[PSL-Brasil] Hackers acusam TSE de manipular desaf io de urnas eletrônicas

2009-10-26 Por tôpico Ricardo Bánffy
IMHO, toda a idéia de fazer um desafio público assim é idiota.

É idiota porque nem todos os que conseguirem violar as urnas vão
contar que conseguiram - e como fizeram - para o TSE: há um mercado
muito lucrativo para esse tipo de informação fora de órgãos do
governo.

É idiota porque seixa o TSE vulnerável a constrangimentos públicos
(pela urna ser invadida, da competição ser marmelada e por aí vai)

É idiota porque mostra um raciocínio torto - você não pode provar que
algo é impossível tentando fazer acontecer e fracassando. No máximo
você pode provar que é um problema mais complicado do que os
convidados são capazes de resolver.



http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4059597-EI7896,00.html

Laryssa Borges
Direto de Brasília

Hackers dizem que o desafio lançado pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), que pediu a piratas da internet de todo o País para que tentem
fraudar o sistema de urnas eletrônicas é, na verdade, apenas uma forma
de provar que o mecanismo eletrônico é inviolável. Segundo eles, o
TSE manipula as regras do jogo, limitando os softwares que eles podem
usar na tentativa de violar as urnas. O TSE afirma que não pretende
cercear nenhum investigador.

A realidade é uma só. Eles, do TSE, não querem correr o risco. Por
isso escolhem os softwares a serem usados. Fica complicado assim. Um
software que é usado para 'crackear' e 'hackear' hoje custa em torno
de R$ 30 mil. É quase impossível adquirir a licença de forma legal. Se
pudéssemos usar (qualquer ferramenta) seria outra coisa e a realidade,
outra. Com certeza a perícia forense nesses sistemas (ilegais) seria
frágil, comenta o hacker Álvaro Falconi, moderador do fórum
www.forum-hacker.com.br, grupo de discussão sobre a atividade na
internet.

Entre os profissionais que trabalham para testar a segurança de
sistemas informatizados, a preocupação com o desafio do TSE é que, em
função de lidar com o Poder Judiciário, eles possam ser processados se
tentarem violar as urnas eletrônicas utilizando softwares piratas.

Ter acesso (ao conteúdo interno da urna) não é o problema. O problema
é eu ser preso por usar softwares ilegais. Em grandes fóruns
brasileiros sobre o tema, o pessoal só diz isso. Só com esses
softwares e possíveis hardwares (piratas) pode ser possível a invasão
do sistemas do TSE. Os softwares que o governo vai disponibilizar, nem
em computadores domésticos conseguem ser explorados, alerta. Não tem
como burlar (as urnas com os programas sugeridos pelo TSE). Todos, até
leigos no assunto, sabem que isso é malandragem deles. Se eles querem
testar se as urnas deles realmente estão seguras, teriam que deixar
usar as ferramentas que nós temos, critica o hacker.

Além da proibição óbvia de que os piratas da internet não podem,
durante o teste, jogar as urnas eletrônicas no chão e as abrir
fisicamente com chaves de fenda, por exemplo, o edital garante margem
para que programas ilegais ou roubados, principal mecanismo dos
crackers, sejam preferencialmente evitados nos testes.

Como verdadeiros hackers ou crackers vão dizer o software usado (para
burlar a urna)? Um software 'crackeado' do FBI que está na internet,
se o usar (contra o TSE) vai estar usando um software ilegal para
tentar achar as falhas. Não creio que vão se expor assim, resume
Álvaro Falconi.

Outro lado
O secretário de tecnologia da informação do TSE, Giuseppe Janino,
afirma que o tribunal não pretende cercear nenhum investigador e que
não distinguirá os hackers entre os que usam software livre,
proprietário ou pirata.

Ele alerta, no entanto, que os investigadores (hackers inscritos) são
responsáveis pelos softwares e demais ferramentas que julguem
necessários para a execução dos testes, e as penalidades com relação a
roubo ou o uso indevido de softwares de terceiros são publicamente
conhecidas e definidas em lei.

A decisão de o TSE realizar testes de penetração nas urnas
eletrônicas ocorreu após PT e PDT terem ponderado junto ao tribunal
que a verificação feita pelo colegiado não consegue aferir a
resistência do sistema contra 'ataques informatizados intencionais'.

Pelo edital, publicado pelo tribunal e sugerido pelo ministro relator
do caso, Ricardo Lewandowski, o TSE será responsável pela definição e
preparação dos equipamentos necessários para a realização dos testes,
e duas comissões tratarão da definição dos procedimentos de
realização dos testes, irão analisar e aprovar a inscrição dos
investigadores e validar a metodologia (apresentada pelos hackers).

