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Egito: duas faces da reação, o Exército de El-Sissi e a Irmandade Muçulmana de Morsi [image: Versão para impressão] <http://marxismo.org.br/?q=print/667>[image: Versão PDF] <http://marxismo.org.br/?q=printpdf/667> quinta-feira, Agosto 15, 2013 - 16:15 Serge Goulart inShare O exército egípcio está massacrando a Irmandade Muçulmana que por sua vez organiza provocações e massacra cristãos e incendeia igrejas cooptas. Os dois buscam estrangular a revolução começada em 25 de Janeiro que derrubou Mubarak e que, em 30 de junho, se aprofundou derrubando Morsi. Nesse dia, com uma mobilização de massas sem precedente na história, como diz a Resolução da Corrente Marxista Internacional (CMI) sobre a situação internacional, *Com 17 milhões de pessoas nas ruas determinadas a derrubar Morsi, a cúpula do exército, que representa a coluna vertebral do Estado egípcio, interviu removendo Morsi para evitar a derrubada de todo o regime. * E mais adiante:* **A situação é de impasse e nenhum dos lados pode reclamar vitória total. É isto que permite ao exército se elevar acima da sociedade e se apresentar como o árbitro supremo da Nação, embora, na realidade, o poder real estivesse nas ruas. A confiança expressada por algumas pessoas no papel do exército demonstra extrema ingenuidade. O Bonapartismo representa um sério risco para a Revolução Egípcia. Esta ingenuidade será extirpada da consciência das massas pela dura escola da vida.* O exército reagiu ao movimento antecipando-se e buscou manipular o sentimento popular como se estivesse a seu favor. O general Al-Sissi pediu um mandato ao povo nas ruas para agir em seu nome: *Peço a todos os egípcios honestos e de confiança que saiam à rua na sexta-feira, *disse Sissi na declaração transmitida ao vivo pela televisão estatal. *Porquê saírem? Para me darem um mandato e uma ordem para que eu possa confrontar a violência e o potencial terrorismo"**.* O mesmo exército assassino que sustentou a ditadura de Mubarak agora pretendia representar o povo. O incrível é que os dirigentes jovens e desorientados do Tamerod (Rebelião), a oposição burguesa como El-Baradei, e a maioria dos dirigentes das três centrais sindicais imediatamente se alinharam com os generais e se incorporaram ao governo. O presidente da nova e principal Central Sindical, a Federação Egípcia dos Sindicatos Independentes (EFITU), Kamal Abu Aita, declarou: *Os trabalhadores, que eram campeões em greve durante o regime deposto, devem tornar-se agora os campeões da produção*!. E imediatamente assumiu o cargo de Ministro do Trabalho do governo nomeado pelos generais. Honra seja feita a Fatma Ramadam, da Executiva da EFITU, que combateu a capitulação com uma declaração onde se lê:***Foi-nos pedido hoje [sexta-feira 26 de Julho] para sairmos [às ruas] dando assim, cobertura, à festa assassina de Al-Sissi. Descobrimos que as três federações sindicais estão de acordo: a estatal Federação Sindical Egípcia (ETUF), o Congresso Trabalhista Democrático Egípcio (EDLC) e a **Federação Egípcia dos Sindicatos Independentes (**EFITU), **de cujo comité executivo sou membro.* *Debati o assunto com os membros do comité executivo da EFITU a fim de convence-los a não fazer uma declaração pública apelando aos seus membros e ao povo egípcio a que saíssem às ruas no dia 26 de Julho, confirmando [com essa declaração], que o exército, a polícia e o povo constituem uma unidade, uma só mão como diz a declaração. Fiz parte da minoria, conquistando quatro outras vozes contra nove. Assim, as três federações sindicais fizeram apelo aos trabalhadores para que se juntassem às manifestações, com o pretexto de combater o terrorismo.* *... A Irmandade Muçulmana cometeu crimes pelos quais deve ser responsabilizada e levada a julgamento, da mesma maneira que a polícia, bem como os oficiais e os soldados que apoiam o regime de Mubarak devem ser considerados responsáveis e perseguidos pelos seus crimes. Não se deixem enganar substituindo uma ditadura religiosa por uma ditadura militar.