Prefiro não entender como dor, e sim como um caminho. Mudar o que posso
mudar e entender o que não posso. Não adianta ficar nessa peregrinação
de autoflagelo, e culpa cristã. Se usa drive proprietário, o que
podemos fazer pra mudar isso? Caso não tenha solução, façamos como o
protocolo de rede, não fazer nada também é um tratamento de falha. :)
On 01-04-2015 08:55, anah...@anahuac.eu wrote:
Minha crise com o Software Livre
Crise com a liberdade, ao final de contas é disso que o Software Livre é
filho. Cada dia me deparo com mais lucidez é que talvez não esteja assumindo
ele completamente. Digo isso porque talvez não esteja assumindo completamente
a minha própria liberdade. A Liberdade é a nossa escravidão, como dizia o
velho Sartre. Não há como fugir dela, tudo na vida é escolha. Entre sim e
não, a abstenção é escolha também. Escolher é a essência humana e acreditar
na possibilidade de poder não escolher é ingenuidade.
Hoje Kant me ensinou que a minha liberdade reside na contra mão dos meus
desejos, algo que disparou o gatilho para este texto. Quando a ação é fruto
do desejo, esta não precisa de nenhuma reflexão, não há valor moral numa
decisão tomada por afeto. Se você tiver que arriscar sua vida por alguém que
ama, fará porque o sente fazer. Quando não há nenhum desejo, salvar alguém se
torna uma decisão pensada, fruto da razão.
Você pode se perguntar: o que isso tem a ver com Software Livre? A resposta é
clara: assumir Software livre é justamente tomar decisões que vão contra o
desejo. Quem não desejaria usar o computador sem ter que se preocupar com
essa tal de liberdade? Porque num mundo onde o Microsoft Word impera,
torna-se muito desconfortável utilizar o LibreOffice, seira muito mais
prazeroso usar o software onde o .docx não dá pau.
Confidentemente, Software Livre é dor. Se você imaginasse as voltas que tenho
que dar para me relacionar com o mundo proprietário, talvez achasse loucura
ou risse da minha cara. Claro que o riso, dentre muitos sinais, poder ser da
ignorância (sim, soa um pouco prepotente). Faço o que faço porque penso.
Penso e concluo que para mim o bem supremo de uma vida não é o prazer. Se
assim o fosse, raciocínio seria dispensável, pois os animais conseguem obter
prazer por instinto, então instinto nos bastaria (vide Kant e Rousseau).
Logo, se fico na contramão do meu instinto é porque a liberdade para mim é
bem maior.
Mas assim mesmo titubeio. Tenho drivers da Nvidia no desejo de jogar Batman
Arkham Knight no Archlinux. Só neste exemplo, temos: proprietário,
proprietário, misto. Ah, é claro que tenho Windows para outros jogos não
GNU/Linux. Nem vou adentrar em serviços online, pois a coisa iria se estender
demais. Chegamos ao clímax da explicação da minha crise. Estaria eu correto
em afirmar que defendo a minha liberdade diante de tantas exceções que abro
em relação a ela? Deveria eu abster-me de todos os prazeres e comodidades do
Software Proprietário em função da minha liberdade? Se entendo minha
liberdade como o bem supremo, não seria incorreto deixar de obter a sua
plenitude?
Como tudo na vida o que não faltam são perguntas.
By Jeison
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