Segundo o tribunal, serão recusados testes que não puderem ser
repetidos e os de caráter destrutivo, que possam resultar em
inutilização da urna eletrônica e de seus softwares.

Teste para hackers seria inócuo
Sem a garantia de utilizar um programa que, pela potência, pode
destruir completamente o conteúdo interno da urna eletrônica, hackers
avaliam que o desafio do TSE seria inócuo.

As regras não limitam o uso de ferramentas, equipamentos e softwares
aos que serão fornecidos pelo TSE. Os 

Re: [PSL-Brasil] Hackers acusam TSE de manipular desaf io de urnas eletrônicas

2009-10-26 Por tôpico Antonio Fonseca
No máximo
você pode provar que é um problema mais complicado do que os
convidados são capazes de resolver.

Ou que é permitido pelas regras cuidadosamente impostas, que é o que
acontece nesse caso, na minha modesta opinião.

Abraço,

2009/10/26 Ricardo Bánffy rban...@gmail.com

 IMHO, toda a idéia de fazer um desafio público assim é idiota.

 É idiota porque nem todos os que conseguirem violar as urnas vão
 contar que conseguiram - e como fizeram - para o TSE: há um mercado
 muito lucrativo para esse tipo de informação fora de órgãos do
 governo.

 É idiota porque seixa o TSE vulnerável a constrangimentos públicos
 (pela urna ser invadida, da competição ser marmelada e por aí vai)

 É idiota porque mostra um raciocínio torto - você não pode provar que
 algo é impossível tentando fazer acontecer e fracassando. No máximo
 você pode provar que é um problema mais complicado do que os
 convidados são capazes de resolver.



 http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4059597-EI7896,00.html

 Laryssa Borges
Direto de Brasília

 Hackers dizem que o desafio lançado pelo Tribunal Superior Eleitoral
 (TSE), que pediu a piratas da internet de todo o País para que tentem
 fraudar o sistema de urnas eletrônicas é, na verdade, apenas uma forma
 de provar que o mecanismo eletrônico é inviolável. Segundo eles, o
 TSE manipula as regras do jogo, limitando os softwares que eles podem
 usar na tentativa de violar as urnas. O TSE afirma que não pretende
 cercear nenhum investigador.

 A realidade é uma só. Eles, do TSE, não querem correr o risco. Por
 isso escolhem os softwares a serem usados. Fica complicado assim. Um
 software que é usado para 'crackear' e 'hackear' hoje custa em torno
 de R$ 30 mil. É quase impossível adquirir a licença de forma legal. Se
 pudéssemos usar (qualquer ferramenta) seria outra coisa e a realidade,
 outra. Com certeza a perícia forense nesses sistemas (ilegais) seria
 frágil, comenta o hacker Álvaro Falconi, moderador do fórum
 www.forum-hacker.com.br, grupo de discussão sobre a atividade na
 internet.

 Entre os profissionais que trabalham para testar a segurança de
 sistemas informatizados, a preocupação com o desafio do TSE é que, em
 função de lidar com o Poder Judiciário, eles possam ser processados se
 tentarem violar as urnas eletrônicas utilizando softwares piratas.

 Ter acesso (ao conteúdo interno da urna) não é o problema. O problema
 é eu ser preso por usar softwares ilegais. Em grandes fóruns
 brasileiros sobre o tema, o pessoal só diz isso. Só com esses
 softwares e possíveis hardwares (piratas) pode ser possível a invasão
 do sistemas do TSE. Os softwares que o governo vai disponibilizar, nem
 em computadores domésticos conseguem ser explorados, alerta. Não tem
 como burlar (as urnas com os programas sugeridos pelo TSE). Todos, até
 leigos no assunto, sabem que isso é malandragem deles. Se eles querem
 testar se as urnas deles realmente estão seguras, teriam que deixar
 usar as ferramentas que nós temos, critica o hacker.

 Além da proibição óbvia de que os piratas da internet não podem,
 durante o teste, jogar as urnas eletrônicas no chão e as abrir
 fisicamente com chaves de fenda, por exemplo, o edital garante margem
 para que programas ilegais ou roubados, principal mecanismo dos
 crackers, sejam preferencialmente evitados nos testes.

