Oi Hudson, Deixe tentar responder em partes o meu ponto de vista. No quesito, criatividade digital tem um livro muito bom que dá para baixar gratuitamente a sua versão chamado Beyound Productivity - information, technology and creativity do William Mitchel do MIT ( http://books.nap.edu/catalog.php?record_id=10671 ) . Ele dá as bases para o conceito de criatividade digital e em uma parte do texto ele afirma que a criatividade digital do universo do software livre é muito superior a criatividade digital em ambientes de software proprietário. ase
No quesito cognição tem as pesquisas da Lea Fagundes coordenadora do LEC da UFRGS (http://www.lec.ufrgs.br/index.php/P%C3%A1gina_principal ). O princípio base da pesquisa do LEC refere-se a seguinte premissa: o uso das tecnologias digitais transforma as trocas cognitivas e a forma de pensar das pessoas. Por exemplo, as pesquisas da Lea mostram que a medida que o sujeito vai desenvolvendo cada vez mais suas habilidades para utilizar a tecnologia, muda a sua forma de pensar e agir no mundo. O pensamento vai se transformando num pensamento digital a medida que a pessoa vai se tornando cada dia mais hábil no uso das tecnologias. Uma outra teoria que desenvolve esta premissa é uma teoria cognição do MIT chamada de Distributed Cognition que aborda que o compartilhamento de idéias na Internet (ex.: comunidades de aprendizagem do software livre) gera novas formas de pensar e aprender. Esta é a teoria do " Distributed Constructionism - http://llk.media.mit.edu/papers/archive/Distrib-Construc.html) Defendo a tese de que o universo da cultura livre de compartilhar o conhecimento gera novas formas de se pensar e aprender seja na escola ou qualquer outro local de aprendizagem. O interessante de se trabalhar com software livre nas escolas refere-se a construção de uma nova cultura tecnológica dentro da escola. Por exemplo, os computadores da maioria das escolas estão sucateados e o desempenho das máquinas nestas é superior utilizando-se o GNU/Linux. Para um gestor educacional que lida com poucos recursos financeiros na escola, utilizar o software livre pode ser uma boa opção. Por exemplo, a equipe da LTNet Brasil desenvolveu uma avaliação de formação em software livre para as escolas municipais de Curitiba. Muitos professores estavam resistentes, mas gostaram muito da formação que receberam em horário de trabalho e havia muito interesse pela cultura de aprendizagem do universo do software livre. O que muitas vezes, o que as escolas pedem é uma formação adequada em horário de trabalho e um bom suporte técnico. O importante é saber falar da importância de uso do software livre utilizando também conceitos da educação ou psicologia da aprendizagem, criatividade, entre outros conceitos. Isso mobiliza mais o professor a fazer a mudança de sistema operacional e software. Estou achando esta discussão bem rica. Beijos, Ana Maria. Em 16/04/07, Hudson Lacerda <[EMAIL PROTECTED]> escreveu:
Ana Maria Moraes de Albuquerque Lima escreveu: [...] > *Ao se falar em educação, acho que ela poderia ter aprofundado e teria sido > mais feliz se argumentasse através da ótica dos processos de aprendizagem > (seara da cognição) e a questão da criatividade digital no universo do > software livre - que é muito mais avançada do que no universo do software > proprietário. Este discurso acaba não tocando muito o educador. Porém se > ela descrevesse melhor o processo criador e de aprendizagem da cultura livre e > das comunidades de aprendizagem de software livre na construção da nossa > atual sociedade do conhecimento ela faria melhor esta conexão entre > educação utilizando software livre. Isso sim é um discurso que promove uma melhor > compreensão do educador sobre a importância de se utilizar software livre > nas escolas. Oi Ana. Gostaria que você expandisse um pouco mais essa linha de argumentação, que parece-me instrutiva e fértil. > > Hudson, de qualquer forma gostaria de agradecer por compartilhar o texto > conosco, pois gerou uma rica discussão no grupo. Só que como psicóloga > cognitivista e educadora, acho que a autora poderia ter explicado isso > utilizando de forma mais profunda certos conceitos da seara pedagógica. > Interdisciplinaridade não é algo tão simples de se fazer. Eu apenas achei > que ela exagerou na dose ao excluir o universo do software proprietário ao > usar o termo analfabeto digital. O importante é sacar de sistema > operacional e migrar de software sempre que for necessário e desenvolver uma cultura > digital. Porém, são culturas digitais distintas e geram formas de aprender > distintas e eu aprecio mais a cultura do software livre na educação. Só > evito excluir a outra cultura, porque isso fere a minha forma de conceber > ciência. Eu só achei meio ingênuo a forma como a autoria argumentou sua > hipótese sob a ótica pedagógica e da aprendizagem. O texto seria ``radical'' (i.e. extremista) no sentido em que negasse a existência de software proprietário. Não me parece que seja exatamente essa a intenção da autora, mas é um ``bug'' no texto. Eu considero software proprietário completamente anti-ético e imoral, o que me leva a olhar feio para o uso de software proprietário nas escolas. A visão científica busca abarcar o máximo possível da realidade, o que inclui software proprietário, como você ressaltou. Portanto, pergunto: como lidar com a contradição entre software proprietário (que arbitrariamente limita o conhecimento, dificultando seu estudo técnico-científico) e educação? Deveriam as escolas ser POR LEI E SEM ÔNUS autorizadas a reproduzir, utilizar, fazer engenharia reversa etc. de software proprietário, para cumprir sua função de produzir e difundir conhecimento? > > Beijos, > Ana Maria. Até mais, Hudson _______________________________________________ PSL-Brasil mailing list PSL-Brasil@listas.softwarelivre.org http://listas.softwarelivre.org/mailman/listinfo/psl-brasil Regras da lista: http://twiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil
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