A
Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro informou ontem, em nota oficial, ter
aberto um inquérito para apurar suposta fraude nas eleições para deputado
estadual do Rio no ano passado. Uma denúncia feita à PF aponta para a possível
existência de um esquema de alteração de votos nas urnas eletrônicas, mediante
pagamento antecipado. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE),
desembargador Álvaro Mayrink da Costa, afirmou que não se pronunciará sobre o
assunto.
Segundo a nota da assessoria de
comunicação da PF, as investigações partem de uma carta enviada ao órgão,
contendo gravações telefônicas e cópias de extratos sobre resultados parciais
das últimas eleições. Nos documentos, haveria, de acordo com a denúncia do
candidato derrotado a deputado Ronaldo Antônio da Silva (PT do B), provas de
que, com 65% das apurações da eleição, alguns candidatos tinham mais votos do
que ao fim da apuração.
Ronaldo apresentou à PF uma
gravação telefônica em que um interlocutor identificado como Reginaldo lhe
oferece votos por R$ 10 cada. Segundo o diálogo, o vendedor de votos teria como
adulterar os resultados em determinadas regiões do Rio.
A
Superintendência Regional da PF no Estado do Rio confirma que o inquérito foi
instaurado no dia 17 de setembro, pela Delegacia de Defesa Institucional a
pedido do Ministério Público Eleitoral. Mas a PF teve conhecimento das
denúncias, ainda segundo sua assessoria de comunicação, dois meses antes, quando
teria dado início às investigações.
O
material entregue pelo denunciante consta nos autos do inquérito e está sendo
examinado por analistas e peritos da PF. Na quinta-feira passada, Ronaldo
Antônio da Silva foi interrogado pelo delegado responsável.
O
deputado estadual Noel de Carvalho (PMDB) acredita na veracidade da denúncia e
confirma ter recebido ofertas semelhantes, na última e em outras eleições.
Segundo ele, pelo menos três colegas da Assembléia Legislativa do Rio lhe
contaram que passaram por situações desse tipo.
-
Conheço dezenas de histórias, pelo menos umas 30, que ouvi. Duas ou três eu
vivi. Na assembléia eu conheço três ou quatro que me disseram que foram
procurados por pessoas que estavam oferecendo votos de deputados da beiradinha
(com número de votos relativamente elevado, mas sem certeza de que seriam
eleitos). E para mim também ofereceram. Mas eu o espantei, porque ameacei que
queria dar voz de prisão a ele - conta Noel, que desconfia da ação de hackers no
sistema eleitoral e defende a lisura do TRE.
O
deputado lembra ainda as últimas eleições municipais de Resende, em que um homem
se aproximou dele na rua e ofereceu 5 mil votos por R$ 20 mil para que o filho
de Noel vencesse as eleições para prefeito da cidade.
-
No último comício, eu estava prestes a falar, quando a mesma pessoa falou ao meu
ouvido, que, pelo fato de não haver aceitado a oferta, meu filho perderia as
eleições. E realmente, um dia antes, as pesquisas davam vitória para meu filho;
porém, no dia seguinte, ele perdeu as eleições. Mas pode ser mera coincidência -
pondera.
Segundo os documentos fornecidos
pelo denunciante, o candidato a deputado Edson Fernandes (PGT) teria, com 65% da
votação apurada, 1.618 votos. Ao fim da apuração, Edson não teve nem mesmo seu
próprio voto contabilizado. A candidata Verônica Costa (PL) também teria sido
prejudicada. Aos 65% da apuração, teria 21.413 e, ao fim, 16.276.
Investiga-se a possibilidade de
as supostas adulterações terem sido feitas por comando, instrução ou programa de
computador capaz de transmitir dados, provocando resultado diferente do esperado
em sistema de tratamento automático de dados. A PF afirma que não se pronunciará
mais sobre o assunto até a conclusão da apuração, ''a fim de não prejudicar as
investigações''.
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