Inagê: Há algum tempo você escreveu sobre a questão do licenciamento ambiental municipal. Também há tempos estou para lhe falar, mas essa vida , que nos engole, impediu-me. Hoje, sábado à tarde, quase em fins de agosto (aziago mês);depois do fim do mundo;da marcha dos com rumo ( quem não o tem é FHC). Encontrei-me com o seu "emeio".Daí em primeiro momento  lembrei-me do poeta Ievtuchenko: "...corro atrás de mim, mas como nunca me alcanço, desisto". Só que não desisti. Revisitei o assunto. Concordo inteiramente contigo. Entendo que a Resolução 237 desbordou-se inteiramente do comando dado pela  Política Nacional do Meio Ambiente e da chamada competência legislativa constitucional, que exclui os Municípios  (arts. 24 e 225 e Lei 6.938/81 ).Aliás, alguém me disse que foi proposta Ação Direta de Inconstitucionalidade, face à Resolução. Não sei se o Ministério Público. Não sei, enfim, quem. Todavia, interessante até perguntarmos para o Guilherme se ele sabe alguma coisa.Aliás, o Guilherme foi coordenador do módulo de direito ambiental da Escola Superior da Advocacia em São Paulo. Nesse curso discutimos a Resolução 237 e a conclusão foi unânime por sua inconstitucionaldiade, no que concerne ao licenciamento ambiental. Mas, há outros absurdos contidos em tal teratologia emanada ( não é:  eh! manada) do Conama, que merecem ser discutidos. De qualquer forma, aqui em Santos, sentimos na pele os deletérios efeitos da Resolução 237. Antes, explico-lhe que sou Procurador do Município de Santos (atuo na procuradoria fiscal) e, tenho o prazer, ainda,  de coordenar a Comissão de Meio Ambiente da OAB-Santos. Sou membro titular pela OAB no Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente(Condema) em Santos e , também, Conselheiro do Consema (Conselho Estadual).Vários licenciamentos ambientais estão passando pelo Conselho Municipal, desde o advento da Resolução. Estamos protestando contra isso, mas de nada está adiantando. O rolo compressor é bravo.Até agora dois projetos foram aprovados pelo Condema. Um relativo a ciclovia na praia, que ocupará faixa de areia. Outro, o aumento de capacidade em empresa instalada na área industrial de Santos.Mas um terceiro projeto é de minha maior preocupação , pois trata de uma área de apa, localizada na área continental (mata atlântica original etc), que eles ( O prefeito Municipal do PPB e industriais) desejam fazer, em especial  ampliar os retroterminais portuários. Há um projeto investindo contra o mangue. As discussões no âmbito municipal são sempre muito complicadas. A proximidade com as pessoas. Os interesses mais imediatos. O desemprego gritante. A política miúda. Esses, dentre alguns outros, são problemas de um licenciamento ambiental, que deve ser repensado. Minha condição de procurador municipal obriga-me a pensar o município sempre. Mas, reduzir a questão ambiental ao território, ou aos interesses, de um só município, é olhar para a árvore e esquecer da floresta, para dizer o menos. Ah! peço-lhe que envie o que seu colega que defende a Resolução escreveu. Vamos conversar com outros colegas sobre essa Resolução? Quais as providências tomadas para derrubá-la? Vamos combatê-la, mais fortemente? Vamos enviar emeios protestando; cartas ao Governador do Estado, aos Consemas e ao Conama, para revê-la. Ao Ibama, DEPRN e outros órgãos. Acho que estamos quietos demais, chocando o ovo da serpente! Abraços solidários do Luiz Soares.  

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