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Assinatura digital x democracia Ricardo Reis Gomes DATA - 23 Out 2002 FONTE - Módulo Security Magazine Quando os especialistas criaram os primeiros conceitos de assinatura digital não tinham em mente que tal invenção teria o poder de iniciar a maior revolução democrática nunca antes imaginada. Consta que na origem da democracia, em Atenas, ao tempo de Péricles, o governo era exercido diretamente pelos integrantes das cidades (demos), que se reuniam nas praças públicas e decidiam pelo voto o futuro do seu povo. Com o aumento populacional e territorial dos Estados tornou-se impossível a participação direta dos cidadãos na condução do país e na produção legislativa, dando início a participação por intermédio de representantes eleitos. A Constituição Federal de 1988 coloca de forma clara que: "Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos dessa Constituição." A Carta Magna cria diversos dispositivos que permitem a participação direta dos cidadãos na condução do país como o plebiscito e referendo, que são consultas à população sobre determinados temas. E ainda vai mais longe quando cria as leis de iniciativa popular que dão oportunidade ao cidadão de propor projetos de lei que devem receber um terminado número de assinaturas de eleitores para que sejam apresentados ao Poder Legislativo, e serem apreciados para que sejam aprovados ou rejeitados. O que a assinatura digital tem a ver com tudo isso? Tem tudo a ver. Primeiramente é necessário que se entenda que a assinatura digital é o método pelo qual se garante a originalidade e a integridade de qualquer documento, inclusive do voto. Em um futuro não muito distante, cada cidadão, munido de sua assinatura digital e com o uso da Internet, poderá criar um projeto de lei de iniciativa popular e conclamar a população para que assine, eletronicamente, tal projeto. Se o mesmo obtiver o número de assinaturas necessárias deverá ser apresentado ao Poder Legislativo para a devida apreciação. Com o instituto lei de iniciativa popular aliada à assinatura digital poderemos ampliar a participação da população na condução da nação criando leis que nunca são apresentadas por não irem de encontro aos interesses da classe dominante. Ou ainda, criar a obrigação de plebiscito para decidir temas de interesse geral como a mudança na CLT, venda de empresas do Estado, por exemplo. Poderemos ainda ir mais longe, criando o recall, que é um instituto existente em outros países que dá a possibilidade de cassar o mandato de políticos eleitos que após a diplomação se esquecem das promessas feitas nos palanques e se voltam contra o povo. Tudo isso ainda está em estado embrionário, mas com o avanço da tecnologia da assinatura digital e com a popularização da Internet, em pouco tempo tudo isso poderá ser uma realidade. Ricardo Reis Gomes é Bacharel em Administração de Empresas e em Direito, formado pela Universidade Católica de Brasília e UniCEUB, respectivamente. E-mail: [EMAIL PROTECTED] ______________________________________________________________ O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas. __________________________________________________ Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico http://www.votoseguro.org __________________________________________________