicos que se fizerem necessário.

Brasília, 25 de Julho de 2006



fonte: www.une.org.br

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