[obm-l] Matrizes que Comutam

2004-03-10 Por tôpico claudio.buffara
Oi, pessoal:

Estou com uma duvida meio amplasobre matrizes que comutam.

Seja A uma matriz nxn inversivel com coeficientes num dado corpo F.
O conjunto de tais matrizes forma um grupo não-abeliano GL(n,F) com relação ao produto de matrizes.
O que podemos dizer em geral sobre o tamanho e a estrutura de C(A), o centralizador de A = subgrupo das matrizes de GL(n,F) que comutam com A?

Por exemplo, num problema da obm-u de 2003, o grupo era GL(4,Z_p) e as matrizes satisfaziam a A^2 = I == um caso extremamente particular, mas que deu origemà minha dúvida.

Será que fica mais fácil trabalhar com a totalidade das matrizes nxn e não apenas as inversíveis e, nesse caso, tentar analisar o subespaco das matrizes que comutam com uma dada matriz A?

Nesse caso eu tenho uma conjectura (mas com baixíssima convicção): se os autovalores de A são distintos, então as matrizes que comutam com A são justamente os polinômios em A e a dimensão do subespaço dessas matrizes é n.

[]´s,
Claudio.



Re: [obm-l] Matrizes que Comutam

2004-03-10 Por tôpico Nicolau C. Saldanha
On Wed, Mar 10, 2004 at 07:11:45PM -0300, claudio.buffara wrote:
 Oi, pessoal:
 
 Estou com uma duvida meio ampla sobre matrizes que comutam.
 
 Seja A uma matriz nxn inversivel com coeficientes num dado corpo F.
 O conjunto de tais matrizes forma um grupo não-abeliano GL(n,F) com relação
 ao produto de matrizes.  O que podemos dizer em geral sobre o tamanho e a
 estrutura de C(A), o centralizador de A = subgrupo das matrizes de GL(n,F)
 que comutam com A?
 
 Por exemplo, num problema da obm-u de 2003, o grupo era GL(4,Z_p) e as
 matrizes satisfaziam a A^2 = I == um caso extremamente particular, mas que
 deu origem à minha dúvida.
 
 Será que fica mais fácil trabalhar com a totalidade das matrizes nxn e não
 apenas as inversíveis e, nesse caso, tentar analisar o subespaco das matrizes
 que comutam com uma dada matriz A?
 
 Nesse caso eu tenho uma conjectura (mas com baixíssima convicção): se os
 autovalores de A são distintos, então as matrizes que comutam com A são
 justamente os polinômios em A e a dimensão do subespaço dessas matrizes é n.

De certa forma sim, é melhor olhar para o anel de todas as matrizes nxn
em vez do grupo. A sua conjectura é verdadeira: se uma matriz tem todos
os autovalores distintos então ela é diagonalizável (em algum corpo)
e as únicas matrizes que comutam com uma matriz diagonal com entradas
diagonais distintas são outras matrizes diagonais. Ora, qualquer matriz
diagonal é um polinômio de uma matriz diagonal com entradas distintas.
Assim, desfazendo a conjugação, se B comuta com A então B = p(A).
Na verdade a conclusão vale com uma hipótese um pouco mais fraca:
se o polinômio característico de A é igual ao polinômio mínimo
então as matrizes que comutam com A são exatamente os polinômios em A:
a demonstração é basicamente a mesma, usando Jordan.

Nos casos acima, o conjunto das matrizes que comutam com A e o subanel
gerado por A coincidem, e ambos têm dimensão n (como espaço vetorial).
Se os polinômios mínimo e característico forem diferentes, então
a dimensão do subanel gerado por A é m  n, o grau do polinômio mínimo.
Eu não tenho certeza se existe uma fórmula interessante relacionando
m, n e l, a dimensão do subanel das matrizes que comutam com A:
acho que não, mas certamente temos l  n.

Você começou com a pergunta em GL, ou seja, você quer olhar para a interseção
entre o subanel acima com GL. Eu faço a seguinte observação, que fica como
problema. Suponha que o polinômio característico de A seja irredutível
no corpo no qual estamos trabalhando e seja p um polinômio não nulo de
grau menor do que n: então p(A) é inversível. Assim, se o corpo tem q
elementos então este grupo tem q^n - 1 elementos. Segundo problema:
prove que este grupo é cíclico.

[]s, N.
=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
=