Senado adia votação de projeto que obriga identificação de usuários na internet
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PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília

Depois de causar muita polêmica no governo e no próprio Congresso, o
projeto de lei [de nº 89, de 2003] que trata de crimes na internet e
obriga a identificação dos usuários junto aos provedores de acesso foi
retirado da pauta da Comissão de Constituição e Justiça, que
discutiria o assunto nesta quarta-feira.

Diante da manifestação de vários senadores, que pediram para de
estudar melhor a proposta, o presidente da comissão, senador Antônio
Carlos Magalhães (PFL-BA) sugeriu ao relator Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
o adiamento da discussão. A senadora Patrícia Sabóya (PSB-CE), que
defendeu o adiamento da votação, afirmou hoje que pretende levar a
discussão a uma audiência pública.

A proposta do senador mineiro prevê que os provedores de acesso à
internet mantenham obrigatoriamente por três anos os registros de IP
(endereço digital dos computadores). Hoje, segundo ele, esses
"endereços virtuais" são registrados por seis meses, mas não são uma
obrigação, e nem todos os provedores mantêm essa prática.

Reação

Em resposta às críticas ao projeto, Azeredo classificou de "baboseira"
a declaração do consultor jurídico do Ministério das Comunicações,
Marcelo Bechara, de que a proposta vai afetar os projetos de inclusão
digital, e criticou o nível da discussão.

"Esse tipo de crítica não agrega. Esse nível que foi colocado pelo
representante do ministério das Comunicações não contribui para as
discussão, porque é uma baboseira o que ele falou, de que vai
prejudicar a inclusão digital. Aí ele me dá o direito de dizer que o
que está prejudicando a inclusão digital é o Ministério das
Comunicações não utilizar os R$ 4 bilhões do Fust [Fundo de
Universalização dos Serviços de Telecomunicações] já arrecadados para
este fim", rebateu o senador.

O interlocutor do governo na discussão do projeto foi o general Jorge
Armando Félix (Gabinete de Segurança Institucional), segundo informou
Azeredo. Apesar de concordar com o adiamento para que os senadores
conheçam o projeto, que é complexo, Azeredo discursou no plenário do
Senado hoje para desfazer o que ele considerou mal-entendidos na
interpretação da proposta.

Segundo Azeredo, o texto proposto não vai cercear direitos, controlar
o uso da internet ou afetar a liberdade dos usuários, mas pretende
"responsabilizar o uso da internet".

O senador defendeu que o Brasil tenha uma legislação compatível com o
cenário internacional inclusive para poder aderir a tratados e firmar
termos de cooperação envolvendo o acesso à internet.
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