E ainda dizem que a economia brasileira está mal das pernas. A produção
industrial brasileira vai de vento em popa: a indústria do seqüestro está
operando a todo vapor! Por isso, quando meu telefone tocou na quinta-feira
da semana passada, eu não estranhei. Era o meu amigo Silvio Santos. Assim
que reconheci a voz do grande apresentador, fui logo dizendo que, devido à
minha situação de miséria crônica (crônica dominical), piorada pelas
desigualdades sociais brasileiras, não estava em dia com o meu carnê do Baú.
- Não é nada disso Agamenon – respondeu o Abravanel.
Em seguida, o brilhante comunicador me deu três opções:
A) Eu estou aqui sendo seqüestrado.
B) O seqüestrador exige garantias de vida.
C) Quero que você venha negociar pra mim.
- Porque você não pede auxilio aos universitários, Silvio ? – respondi na
lata.
Mas o caso era muito sério, só mesmo um homem maduro e quase podre como eu
teria sangue-frio para enfrentar aquela parada indigesta. Imediatamente,
embiquei na direção de São Paulo para tentar arrumar algum intermediando o
seqüestro do meu amigo Silvio Santos.
Fui entrando pela mansão adentro quando me deparei com uma cena dantesca. O
seqüestrador, cercado de fêmeas gostosas de biquíni, tentava achar um
sabonete no fundo de uma banheira.
- É que ele queria tomar banho – disse o Silvio , as só servia se fosse na
banheira do Gugu.
O clima na mansão dos Abravanel era de tensão total. Mesmo assim, Silvio,
hábil animador de auditórios, tentava, com sua simpatia contagiante ,
desanuviar o ambiente.
- O que é que o seqüestrador levou, Lombardi?
Ao que o misterioso locutor respondeu:
- Um tiro na bunda, Sílvio !
Para dar um jeito naquela situação crítica, o bandido passou a exigir a
presença de uma pessoa que mandasse muito em São Paulo. Infelizmente,
naquela hora, a Hebe Camargo estava no cabeleireiro e não poderia ir ao
Morumbi. No lugar da Hebe, o seqüestrador pediu a presença do governador de
São Paulo.
Quando Alkmim chegou se apresentado, o seqüestrador falou que aquele
governador não servia.
- Eu quero aquele turco , aquele que fala com a voz engraçada.
Assim, Paulo Maluf teve que interromper o seu retiro espiritual nas Ilhas
Jersey, para salvar o Silvio Santos. Logo que chegou na mansão do SBT, foi
dizendo:
- Pode dizer o que você quer meu filho, porque Maluf faz !
- Não quero nada não , seu Maluf - respondeu o jovem meliante.
E chegando ao pé do ouvido do ex-governador , cochichou :
- Eu só queria o nome do seu adevogado...
(Casseta e Planeta)
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