* O exército egípcio agindo desta forma busca se elevar acima das classes e representar o interesse geral do povo. Mas, isso não existe. O que existe são classes em luta e os generais de Mubarak, assim como a Irmandade Muçulmana fazem parte da classe burguesa de milionários que dominam o Egito e massacram e exploram seus trabalhadores. A ultrarreacionária Irmandade Muçulmana conclama a insurreição para restabelecer Morsi no poder e o exército utiliza a provocação para desatar uma onda de violência, de massacres e de sangue sem precedentes. Em um só dia mais de 500 mortos e milhares de feridos. As forças de repressão atiram para matar durante toda a quarta-feira sangrenta, 14 de agosto de 2013. A violência é tamanha que El-Baradei toma distância e se demite da vice-presidência denunciando a sanguinária repressão. Governos imperialistas cínicos de todo o mundo apressam-se a condenar a violência e apontar o caminho do diálogo. Eles sabem que ninguém pode prever onde vai parar esta situação mas em nenhum caso será boa para os negócios. O objetivo da Irmandade Muçulmana é restabelecer Morsi na presidência para enterrar a revolução egípcia ou levar o país à guerra civil prolongada. O objetivo do exército é estabelecer o terror sangrento e desmontar a revolução aterrorizando todo o povo. Um precedente é conhecido. Na Argélia, em 1991, a FIS, um partido islâmico ganhou o primeiro turno das eleições presidenciais. O exército interviu, cancelou as eleições, ilegalizou a FIS e colocou seus dirigentes na cadeia e perseguiu seus apoiadores. O resultado foi mergulhar o país numa guerra que custou 250 mil mortos e quase destruiu o país e sua economia. O fator decisivo para a queda de Mubarak foi a entrada em cena dos trabalhadores da região do Canal de Suez que eram proibidos de ter sindicato e trabalhavam como escravos para as multinacionais de todo o mundo ali instaladas. Isso não mudou com Morsi e a Irmandade Muçulmana. Pelo contrário, além de manter tudo como estava o governo Morsi organizava verdadeiras provocações, repressão e assassinato de trabalhadores em luta. Foi isso, junto com a revolta da maioria do povo que se sentia fraudada e atacada pelos dirigentes islamistas que detonou as mobilizações que colocaram 17 milhões nas ruas e derrubaram Morsi. E é exatamente a mesma situação que o exército pretende manter. É uma situação terrível de todas as maneiras. Mas, que é agravada imensamente pelo fato de que não há um partido revolucionário marxista no Egito capaz de abrir uma saída para as massas que só pode ser contra o exército contrarrevolucionário e contra a arquirreacionária Irmandade Muçulmana. Mas, a luta de classes é mais forte que os aparatos e é o mundo material, concreto, que move a roda da história. A luta de classes continua e os trabalhadores do Egito se reagruparão com seus dirigentes mais lúcidos, com aqueles que preservarem a independência de classe e abrirem a perspectiva de luta pelo socialismo, para enterrar de vez o regime da propriedade privada dos meios de produção, neste extraordinário país. Após o primeiro choque a reação começará nos sindicatos e na juventude. Sem que se possa prever ritmos e prazos, uma coisa é certa nesta potente revolução. A ditadura imunda será derrubada pela terceira onda da revolução egípcia e junto com ela será varrida definitivamente o lixo político e social chamado Irmandade Muçulmana. ************** A seguir reproduzo o capítulo sobre Egito da Resolução sobre a Situação Internacional adotada pelo Comitê Executivo Internacional da CMI, em 24/07/2013. o texto integral está em http://www.marxismo.org.br/?q=content/resolucao-da-cmi-sobre-situacao-atualegito-brasil-turquia-terremotos-da-revolucao-mundial *A Segunda Revolução Egípcia* * Períodos de aguda luta de classes irão se alternar com períodos de cansaço, apatia, calmarias e até mesmo de reação. Mas estes períodos serão apenas o prelúdio para novas e até mesmo mais tempestuosos desenvolvimentos. A Revolução Egípcia mostra isto com clareza. * * No Egito, depois de meses de desilusão e cansaço, 17 milhões de pessoas tomaram as ruas em um levantamento popular sem precedentes. Sem nenhum partido, nenhuma organização ou liderança, elas conseguiram em apenas alguns poucos dias derrubar o odiado governo de Morsi. Com 17 milhões de pessoas nas ruas determinadas a derrubar Morsi, a cúpula do exército, que representa a coluna vertebral do Estado egípcio, interviu removendo Morsi para evitar a derrubada de todo o regime. * *Os meios de comunicação ocidentais tentaram caracterizar isto como um golpe. Mas um golpe de Estado é, por definição, um movimento de uma pequena minoria que conspira para tomar o poder à revelia do povo. Aqui o povo revolucionário estava nas ruas e era a verdadeira força motriz por trás dos acontecimentos. * *Em cada genuína revolução é o movimento elementar das massas que proporciona a força motriz. No entanto, ao contrário dos anarquistas, os marxistas não cultuam a espontaneidade, que tem seus pontos fortes, mas também suas fraquezas. Devemos entender as limitações da espontaneidade.