Paulo Castelani wrote:

Benjamim.

voce tem o artigo do Faria Lima :

se tiver, coloque na lista, por favor.

Paulo Castelani - Umuarama Pr

Ja rolou umas vinte vezes, mais uma nao fara mal ...

==================================
Democracia ameaçada

(*) José Roberto Faria Lima


Existem apenas duas origens para o poder. A primeira é a origem divina. Deus
se comunicava com os homens através de profetas ou de um oráculo,
transmitindo a verdade. Os dez mandamentos entregues ao profeta e a escolha
do monarca para chefiar a nação são exemplos clássicos. Ninguém podia
questionar estas decisões divinas, afinal fora Deus que decidira.


Os céticos, filósofos da antiguidade grega, acreditavam que a verdade só
podia ser alcançada através de sucessivas etapas. Diziam que a “parte” não
podia ter o conhecimento do “todo” instantaneamente. Razão pela qual
questionavam sistematicamente o óbvio. E como na realidade prática era
preciso aceitar uma “verdade”, os antigos gregos se reuniam na ágora (a
praça pública – a res pública) para, através do voto, decidirem sobre temas
de importância para suas vidas.

Votavam com ostras.

Após a contagem, aqueles que perdiam eram encaminhados para o ostracismo,
visando oferecer a oportunidade aos vencedores de implantarem suas idéias e
projetos. Era a origem do poder que emanava do povo. Surgia a Democracia
participativa.

Os brasileiros foram convocados recentemente para decidir o sistema e regime
políticos que desejavam. Lembram-se? Monarquia ou República.
Presidencialismo ou Parlamentarismo.


O plesbicito decidiu pela República e Presidencialismo. Enfim, 5000 anos
depois, o tema é atual. Os brasileiros preferiram legitimar o poder oriundo
do povo.

O homem moderno respira tecnologia. As ostras viraram impulsos eletronicos,
numa realidade virtual captada por máquinas de votar.

Votamos em urnas eletrônicas.

Os brasileiros se ufanam de ter eleições totalmente computadorizadas.
Resultados em horas, numa Democracia representativa composta de cento e
poucos milhões de eleitores espalhados num país de dimensões continentais

Eleições computadorizadas e declarações de imposto de renda por INTERNET são
ícones do desenvolvimento tecnológico verde e amarelo.


O fiasco das apurações presidenciais dos Estados Unidos, com as antiquadas
máquinas de votar americanas, realça ainda mais esta conquista brasileira.
Chegamos até em pensar na exportação de nossas “urnas eletrônicas” para a
América.

O orgulho nacional adquire uma distorção narcisista que até esquecemos que a
carga tributária nacional é a segunda maior do mundo (só a Dinamarca tem um
percentual maior) e que nossas eleições infelizmente são inauditáveis e
sujeitas a estelionatos eleitorais.


Ninguém é contra a informatização das eleições, o que se deseja é um
aprimoramento do sistema. Uma garantia contra fraudes.

Especialistas se debruçaram na análise das urnas e programas utilizados nas
eleições brasileiras. Um longo relatório foi elaborado pela Sociedade
Brasileira de Computação e mantido estranhamente em sigilo até o início do
ano, muito depois da aprovação pelo Congresso Nacional da Lei do voto
virtual (Lei 1503/03).

As principais conclusões do relatório do SBC são:

Não se elimina a possibilidade de violação do voto;

A transparência e auditabilidade deixam muito a desejar;

O porte do sistema torna inviável garantir a sua confiabilidade apenas por
recursos de software;

O porte do sistema torna ineficaz a fiscalização efetiva da preparação das
urnas e da totalização dos votos.

Enfim, o sistema é falho. Não existe máquina infalível.

As principais sugestões do relatório eram:

Para dar mais transparência e auditabilidade à Apuração dos Votos,
recomenda-se a adoção do Voto Impresso Conferido pelo Eleitor ;

Para tornar viável a fiscalização da Totalização dos Votos Apurados,
recomenda-se a assinatura (hashing) dos resultados de cada seção eleitoral e
sua imediata publicação na Internet, ANTES da publicação do resultado
oficial ;


Para descobrir outras vulnerabilidades, sugere-se que seja simulado um
ataque contra os cartões de memória flash , como os usados na urna, por uma
equipe de especialistas INDEPENDENTES , que se comportarão como um hacker
tentando modificar os programas da urna.

As conclusões do relatório foram desprezadas pelos parlamentares e a Lei
aprovada, quase em segredo, consolidando uma situação de fragilidade e
evidenciando a adoração cega ao bezerro de ouro da tecnologia ou da
malandragem nacional.

Não podemos deixar que um pequeno grupo de entendidos - modernos sacerdotes
em nome de uma falsa modernidade - “gerencie” nossos pleitos, controle nossa
vontade e nosso destino e implante a “ditadura do byte”. Podemos exercer
nossa pressão democrática, exercitar nossa cidadania nos manifestando
através da Internet, exigindo os aprimoramentos indispensáveis para
evitarmos um estelionato eleitoral.


Nunca é tarde demais.

Um grupo de professores redigiu um lúcido manifesto. Tome conhecimento.
Participe!

Visite o site www.votoseguro.com/alertaprofessores. Afinal, mais importante
que uma eleição informatizada é um pleito que traduza a verdadeira vontade
dos brasileiros, uma eleição acima de qualquer suspeita.


(*) José Roberto Faria Lima é ex-deputado federal, economista e consultor em
tecnologia da informação. ([EMAIL PROTECTED])


______________________________________________________________
O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E

O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas.
__________________________________________________
Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico
       http://www.votoseguro.org
__________________________________________________

Responder a