Sangue sobre Patópolis - Parte XVIII
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O IMPÁVIDO COLOSSO NÃO FOGE À LUTA
- Canalhas! Incompetentes! Cretinos! Idiotas! Esses humanos boçais não são
capazes sequer de matar o Donald?
Patacôncio mastigava seu chapéu enquanto lia enfurecido a primeira página de
seu jornal A Patranha. Era inacreditável que Donald estivesse presente no
Tribunal de Patópolis para tomar posse da herança perdida! Tudo já estava
assinado nas mãos do juiz Décio Coruja. O plano tinha ido por água abaixo.
Logo a cólera se transformou em determinação. O magnata pegou o telefone
vermelho e chamou seu velho amigo:
- Professor Gavião? Estou com sérios problemas. Meus instrumentos de
localização indicam que Donald continua na ilha com os Metralhas e a
Caixa-Forte, mas ao mesmo tempo todos viram Donald no Tribunal!
- Impossível, Patacôncio. Eu só roubo inventos de primeira qualidade.
- Então como o Donald pôde estar em dois lugares ao mesmo tempo?
- Sei lá. Alucinação coletiva, fraude, golpe publicitário... Uma coisa é
certa: se você queria o Donald morto, não é agora que vai se dar por
satisfeito.
- Neste caso, só há uma solução... Você ainda tem aqueles artefatos nucleares
sobrando aí?
- M-m-m-mas o que você pretende? - Gavião vacilou apreensivo.
- Aquela ilha é minha, tudo que ela tem me pertence, e nela eu faço o que
quiser. Uns dois megatons serão suficientes.
- Não vá fazer nenhuma besteira, Patacôncio!
- Não ouse me contrariar, seu urubu subdesenvolvido! - esbravejou o
empresário - Trate de preparar o míssil imediatamente. Quero aquela ilha
riscada do mapa até...
Naquele momento, uma visita não autorizada empurra a porta do escritório.
Patacôncio interrompe a ligação.
- Dora Cintilante?
- Folgo em saber que você ainda se lembra de mim, Patacôncio... Antes de
morrer, o velho Patinhas fingia que não me conhecia.
- Como entrou aqui sem avisar?
- Eu tenho minhas cartas na manga... Aprendi nas mesas de jogo do Klondike.
- Pouco me importa que você esteja frustrada sexualmente e que eu seja o único
quaquilionário de Patópolis - revoltou-se - De mim você não tirará um
centavo!
- E quem disse que eu quero o seu dinheiro? Eu só quero o que me
pertence... - Dora se aproximou de Patacôncio, lânguida e sorridente - Eu sei
que Patinhas fez um testamento deixando toda a fortuna para mim. E eu sei
que você sabe disso.
- Aquele testamento era uma farsa. Você se aproveitou de um acesso de
senilidade do velhote.
- Isto é mentira, meu querido... - Dora olhava dentro dos olhos de
Patacôncio - E você também não acha que foi uma farsa a presença de Donald no
Tribunal?
- O que você sabe?
- Eu estava no Tribunal. Aquele não era o Donald verdadeiro. Aquele tinha as
pernas muito arcadas e as penas do rabo eram diferentes. A Família Pato estava
tão furiosa que nem notou.
- Então vá contar isso à família, ora!
- Mas só você poderia estar interessado no sumiço do testamento.
- Você deveria ser morta por sua indiscrição, Dora!
Dito isto, a velha pegou Patacôncio pela cintura e o puxou para si.
- Duvido que você faça uma barbaridade dessas... Faz tanto calor; por que
não tira essa gravata?
- Dora Cintilante, o que você pretende?
- Ora, não diga que você tem medo de patas mais velhas. Eu não mordo...
Relaxe, Patacôncio.
- Você está me colocando numa posição comprometedora...
- Confesse-me: você nunca fez amor com uma pata?
Àquela altura, Patacôncio já estava deitado na escrivaninha sob o peso de
Dora, sem controle. Ele apertou o botão do intercomunicador:
- Secretária, avise que eu estou numa reunião importante e não posso receber
ninguém pelas próximas... hã... hummm... oh...
(continua)
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1.000ton
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