Retirado da mala-direta do Ex-Blog do Cesar Maia, que recebo diariamente,
esclarecedora análise das UPPs:

*ANALISANDO AS UPPs!*

Trechos da coluna de Cesar Maia na Folha de SP (04).

1. O Estado do Rio, ao introduzir as UPPs em algumas favelas, estimulou
convergências de opinião. Afinal, a dualidade de Estado na área de justiça e
segurança e a ruptura do monopólio do uso da força, pilar do Estado de
Direito, são inadmissíveis. O ano eleitoral terminou servindo de palco para
que as UPPs servissem de estandarte para a própria eleição presidencial. Por
isso mesmo é necessária uma análise mais cuidadosa -não dos méritos, mas do
alcance da iniciativa.

2. Aqui se destacam dois pontos: o objeto e a expansão. O objeto das UPPs
não é combater o tráfico de drogas no varejo das favelas, mas levar os
traficantes a abandonarem algumas dessas áreas, retomando, assim, o
monopólio estatal do uso da força. As próprias autoridades chamam a atenção
para isso ao destacar que as comunidades foram ocupadas sem a troca de um
tiro. Do ponto de vista da região metropolitana do Rio, houve um
deslocamento deles para outras comunidades, aumentando, nestas, a
ostensividade dos traficantes.

3. A expansão do programa deve ser analisada com base nas ocupações
ocorridas até aqui nas favelas da zona sul do Rio, onde o tempo de
permanência é maior. São favelas de porte médio-pequeno, com 4.000 a 5.000
habitantes. A ocupação é feita com efetivo de 150 policiais militares, numa
relação de uns 30 habitantes por policial.  No caso dos bairros, essa
relação é de 1.000 habitantes por policial. Um batalhão tem 400 policiais
militares para 400 mil habitantes.

4. Na zona norte, a mais violenta da capital, essa relação é de 2.120
habitantes por policial. Aquela relação de 30 impediria a universalização do
programa, pois o efetivo da PM teria que ser triplicado. Portanto, a
expansão depende de ir alterando a escala, para que não fique apenas nos
bairros de renda mais alta. O episódio recente na Rocinha/São Conrado é bem
elucidativo. Todas as favelas da zona sul com UPPs eram controladas pelo
Comando Vermelho. As maiores (Rocinha e Vidigal) são pela ADA (Amigos dos
Amigos). Com isso a ADA passou a ter o monopólio da venda de drogas no
atraente mercado da zona sul. E assim seu poder financeiro e bélico aumentou
muito.

5. *As elogiáveis UPPs devem ser entendidas como um vetor de intervenção, e
nunca como política de segurança pública*.  E assim mesmo deve-se planejar a
escala para que não seja só laboratório para divulgação. *Afinal, elas
entraram numa região da cidade onde a taxa de homicídios, de 8 por 100 mil
habitantes, é apenas 20% da média da capital*.

Saudações,


-- 
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FG

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