BIMÃ E A BONECA QUE FALAVA BIMÃ AND THE DOLL THAT SPOKE “Bimã e a boneca que falava” or in English, “Bimã and the doll that spoke”, is a story of a girl whose life was saved from a Giant because of a doll which was hidden in the tree trunk in her back yard. Bimã had seven brothers and when they had to leave for a year, the youngest brother decided to get a doll who could speak and hid it in the tree trunk in their back yard. He instructed the doll to watch over Bimã while they were away and to tell her who was outside should anyone try to call. Nobody knew about it. One day, the Giant came to the house and Bimã opened the door despite the doll advising her not to. When the brothers returned, the doll told them what had happened, and they arranged a strategy to kill the Giant and take Bimã out of his belly. At the end, the doll transformed into a pretty girl and the younger brother fell in love with her. They got married and lived happily ever after.
------#------ My father used to tell us stories when my sister and I were children. He told us he learned the stories from his grandmother and mother when he was a child in Goa. I believe the stories were initially told in Konkani but my father translated them into Portuguese so we could understand. This story is part of a collection of stories my father used to tell us. Sometime around 1990 until 2012, I decided to write them down as accurately as possible so I would not forget. As far as I know, these stories are original. They were part of our imagination as children, and I have not yet heard or read anything similar. ------#------ Por/Written by Carolina Costa carolinacost...@yahoo.com Era uma vez, numa aldeia remota, viviam juntos sete irmãos e uma irmã numa casa. Nas imediações dessa aldeia, vivia também um Gigante muito mau que comia pessoas. Os aldeões tinham muito medo do Gigante e raramente aproximavam-se da casa onde ele morava. Como não tinham nem pai nem mãe, a irmã mais nova, Bimã, era para eles como um talismã precioso. Gostavam bastante dela e tratavam-na com muito carinho. Sempre que podiam, presenteavam-na com vestidos bonitos, sapatos, fitas para o cabelo, rebuçados ou qualquer outra coisa que a irmã gostasse. Os irmãos trabalhavam fora e a Bimã, cuidava da casa, da roupa, do quintal e fazia a comida que eles levavam para o trabalho. Ela também preparava com aprumo comidas saborosas e costurava camisas bonitas para os irmãos. E assim viviam alegres e felizes. Um dia os irmãos tiveram de partir para trabalhar numa terra longínqua e voltariam depois de um ano. Antes da partida, porém, compraram mantimentos e encheram a dispensa com tudo o que Bimã precisaria durante o ano. João, o seu sétimo irmão, decidiu também comprar uma boneca que falava e colocou- a num buraco que escavou no tronco de uma árvore que havia no quintal. Depois, tapou-o com a casca da árvore e não disse nada a ninguém. Deu instruções à boneca de modo a que esta vigiasse todas as pessoas que apareciam à porta de casa e dissesse à Bimã quem é que tocava à porta. No dia da partida, os irmãos despediram-se de Bimã fizendo as habituais recomendações: ela não deveria saír de casa e nem abrir a porta a estranhos. Todos os irmãos tinham uma chave e quando chegassem, abririam a porta. Esta ficou a acenar lá do muro do quintal até eles se tornarem pequenos pontinhos no horizonte. Os dias foram passando e Bimã fazia a sua habitual rotina. Cuidava da casa e do quintal e tinha muito cuidado quando abria a porta de casa, certificando-se sempre de que não havia estranhos por perto. Ao anoitecer, fechava cuidadosamente a porta à chave, as janelas e corria os cortinados. Às vezes, sentava-se na ombreira da porta com o olhar fixo no caminho que saía da aldeia pensando nos irmãos e no dia em que estes regressariam a casa. Um dia, o lume apagou-se. Bimã procurou fosfóros na dispensa e não encontrou nenhum. Abriu gavetas e procurou por toda a casa, mas dos fosfóros, nem sinal. Faltavam alguns dias para os irmãos regressarem. Resolveu esperar. A comida também começava a escassear e Bimã pensou em pedir lume a algum vizinho próximo. Saíu cedo e avistou uma casa que deitava fumo pela chaminé. Aproximou- se, bateu à porta e uma senhora idosa apareceu na ombreira. - Bom dia, senhora, disse Bimã. Podia dar-me um pouco de lume, por favor? Os meus fosfóros acabaram-se e, quando os meus irmãos chegarem, pagar-lhe-ei. - Ai minha menina, claro que posso, disse a velha senhora. Mas a menina não devia andar por estas paragens! - Porque não? - Porque aqui vive um gigante que come pessoas! Esse gigante é meu filho e eu tenho muito medo dele. Espera aqui um pouco, disse a velha e entrou em casa. Quando regressou, trouxe uma caixinha de fósforos e um pedaço de comida. - Toma isto, disse a velha. E não precisas de pagar. Agora vai-te embora depressa porque o Gigante deve estar de regresso. Bimã pegou nos fósforos, na comida que a velha lhe deu e regressou à sua casa. Acendeu o lume e cozinhou qualquer coisa para comer. Na casa do Gigante, as coisas foram um pouco diferentes. Este regressou à hora habitual e pediu comida. Enquanto a mãe preparava a mesa e a comida, o Gigante sentiu um cheiro de pessoas. - Mãe, sinto cheiro de gente! Esteve aqui alguém na minha ausência? - Claro que não, meu filho. Quem haveria de cá vir, sabendo que tu detestas pessoas? - Hum! Não estou convencido. Tens a certeza que não me estás a mentir, perguntou o Gigante, mostrando