2011/9/8 João Maldonado <joao_maldona...@hotmail.com>:
>  Deixa eu reformular a pergunta
> Uma pergunta de  física no ITA consiste em  calcular  a energia dissipada
> por um  resistor num  circuito RC série  (não se preocupe, vou fazer a parte
> física)

[...Física...]

> Primeiramente  achei a expressão:
> Integral[i.dt]  = (U0-i.R) A E0 /d

Uma coisa que ajudaria bastante a resolver esse tipo de questão é "se
livrar das constantes". É claro que você não pode fazer isso "de
qualquer forma", mas veja que U0, R, A, E0 e d são constantes (e é
\epsilon_0 para a permissividade do vácuo, logo seria melhor chamar de
e0 , eu fiquei um tempo achando que era energia armazenada inicial...)
então o que você quer na verdade é resolver

Integral i(t) dt = a - b*i (com a = U0 A E0 /d e b = R A E0 / d)

O que *ainda* não é preciso o suficiente, e eu vou interpretar (dada a
forma como você continuou) que é:

Integral, de t=0 até t=T de i(t) dt = a - b * i(T)

> Derivando  os 2 lados
> i.dt =  (- RE0A/d)  di

e derivando dos dois lados a fórmula anterior (com relação a T, que é
uma variável da minha fórmula, note que t é a variável de integração,
ela não "existe" do lado de fora da integral para podermos derivar!!)
temos realmente

i(T) = - b di/dT (T)

que é a fórmula que você obteve, com dependência explícita da variável
(e menos explícita das constantes... cada chato com sua mania, eu faço
questão de escrever todas as variáveis para não confundir as coisas)

> dt = (-RE0A/d)  di/i

Só para continuar o paralelo,

dT = -b di / i(T)

> Integrando
> t = (-R.E0.A/d).ln|i|

é aqui que "faltou" a sua constante (como você mesmo adivinhou). Como
eu estou com uma variável diferente, tenho que achar mais uma variável
de tempo. Como acabaram os t, eu vou usar s (de "segundos" se você
quiser)

Integral de T=0 até T=s dT = Integral de i=i(0) até i=i(s) -b di/i

Note que a segunda fórmula contém *também* uma mudança de variáveis,
antes era uma integral de T=0 até T=s de uma função que só dependia de
i, e assim a gente troca a integral em T por uma integral em i, e
compõe os limites da integral. Continuando, temos

s - 0 = -b ( ln(i(s)) - ln(i(0)) )

Ou seja

ln(i(s)) = -s/b + ln(i(0))

Ora, i(0) é a corrente inicial, que é de qualquer forma
Tensão/Resistência, mas acontece que nós *conhecemos* a Tensão inicial
(e a resistência não muda), e portanto i(0) = U0 / R. Tomando
exponenciais,

i(s) = U0/R * exp(-s/b)

> i = e^(-t.d/R.E0.A)
> Substituindo  C = E0.A/d
> i = e^(-t/RC)
> Quando  t = 0,teríamos i = 1,  o que é um absurdo
> pois quando  t = 0,  i = U0/R

O que confirma que eu e você temos a mesma idéia da corrente inicial :))

> Já  que  a integral sempre  despreza a constante  final, pensei que talvez
>  houvesse   algo que ainda  não está na fórmulla, até porque  ao
>  substituirmos  i na equação original,
> Integral[i.dt]  = (U0-i.R) A E0 /d
>
> fica sobrando  U0.C
> Talvez  algo do tipo  U0/R e^(-t/RC) resolvesse o  problema (t = 0,  i =
> U0/R),  ou talvez não tem nada haver,  mas em qualquer  caso, como posso
> resolver essa integral?

Nada *a* *ver*, no que toca o português. Em matemática, por outro
lado, tem *tudo* a ver. Faz parte do conhecimento habitual
(universitário...) que soluções de equações diferenciais lineares
formam um espaço vetorial. Como a equação que você obtém é realmente
linear, tudo ok. Assim, ao achar uma solução, você apenas tem que
"acertar qual é o múltiplo correto" que dá a solução para a condição
inicial que você tem. Repare que isso *só* vale para equações
diferenciais lineares, que são bastante comuns, mas longe de serem
todas que há!

Comentário final: tudo o que você fez tá bem certinho, mas faltou só
prestar atenção em como "carregar a constante" ao longo das contas.
Lembre que quando você integra, tem que "carregar uma constante" dos
*dois* lados da equação. Muitas vezes (principalmente em exercícios)
um dos lados será zero, mas na vida real, provavelmente os dois lados
serão não nulos, e é sempre melhor você ter constantes "com sentido"
do que ter apenas uma constante de um dos lados da equação. Ainda mais
que, se for o caso de uma equação diferencial não-linear, a
dependência com as constantes é beeeem mais complicada (mas também é
bem menos provável que você consiga integrar explicitamente como a
gente fez aqui, então....)

> []'s
> João

Abraços,
-- 
Bernardo Freitas Paulo da Costa

=========================================================================
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
=========================================================================

Responder a