TRIBUNA DA IMPRENSA
Rio de janeiro, terça-feira, 05 de novembro de 2002

Guerra à especulação do dólar

Aldo Alvim

Muitas pessoas questionam como a queda da equipe econômica poderá afetar
as
finanças públicas, o dólar e a bolsa. Para isto temos o espelho do que
aconteceu na
Malásia cuja equipe econômica era similar à atual equipe brasileira e
que estava
levando o País à ruína e que em um golpe de audácia foi substituída pelo
novo
governo

O novo governo adotou uma série de medidas para o controle seletivo do
câmbio,
juntamente com outras medidas de proteção dos interesses nacionais. As
medidas
demonstraram ao mundo que uma nação pode sobreviver rechaçando os
ditames da
oligarquia anglo-americana e do seu Fundo Monetário Internacional, que
exigem mais
monetarismo, mais globalismo e mais livre mercado. Um ano depois
verificou-se que as
medidas do novo governo demonstraram êxito. Enquanto que as nações que
seguiram
ao pé da letra as receitas do FMI enfrentaram sérios problemas
econômicos e ameaça
de ruína.

Até esta interferência, a Malásia se arrastava numa onda de
desintegração financeira
e desintegração estrutural com o colapso do sistema. Nesta situação os
peões da
oligarquia anglo americana, como o mega especulador George Soros e o FMI

desfecharam um ataque impiedoso para devastar a moeda da Malásia,
similar ao que
estão fazendo com o Brasil, que cumpre tudo o que o FMI lhe impõe e que
cada vez
mais vê afundar sua moeda.

O governo malaio não se rendeu a estas ameaças e deixou estupefatos a
city de
Londres e Wall Street. Em um ato de legítima defesa adotou o princípio
básico de
Soberania Nacional: o de que o Estado Nacional tem responsabilidade
moral e força,
se necessitar fazer uso dela, para proteger sua população e sua economia
contra os
predadores privados. O Estado Nacional e não o chamado livre mercado é
que pode e
deve proteger e economia e todas as questões do Estado.

O novo governo impôs um controle seletivo de capitais, bem como um
estrito controle
de câmbio: os fluxos especulativos não podiam mais entrar no País para
saquea-lo e
fugir em seguida. O novo governo alterou a política do Banco Central e
aumentou o
crédito bancário para a indústria, agricultura e aumentou o orçamento
para o
desenvolvimento da infra- estrutura.

Em face da ameaça aos seus interesses, os financistas da city de Londres
e seus
sequazes responderam raivosa e ameaçadoramente. Uma breve amostra das
publicações da época ilustra a batalha política daquele momento. A
agência de
avaliação creditícia londrina Fich IBCA fez o seguinte comentário:

"O recente controle malaio do câmbio minou seriamente a confiança dos
investidores
estrangeiros e coloca e economia do País em uma posição insustentável, o
que poderá
afetar seriamente seu crédito exterior".

Posteriormente, o índice Dow Jones, proprietário e editor do Wall Street
Journal
declarou: "As restrições do governo da Malásia tirarão o país do rol dos
investidores
que operam fora do país." Alguns países como a Malásia poderão ir a
pique se persistir
em suas medidas xenófobas, contra o livre mercado - declarou o mega
especulador
George Soros, em seu livro "A crise do capitalismo".

O novo governo sabia que panos quentes não funcionavam contra tal
inimigo. Em
represália o FMI oferecia suas condições venenosas: severos cortes
orçamentários,
aumento de taxa de juros (pretensamente para proteção das moedas, mas
que
destruíam toda economia da região), privatização crescente etc. A
Malásia
contra-atacou com um conjunto de medidas, contrariando as diretrizes do
FMI e da
oligarquia financeira mundial.

Primeiro pôs fim a compra ilícita de ações fora do País. Segundo, impôs
o controle de
câmbio, que já não seria trocado livremente. Os candidatos a compra de
dólar
deveriam provar que os usaria para propósitos econômicos e não para
especulação e
fixou o cambio. Terceiro: uma vez investido em bônus o dinheiro externo
não poderia
ser repatriado antes de um ano. Fora deste prazo pagaria pesadas taxas.
Quarto:
estabeleceu juros baixos para a economia real, para agricultura e para a
indústria.
Quinto: aumentou o orçamento federal para a infra-estrutura e para
combate à
pobreza.

Sucesso: a economia da Malásia, que estava seriamente abalada, se
recuperou em
curto prazo. Em um ano os créditos bancários, a indústria e a
agricultura cresceram
30% e as reservas cambiais triplicaram. Contrastando com outros países,
sujeitos as
regras do FMI, tiveram o créditos bancários diminuídos, com contra
partida no
encolhimento de toda sua economia. como aconteceu com a Argentina.

Narcotráfico - No Brasil, o controle do câmbio terá efeito devastador no
narcotráfico e
no crime organizado, cujo principal sustentáculo é o dinheiro dessa
atividade ilegal,
muito facilitado pelo descontrole ou liberalização do câmbio. Isto
porque é daí que flui
e reflui o dinheiro do narcotráfico, uma atividade que movimenta no
mundo mais
dinheiro que o petróleo.

Esta quantidade de dinheiro forçosamente envolve os banqueiros. De
acordo com a
revista americana EIR, citando dados de várias fontes, só os bancos da
city de
Londres lavam anualmente US$ 400 bilhões do dinheiro sujo do
narcotráfico, o que
coloca como suspeita toda oligarquia britânica.

Nos Estados Unidos a então primeira dama Nancy Reagan declarou: "Não sei
porque
vamos combater o narcotráfico nas selvas da Amazônia, quando era mais
fácil
combatê-lo em Wall Street". Ela se referia às denúncias de jornais que
os banqueiros
americanos lavavam US$ 100 bilhões do narcotráfico, anualmente.

Aldo Alvim é coronel da Aeronáutica reformado




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