Materia enviada da Bahia. Saiu no A Tarde, de hoje.
Amilcar
>Eleições 2002
>TSE inicia correição eleitoral em Camaçari sem avaliar urnas
>
>Patrícia França
>
>Partidos de oposição na Bahia já estão se mobilizando para acompanhar, a
>partir da próxima segunda-feira, o trabalho de correição geral em
>Camaçari, que contará com o suporte técnico de servidores do Tribunal
>Superior Eleitoral (TSE). Será feita a conferência de todos os
>procedimentos cadastrais dos eleitores do município, mas a preocupação
>maior da oposição é quanto à real segurança das urnas eletrônicas, que não
>serão contempladas neste trabalho. O presidente do diretório do PPS em
>Camaçari, Douglas Rocha, diz que as urnas são violáveis e apresenta como
>argumento um laudo pericial do próprio TSE, atestando que os programas
>podem ser alterados.
>
>O PPS foi o autor da medida cautelar que resultou em uma liminar,
>autorizando a apreensão de 20 urnas que teriam apresentado irregularidades
>durante a revisão eleitoral ocorrida em Camaçari, no segundo semestre do
>ano passado. A perícia realizada nas urnas pelo TSE, no entanto, não
>comprovou irregularidades nos equipamentos nem nos programas. O dirigente
>do PPS estranha o parecer final do tribunal e diz que o laudo assinado
>pelo perito André Amâncio de Jesus, nomeado pelo TSE para testar as urnas,
>confirma que as máquinas foram “mexidas”.
>
>No laudo, o perito atesta “que houve retrocesso intencional do relógio
>interno da urna 01, da 171ª Zona, ao que parece, objetivando corrigir o
>horário incorreto no equipamento em apreço”. Esta alteração resultou em
>situações anômalas, como eleitores diferentes fazendo a revisão na mesma
>urna e no mesmo horário ou, ainda, num horário que não obedece a ordem
>seqüencial. É o caso de um eleitor que fez a revisão às 10h54 (1º/11/2001)
>e, em seguida, um outro compareceu à sessão para cumprir a obrigação,
>sendo que no registro da urna a operação aconteceu às 10h07, quase uma
>hora de diferença a menos.
>
>No teste realizado na urna 10, também da 171ª Zona, o perito do TSE
>confirma que houve desordem de datas e horários nos primeiros 141
>registros fixos apresentados, entre as 14h53, do dia 25 de setembro, e
>11h39, de 11 de outubro de 2001. A análise pericial chegou à conclusão de
>que “houve intervenção no arquivo de movimentação de forma externa ao
>programa de revisão, e de maneira intencional, produzindo um arquivo de
>movimento organizado pela numeração de títulos eleitorais, até o citado
>registro 141”.
>
>“São fatos que provam que há falhas no sistema”, observa o vice-presidente
>do diretório do PSB de Camaçari, Hilário Lisboa Figueiredo, defendendo que
>a correição em Camaçari tenha o acompanhamento e a fiscalização dos
>partidos e da sociedade civil organizada. Figueiredo apresentou uma outra
>situação que comprovaria que as urnas eleitorais são violáveis.
>
>É que as sentenças apresentadas pelos juízes eleitorais Moacir Reis
>Fernandes Filho (170ª Zona) e Andrea Tourinho Cerqueira de Carvalho (171ª
>Zona), na ação proposta pelo PPS de Camaçari, confirmam claramente que há
>uma diferença de mais de 3 mil títulos entre o número de eleitores
>revisados e o resultado consolidado no exame pericial do TSE.
>
>Camaçari já passou por uma correição eleitoral, em 1996, e duas revisões,
>em 1998 e 2001. Todas estas intervenções levaram ao cancelamento de
>milhares de títulos eleitorais, porque, como agora, os números constantes
>nos cadastros são maiores que o número efetivo de eleitores.
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