Caros, Também tenho interesse em participar de tal discussão. Maior que minha aproximação com a Matemática Olímpica, é minha aproximação com a Matemática. Ainda maior é a aproximação de muitos alunos, sob diversos aspectos.
Vejamos no que dá... Abraço! Em 11 de julho de 2018 12:30, Claudio Buffara <claudio.buff...@gmail.com> escreveu: > Prezados colegas da lista: > > Entendo que o tema pode ser off-topic pois não trata especificamente de > problemas olímpicos, mas aqui vai de qualquer forma... > > Algum de vocês se interessa pelo ensino de matemática (escolar ou > universitário)? > > Pergunto porque há anos tenho pensado na melhor forma de ensinar > matemática (principalmente em termos de composição do currículo e de > apresentação dos tópicos nos livros didáticos), estou convencido de que não > estamos fazendo certo, nem na escola e nem na universidade, e gostaria de > ter gente interessada pra debater idéias e, quem sabe, elaborar algum > projeto mais concreto. > > Em linhas gerais, discordo da ordem em que os assuntos são abordados, na > maioria dos livros. > O foco é muito mais na ordem lógica (seguindo o rigor do método > axiomático, mesmo em livros pra ensino médio) sem nenhuma preocupação: > - com a motivação para os resultados que são apresentados (e, nos ensinos > fundamental e médio, quase nunca demonstrados); > - com tornar estes resultados intuitivos para o estudante. > > Também acho que certos assuntos deveriam ser incluídos e outros excluídos > do currículo, mas este, pra mim, é um problema menor. Pois, qualquer que > seja o tópico, se for bem ensinado e incentivar o aluno a pensar, já tá > valendo. > > A meu ver, seria ideal se cada tópico do currículo de matemática fosse > apresentado seguindo a sequência: > identificação de padrões ("patterns") ==> formulação de conjecturas ==> > demonstração destas conjecturas. > Pois esta é a maneira como a matemática é criada. > Mas acho que muito poucos professores estão capacitados pra ensinar > matemática deste jeito. > > Em particular, no Ensino Médio, a ênfase nos últimos anos tem sido na tal > contextualização, que pode ser vista em todo o seu esplendor nas provas do > Enem. > O resultado disso me parece ser um retrocesso na formação matemática dos > alunos e também a disseminação da mentalidade de que a única matemática que > deve ser estudada é aquela que é usada no dia-a-dia dos cidadãos comuns. > > E, na universidade, a coisa não é muito melhor, mesmo num assunto que só é > visto na graduação em matemática. a análise real. > Vejam só: > Os livros tratam da topologia da reta antes de conceitos tais como > compacidade e conexidade se mostrarem realmente necessários (o que, de > fato, só ocorre em dimensão > 1; na reta, quase tudo pode ser demonstrado > com base em sequências e no método da bisseção, que são coisas bastante > intuitivas, mas que quase nunca são usadas). > > Limites e continuidade podem ser introduzidos também com base em > sequências, interpretando-se os epsilons como margens de erro em > aproximação. > > Aliás, a noção de que análise nada mais é do que uma teoria de > aproximações quase nunca é mencionada. > Por exemplo, foi só estudando a análise do R^n é que eu me dei conta de > que a derivada é uma aproximação de uma função arbitrária por uma função > afim. > Antes disso, eu só sabia que "derivada = inclinação da reta tangente". > > Os livros também mencionam critérios de convergência de séries (Dirichlet, > Abel, etc.) que vêm do nada (pois foram inventados para o estudo de séries > de Fourier, que estes liros não abordam). > > E o principal resultado sobre convergência de séries de potências decorre > quase trivialmente do estudo das PGs infinitas (assunto de Ensino Médio). > Mas qual livro deixa isso explícito? > > E, pra terminar, poucos têm uma figura para ilustrar o teorema fundamental > do cálculo que, com uma figura bem feita, fica bem intuitivo. No entanto, a > análise na reta em geral é apresentada com um caráter aritmético/algébrico, > mas quase nunca geométrico. > > Obrigado pela atenção. > > []s, > Claudio. > > -- > Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e > acredita-se estar livre de perigo. -- Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antiv�rus e acredita-se estar livre de perigo.