 Como verdadeiros hackers ou crackers vão dizer o software usado (para
 burlar a urna)? Um software 'crackeado' do FBI que está na internet,
 se o usar (contra o TSE) vai estar usando um software ilegal para
 tentar achar as falhas. Não creio que vão se expor assim, resume
 Álvaro Falconi.

 Outro lado
 O secretário de tecnologia da informação do TSE, Giuseppe Janino,
 afirma que o tribunal não pretende cercear nenhum investigador e que
 não distinguirá os hackers entre os que usam software livre,
 proprietário ou pirata.

 Ele alerta, no entanto, que os investigadores (hackers inscritos) são
 responsáveis pelos softwares e demais ferramentas que julguem
 necessários para a execução dos testes, e as penalidades com relação a
 roubo ou o uso indevido de softwares de terceiros são publicamente
 conhecidas e definidas em lei.

 A decisão de o TSE realizar testes de penetração nas urnas
 eletrônicas ocorreu após PT e PDT terem ponderado junto ao tribunal
 que a verificação feita pelo colegiado não consegue aferir a
 resistência do sistema contra 'ataques informatizados intencionais'.

 Pelo edital, publicado pelo tribunal e sugerido pelo ministro relator
 do caso, Ricardo Lewandowski, o TSE será responsável pela definição e
 preparação dos equipamentos necessários para a realização dos testes,
 e duas comissões tratarão da definição dos procedimentos de
 realização dos testes, irão analisar e aprovar a inscrição dos
 investigadores e validar a metodologia (apresentada pelos hackers).

 Segundo o tribunal, serão recusados testes que não puderem ser
 repetidos e os de caráter destrutivo, que possam resultar em
 inutilização da urna 

Re: [PSL-Brasil] Hackers acusam TSE de manipular desaf io de urnas eletrônicas

2009-10-26 Por tôpico Ricardo Bánffy
Acho que o TSE demonstra, por analogia, que pode ser muito difícil
fazer balões com macarrão seco e pasta de dente.

2009/10/26 Antonio Fonseca antonio.fons...@gmail.com:
 No máximo
 você pode provar que é um problema mais complicado do que os
 convidados são capazes de resolver.
 Ou que é permitido pelas regras cuidadosamente impostas, que é o que
 acontece nesse caso, na minha modesta opinião.
 Abraço,

-- 
Ricardo Bánffy
http://www.dieblinkenlights.com
http://twitter.com/rbanffy
___
PSL-Brasil mailing list
PSL-Brasil@listas.softwarelivre.org
http://listas.softwarelivre.org/mailman/listinfo/psl-brasil
Regras da lista:
http://twiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil
SAIR DA LISTA ou trocar a senha:
http://listas.softwarelivre.org/mailman/options/psl-brasil


Re: [PSL-Brasil] Hackers acusam TSE de manipular desaf io de urnas eletrônicas

2009-10-26 Por tôpico Ricardo Bánffy
Outra analogia interessante: nem sempre o exército alemão invade a
França conforme os planos dos franceses.

2009/10/26 Antonio Fonseca antonio.fons...@gmail.com:
 No máximo
 você pode provar que é um problema mais complicado do que os
 convidados são capazes de resolver.
 Ou que é permitido pelas regras cuidadosamente impostas, que é o que
 acontece nesse caso, na minha modesta opinião.
 Abraço,

-- 
Ricardo Bánffy
http://www.dieblinkenlights.com
http://twitter.com/rbanffy
___
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PSL-Brasil@listas.softwarelivre.org
http://listas.softwarelivre.org/mailman/listinfo/psl-brasil
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http://twiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil
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http://listas.softwarelivre.org/mailman/options/psl-brasil


Re: [PSL-Brasil] Hackers acusam TSE de manipular desaf io de urnas eletrônicas

2009-10-26 Por tôpico Marco Carnut
Prezados,

Eu não sou um dos grandes participantes dessa lista, mas eu a
acompanho semi-regularmente porque, a despeito de alguns
ocasionais quebra-paus, aqui aparecem notícias e opiniões
interessantes.

Creio, porém, que eu possa dar uma contribuição significativa
sobre esse assunto porque tenho uma empresa que realiza
comercial e profissionalmente o serviço de testar a segurança
de sistemas computacionais. Numa tentativa talvez fútil de
não ser acusado de estar fazendo propaganda, nem vou mencionar
o nome dela. Qualquer um interessado em saber rapidamente será
capaz de catar no Google quem sou e qual ela é. Ou quem sabe
o Pedro Rezende, velho amigo e habitué dessa lista, possa me
apresentar.

