Do Valor Online:

Anvisa prepara ataque a alimento pouco nutritivo 
Arnaldo Galvão
04/06/2007


      Depois de estabelecer limites mais severos à propaganda do bilionário 
setor de bebidas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 
prepara-se para dar outro passo ambicioso e ainda mais polêmico - fechar o 
cerco à próspera indústria de alimentos de baixo teor nutritivo. O alvo 
principal será a publicidade de um segmento que tem oferta muito mais 
diversificada e universo de consumidores maior que o das bebidas alcoólicas. As 
restrições se estenderão às formas de comercialização dos produtos.  




      A Anvisa concluiu o texto preliminar do regulamento técnico que 
restringirá a oferta e divulgação de alimentos que contêm quantidades elevadas 
de açúcar, gorduras saturadas e trans, sódio e bebidas com baixo teor 
nutricional. O prazo de consulta pública já se encerrou. Se aprovada, a 
regulamentação obrigará a veiculação de advertências sobre os perigos do 
consumo excessivo desses alimentos e bebidas em embalagens e peças 
publicitárias. Poderá ser obrigatória a divulgação de frases como esta: "Este 
alimento possui elevada quantidade de gordura saturada. O consumo excessivo de 
gordura saturada aumenta o risco de desenvolver diabetes e doenças do coração". 
 




      A ofensiva da Anvisa atingirá um dos alvos da indústria de alimentos 
conhecidos como "junk food" - as crianças. A propaganda deste tipo de comida 
será restrita ao período das 21h às 6h no rádio e na TV. O objetivo é 
desencorajar os pais a ceder aos apelos das crianças por esses produtos. A 
prática amplamente disseminada de distribuição de brindes e prêmios será 
proibida. Também não será permitido o uso, em publicidade, de figuras, desenhos 
e personalidades admiradas pelo público infantil. A coordenadora da Política 
Nacional de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Ana Beatriz 
Vasconcellos, diz que as normas podem reduzir riscos à saúde de consumidores e 
gastos públicos bilionários com atendimento médico decorrente da alimentação 
inadequada.  




      Segundo Ana Beatriz, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 11 
bilhões anuais no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como 
obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares e câncer. Essas despesas 
representam 70% do total dos custos do SUS. Para ela, políticas públicas 
voltadas à alimentação saudável podem evitar 90% dos óbitos provocados por 
obesidade e diabetes.  



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