* *No Egito, as massas poderiam ter tomado o poder no final de junho. De fato, elas tinham o poder em suas mãos, mas não estavam cientes disto. Esta situação tem algumas semelhanças a Fevereiro de 1917 na Rússia. Lênin afirmou que a única razão por que os trabalhadores não tomaram o poder então nada tinha a ver com as condições objetivas, mas foi devido ao fator subjetivo:* *Por que não tomaram o poder? Steklov diz: por este e por aquele motivo. Isto é um absurdo. O fato é que o proletariado não está organizado e não tem suficiente consciência de classe. Deve-se admitir isto: a força material está nas mãos do proletariado, mas a burguesia acabou se revelando mais preparada e mais consciente. É um fato monstruoso e deve ser franca e abertamente admitido e o povo deve ser informado de que não tomaram o poder porque estava desorganizado e não consciente o suficiente. (Lênin, Obras, vol. 36, p. 437, ênfase nossa).* *Os trabalhadores e os jovens egípcios estão aprendendo rápido na escola da Revolução. É por isso que a revolta de junho foi muito mais ampla, mais profunda, mais rápida e mais consciente do que a Primeira Revolução que ocorreu há dois anos e meio. Mas eles ainda não têm a experiência necessária e a teoria revolucionária que permitiriam à Revolução alcançar uma vitória rápida e relativamente indolor.* *A situação é de impasse e nenhum dos lados pode reclamar vitória total. É isto que permite ao exército se elevar acima da sociedade e se apresentar como o árbitro supremo da Nação, embora, na realidade, o poder real estivesse nas ruas. A confiança expressada por algumas pessoas no papel do exército demonstra extrema ingenuidade. O Bonapartismo representa um sério risco para a Revolução Egípcia. Esta ingenuidade será extirpada da consciência das massas pela dura escola da vida.* *Os abertamente contrarrevolucionários da Irmandade Muçulmana foram expulsos do poder, mas devido aos limites de sua natureza puramente espontânea (isto é, desorganizada), a Revolução falhou em tomar o poder. Por um lado, os islâmicos reacionários estão organizando uma rebelião contrarrevolucionária que ameaça mergulhar o país em guerra civil. Por outro, os elementos burgueses, os generais e os imperialistas estão manobrando para roubar das massas a vitória que elas ganharam com seu sangue.* *A Revolução foi forte o suficiente para alcançar o objetivo imediato: a derrubada de Morsi e da Irmandade Muçulmana. Mas não foi forte o suficiente para evitar que os frutos de sua vitória fossem roubados pelos generais e pela burguesia. Ela terá que passar através de uma outra dura escola, a fim de se elevar ao nível necessário para mudar o curso da história.* *A Revolução capacita as pessoas a aprender rápido. Se há dois anos existisse no Egito um partido equivalente ao Partido Bolchevique de Lênin e Trotsky, mesmo com apenas os oito mil militantes que este tinha em Fevereiro de 1917, toda a situação seria inteiramente diferente. Mas tal partido não existia. Ele terá que ser construído no calor dos acontecimentos.* *Os estrategistas do Capital ficaram seriamente alarmados com esses desenvolvimentos. Deixando de lado todos os elementos não essenciais e acidentais, estes movimentos foram inspirados e dirigidos pelas mesmas coisas. O que temos aqui é um fenômeno internacional: a tendência para um movimento revolucionário mundial. Estamos vendo desenvolvimentos similares começando na Europa.* [Non-text portions of this message have been removed] ------------------------------------ --------------------------------------------------------------------------- LAAMN: Los Angeles Alternative Media Network --------------------------------------------------------------------------- Unsubscribe: <mailto:laamn-unsubscr...@egroups.com> --------------------------------------------------------------------------- Subscribe: <mailto:laamn-subscr...@egroups.com> --------------------------------------------------------------------------- Digest: <mailto:laamn-dig...@egroups.com> --------------------------------------------------------------------------- Help: <mailto:laamn-ow...@egroups.com?subject=laamn> --------------------------------------------------------------------------- Post: <mailto:la...@egroups.com> --------------------------------------------------------------------------- Archive1: <http://www.egroups.com/messages/laamn> --------------------------------------------------------------------------- Archive2: <http://www.mail-archive.com/laamn@egroups.com> --------------------------------------------------------------------------- Yahoo! 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