Na condição de quem já viu e/ou participou direta ou
indiretamente de talvez uma centena de trabalhos de Ethical
Hacking, afirmo-lhes que, salvo uma, as condições impostas
pelo TSE não são pouco razoáveis, nem sequer incomuns no mercado. 

Ao sermos contratados, vários clientes colocam nos contratos um
monte de restrições no escopo ou na metodologia que por vezes
soam esdrúxulas e que atrapalham, sim, tendendo a tornar o
resultado míope -- mas não totalmente inútil. O fato de, apesar
disso, nossa taxa de sucesso ser historicamente superior a 90%
apenas mostra a) o quão frágil é a segurança dos sistemas
computacionais e b) o quão pouco eficazes essas restrições são
para um time realmente competente.

Mas se é o que o cliente quer, terá de ser assim e pronto; a
função última de toda operação comercial é dar aquilo que o
cliente quer, nada menos e, nesses casos, nada mais. O cliente
não é o obrigado (ao meu ver, infelizmente -- vide
http://www.postcogito.org/Kiko/EsqueletosNoArmario.html) a
testar seu site nem a aceitar compulsoriamente a metodologia
de ninguém.

Em vista disso, não considero a iniciativa do TSE idiota.
Pelo contrário, acho até uma mudança de atitude histórica,
dada que a abordagem anterior deles parecia ser rechaçar
sistematicamente qualquer possibilidade de o sistema pudesse
ser menos que perfeito, ao bom estilo la garantia soy yo!.

Isso posto, acho que a iniciativa do TSE é, no máximo, não
muito bem concebida, pois:

a) o prêmio de R$ 5.000,00 é muitíssimo inferior ao preço
   comumente praticado no mercado por esse tipo de auditoria,
   mesmo em um escopo sufocantemente pequeno. Tende a atrair
   aventureiros em busca de notoriedade e não especialistas
   sérios. Com efeito, esse foi o principal motivo de minha
   empresa não ter sequer se interessado em participar.

b) A urna eletrônica é apenas parte do processo eleitoral.
   Garantir que a urna eletrônica seja segura standalone
   é necessário, mas não suficiente, para que o processo
   eleitoral como um todo seja seguro. Há diversos outros
   sistemas computacionais e processos humanos envolvidos,
   como bem colocou um dos entrevistados na matéria jornalística.

Quando o Banfy diz que um resultado negativo não garante que
a urna seja segura. Mas também é verdade que um resultado positivo
garante que ela é insegura. É por isso que, para esse tipo
de situação, acho que os testes deveriam periódicos, parte
intrínseca do processo, e deveria haver um tipo de revesamento:
um ano vai ser o time tal, outro ano vai ser o time tal, algo
nessa linha, para minimizar o efeito o olho viciado e outras
coisinhas comuns no mundo real, tais como conluios ou arrumadinhos.
Não é uma estratégia perfeita, mas não conheço outra melhor.

Um dos entrevistados citou o clichê que em informática
não existe sistema seguro. Esse é um sofisma sutil. Se por
um lado isso é verdade do ponto de vista estritamente lógico,
essa frase costuma ser mais usada para justificar a falta de
empenho em tornar os sistemas adequadamente seguros, tipo
nosso objetivo é intrinsecamente inatingível, então não vale
a pena nem tentar. Ledo engano. Na condição de quem já viu
centenas de sistemas computacionais vulneráveis, eu posso lhes
garantir que existem, sim, sistemas extremamente resistentes a
ponto de podermos arredondar e chamá-los de seguros sem estar
forçando demais a barra. Mas eles dão uma trabalheira de fazer,
frequentemente bem acima do que a maioria das pessoas e
instituições costumam querer dispender. Em outras palavras: se
por um não existem sistemas 100% seguros, existem, sim, sistemas
seguros o bastante. Mas, realmente, são raros.

Meu oftamologista diz que pra quem era cego, voltar
a ter 10% de visão já é estar vendo muito. A atitude
anterior do TSE parecia insistir em que ficássemos cegos;
agora nos franqueiam a possibilidade de vermos talvez uns 10%.
É um começo, talvez um começo não muito grandioso, mas um
começo. Àqueles que optarem por participar apesar das condições
adversas e recompensa pífia, meus sinceros respeitos, pois serão
vocês que abrirão a trilha para que algum dia venhamos a ver mais
do que 10%.

E digo mais: atribuo pelo menos em parte a possibilidade desse
começo à militância de muita gente persistente e corajosa,
muitas das quais frequentam esta lista, aos