On Fri, Jan 09, 2004 at 10:10:27AM -0200, [EMAIL PROTECTED] wrote: > Alguém saberia dizer algum livro interessante que explique bem o Lema de > Zorn??
O meu livro favorito de introdução à Teoria do Conjuntos é o Naïve Set Theory, do Paul R. Halmos. Existe uma tradução para o português. Se você estiver interessado em um livro mais especializado tem o The Axiom of Choice, do T. Jech. O Lema de Zorn diz o seguinte. Seja A um conjunto. Alguns subconjuntos de A são chamados "bons". Sabemos que se X é uma cadeia de conjuntos bons então a união de todos os conjuntos em X também é um conjunto bom. O Lema de Zorn então garante que existe um conjunto bom maximal. Um conjunto de conjuntos X é uma cadeia se para todos Y1 e Y2 em X, ou Y1 está contido em Y2 ou Y2 está contido em Y1. Um conjunto bom Z é maximal se não existir nenhum conjunto bom Z' tal que Z está estritamente contido em Z'. Como exemplo de aplicação, vou provar usando o Lema de Zorn que se B1 e B2 são dois conjuntos quaisquer então ou existe uma função injetora de B1 em B2 ou existe uma função injetora de B2 em B1 (ou as duas coisas). Seja A = B1 x B2, o produto cartesiano de B1 com B2. Um subconjunto Z de A é dito bom se sempre que (b1,b2) e (b1',b2') forem elementos distintos de Z então b1 é diferente de b1' e b2 é diferente de b2'. É bem fácil verificar a condição sobre cadeias. Ora, o Lema de Zorn nos diz que existe Z bom maximal. Afirmo que ou a projeção de Z na primeira coordenada é B1, ou a projeção na segunda coordenada é B2 (ou as duas coisas). De fato, se nenhuma das duas projeções fosse igual a Bi então existiria um par (b1,b2) com b1 fora da projeção na 1a coordenada de Z e b2 fora da projeção na 2a coordenada de Z. Assim Z' = Z U {(b1,b2)} seria bom e Z estaria estritamente contido em Z', o que contraria a maximalidade de Z. Assim demonstramos (por absurdo) a afirmação. Agora se a projeção de Z na 1a coordenada é B1 então Z é o gráfico de uma função injetora de B1 em B2. Analogamente, se a projeção de Z na 2a coordenada é B2 então Z^t (obtido trocando a ordem de cada par em Z) é o gráfico de uma função injetora de B2 em B1. A afirmação que eu acabei de provar pode parecer "óbvia". De fato o axioma da escolha (e o lema de Zorn) são sutis neste sentido, o que eles dizem muitas vezes pode parecer "óbvio". Mas Gödel e Cohen já demonstraram que apesar das aparências, o axioma da escolha *não* é uma conseqüência dos outros axiomas da teoria dos conjuntos. Por outro lado, a quase totalidade dos matemáticos trabalha com a hipótese implícita ou explícita de que o axioma da escolha é "verdadeiro", isto é, nem se dão ao trabalho de avisar que estão usando o axioma e acham que a idéia de fazer matemática sem poder usar o axioma da escolha é estranha, bizarra, anti-intuitiva e provavelmente inútil. []s, N. ========================================================================= Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html =========================================================================