sinais de uma certa irritação. A mãe ficou com medo e começou a chorar dizendo: - Esteve cá uma menina a pedir-me lume, disse a mãe, mas foi só de passagem, disse a mãe em soluços. Os seus irmãos não estão em casa e o lume apagou-se. O Gigante ficou tão irritado que saíu sem comer. Foi procurar a menina seguindo o seu rasto através do cheiro. E, finalmente viu-se à porta de casa de Bimã e bateu. - Quem é? - perguntou Bimã. - É o teu irmão que está de volta, disse o Gigante. A Boneca então falou: - Não abras a porta, Bimã. É o Gigante que está do lado de fora e, se abrires a porta ele comer-te-á. O Gigante olhou à sua volta e não viu ninguém. Passado algum tempo, voltou novamente a insistir: - Bimã, disse agora o Gigante que sabia já o seu nome. É o teu segundo irmão que regressa. Abre a porta porque estou muito cansado. - Não abras a porta, Bimã. É o Gigante que está aqui e quer fazer-se passar por teu irmão. O Gigante esperou e voltou a insistir. De novo, a voz recomendava Bimã para não abrir a porta. O Gigante estava bastante irritado, pois, ouvia uma voz e não sabia de onde vinha. Olhava e, tudo à sua volta estava calmo. - Abre a porta, Bimã é o teu terceiro irmão que regressa de viagem! Bimã lá de dentro não sabia o que fazer. Também não percebia de onde vinha aquela voz que lhe recomendava para não abrir a porta. Lembrou-se que os irmãos tinham levado uma chave, mas podia ser que a tivessem perdido... Lá de fora, o Gigante continuava a bater a porta e inventando toda uma série de mentiras: - É o teu quarto irmão que já chegou! - dizia o Gigante. Perdi a chave de casa durante a viagem. Sucessivamente, o Gigante dizia que os irmãos haviam chegado e a voz misteriosa, avisando Bimã para não abrir a porta. Isto durou algum tempo até que Bimã, começou a acreditar que os irmãos estavam lá fora e que ela deveria abrir a porta e deixá-los entrar. Porém, assim que abriu a porta, deparou-se com aquela enorme figura à sua frente e tentou fechar a porta com medo. Mas o Gigante foi mais rápido e, de um salto, pegou em Bimã e comeu-a. Entrou em casa e fechou-se lá dentro à espera dos irmãos. Passado algum tempo, quando o irmão mais velho apareceu e, antes que ele abrisse a porta a voz falou: - Não abras a porta. O Gigante está lá dentro e ele comeu a tua irmã. Se abrires a porta, ele comer-te-á também. O irmão estranhou a voz. Não sabia de onde vinha, pois, nas imediações da casa, não havia ninguém. Passado algum tempo, o segundo irmão chegou e o mais velho contou o sucedido. Ambos resolveram esperar que o terceiro irmão aparecesse. E assim, um a um, chegaram os seis irmãos. Quando o irmão mais novo chegou, todos os outros contaram o que havia acontecido. Então. João, foi até à árvore e tirou de dentro do buraco que havia no tronco, uma boneca. Esta, assim que viu João, contou-lhe o que acontecera à Bimã na sua ausência e de como o Gigante aparecera e a enganara fazendo-se passar por seu irmão. Os outros irmãos entreolharam-se espantados, pois, não percebiam nada do que se estava a passar. Mas João disse-lhe que lhes explicaria depois. Agora, não havia mais tempo a perder, pois, tinham que salvar a irmã. Planearam cuidadosamente uma emboscada e entraram em casa. O Gigante ressonava tranquilo depois de ter comido Bimã. Os irmãos então deram uma valente cacetada no Gigante que este perdeu completamente os sentidos. Pegaram numa enorme faca e cortaram a barriga do Gigante para tirarem lá de dentro, Bimã, quase sem vida. Pegaram então no corpo morto do Gigante e enterram num lugar ermo, longe de casa. Aos poucos, Bimã recuperou os sentidos e ficou feliz ao ver-se rodeada pelos irmãos. Bimã contou como ficara sem lume e saíra à procura de ajuda. João também contou a ideia que teve de colocar a boneca de guarda à irmã sem que ninguém soubesse de nada. Como por magia, a boneca transformou-se numa linda moça de carne e osso e pôs-se ao lado da Bimã. Todos se admiraram e João apaixonou-se de imediato pela sua beleza e elegância. O sentimento foi recíproco e, passado algumas semanas, os dois casaram-se e foram muito felizes. FIM This is the first submission received for a forthcoming ebook (with a limited printrun) on Goan folk tales. SUBMIT A STORY: Heard of Attulem and Bittulem stories, and the Kolo and Koli tales? If folk tales from Goa is your thing, do submit a written contribution (under 1800 words) to our next volunteer-crafted initiative. Folk tales need to be sourced, mention whom you heard it from, and what its origins possibly are (if you know). Non-English texts welcome too, with a one para summary in English. A folk tale, based on oral literature, comes in different formats. Sarah Davidson and Eleanor Phelps (Folk Tales from New Goa), writing in 1937, mention the kinds of folk tales they encountered in Goa a decade earlier. Including (i) Tales of Magic (ii) Animal Stories (iii) Jokes and Anecdotes (iv) Legends (v) Trickster stories) If you'd like to write one submit the idea here: https://forms.gle/zfh8ZTWZ1ddta6Go7 WhatsApp message +91 98221 34297 (Dr Sharmila) and +91 98221 22436 (FN). Pleae make sure to also submit to the editors. Deadline: end Feb2024. *-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*- Join a discussion on Goa-related issues by posting your comments on this or other issues via email to goa...@goanet.org See archives at http://lists.goanet.org/pipermail/goanet-goanet.org/ *-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-