http://www.unbciencia.unb.br/index.php?option=com_content&view=article&id=296:estudante-cria-programa-que-simplifica-mapas-de-transporte&catid=51:computacao

Estudante cria programa que simplifica mapas de transporte

Inovação pode mudar a maneira com que mapas esquemáticos são usados no mundo
e facilitar a informação para turistas e moradores


Henrique Bolgue
Da Secretaria de Comunicação da UnB

Dona Rica viaja de ônibus todos os dias. Vai e volta de sua casa, em São
Sebastião, para o trabalho, no Lago Sul. Às vezes, precisa chegar ao Plano
Piloto e em alguns fins de semana aproveita o Parque da Cidade. Como muitos
outros usuários do transporte público no Distrito Federal, ela faz seu
roteiro baseada no que aprendeu com outros passageiros, cobradores e
conhecidos. Nunca teve acesso a tabelas de horários nem mapas atualizados.

A experiência de dona Rica inspirou a monografia do final do curso de
Ciências da Computação do aluno Marcelo de Lima Galvão. Dona Rica trabalha
na casa do estudante. Marcelo criou um programa que permite ao usuário do
transporte público ter um mapa mais simples, rápido e eficiente em mãos. O
programa usa informações de bancos de dados como o Google Maps ou GPS, por
exemplo, para criar mapas esquematizados chamados octalineares.

Concebido pela primeira vez por Henry Beck em 1933, para o metrô de Londres,
esse tipo de mapa virou um clássico do design mundial e hoje é o principal
padrão para representar redes de transporte coletivo. Normalmente,
octalineares são feitos à mão e exigem conhecimentos específicos dos
desenhistas. Mesmo que seja feito em computadores, a criação demora dias se
forem usadas muitas paradas. O programa criado por Marcelo promete mudar
essa relação. O tempo para criar um mapa octalinear é de, no máximo, 15
segundos. O programa também tem atualização constante. O usuário pode
selecionar somente as linhas que usa ou que pretende usar com resultados
personalizados e diretos. “O principal beneficiado seria o turista, que
precisa de uma informação mais direta”, diz Marcelo.

Tudo isso foi possível pela maneira inovadora de programar esses mapas. Na
computação, esse é um problema considerado dos mais difíceis, senão
impossíveis de resolver, chamados de NP-completo. “Em um mapa esquemático,
você tem infinitas possibilidades e é impossível saber qual a melhor”,
explica Marcelo. A solução encontrada pelo estudante foi usar algoritmos
genéticos como um atalho para criar os mapas. Marcelo lembra que quando a
ideia surgiu, surpreendeu-se. “O uso dos algoritmos genéticos caiu como uma
luva”, diz.

Algoritmos genéticos são fórmulas matemáticas que, quando entrecruzadas
entre si, geram novas fórmulas. Como animais, elas se reproduzem e evoluem a
cada geração. O método serve para criar, de forma automatizada, modelos mais
complexos e eficientes. Isso acontece em segundos e, no caso do programa de
Marcelo, gera um mapa octalinear com o resultado mais adaptado. Essa
característica permite que o mapa seja constantemente modificado. Por
exemplo, se o usuário girar o mapa, ele faz novos cálculos e cria outro
esquema, mais adaptado àquela visão. “Essa ferramenta é uma necessidade
tremenda para a cidade”, diz o professor de engenharia civil Pastor
Gonzales, que participou da banca de Marcelo.

Marcelo pretende continuar seus estudos em uma pós-graduação, mas também
busca parcerias com empresas privadas. A ideia é criar um aplicativo para
celulares, computadores e também levar o programa para as ruas. “As paradas
poderiam ter mapas impressos ou eletrônicos atualizados que indicariam quais
as linhas saem dali de maneira mais direta do que um mapa por satélite”,
diz.

*ALEMANHA –* Desde o começo de sua graduação Marcelo pensava em criar
soluções para o transporte público, mas foi o intercâmbio na Alemanha que
lhe abriu os olhos. Ele morou em Freiburg, cidade de 200 mil habitantes
considerada um centro de excelência em termos de sustentabilidade urbana.
Segundo Marcelo, era fácil buscar informações e os mapas estavam em todos os
lugares. Ao voltar para Brasília, percebeu as deficiências. “Acabo usando só
o meu carro, mas poderia ser diferente”, diz.
_______________________________________________
Talk-br mailing list
Talk-br@openstreetmap.org
http://lists.openstreetmap.org/listinfo/talk-br

Responder a