Olha, companheiro Amilcar, desde que tive o primeiro contato com vocês eu me
interessei em agregar força a essa luta e, como bom mineiro, fui introduzindo aos
poucos as minhas idéias, procurando adquirir a confiança de vocês que reputo são os
mais bem informados e calejados cidadãos nessa questão.
Não quero ser visto como presunçoso, mas sinto que para estar em condições de
comprar essa briga como se fosse minha eu preciso dar  conhecer meus pontos de
vista.
Serei direto, portanto, e me perdoe a objetividade que nada tem de agressividade,
senão apenas a consciência da pressa que sinto ser necessária neste  momento.
Considero até natural que não me conhecendo, nem a minha história, alguém possa
pensar que eu apenas tenho o viés técnico das coisas, mas quero adiantar que sou
muito mais experimentado em Política do que em Informática e, assim sendo, nada do
que você colocou quanto às dificuldades que tiveram no processo me surpreende. Ao
contrário, percebi no Seminário de Brasília alguns erros de logística política, na
medida em que se minimizou o foco na racionalidade para concentrá-lo no discurso
emocional lá proferido por diversos palestrantes. Mas ainda assim, considerei
extremamente válido o evento, no mínimo por colocar em pauta o problema para quem
não o conhecia.

Quanto a chamar o pessoal para o debate, isto nada tem de técnico. É uma simples
estratégia política que qualquer jogador de poquer usa o tempo todo: pagar para
ver. Só se pega o blefe pagando-se para ver muitas vezes. Perde-se numas e ganha-se
noutras, mas essencialmente acababamosm por conhecer o adversário.
E esses caras estão blefando com a gente.

Quanto a estar numa reunião onde a gente é proibido de falar é muito fácil romper
isto: é só falar alto e depois ser expulso do recinto, entende? A expulsão por si
só já é uma ilustração comovente de que se quer amordaçar.
Danton, um dos mais temidos oradores ao tempo da Revolução Francesa, muitas vezes
fazia valer seus pontos de vista pela vocalização tronitroante e a audácia de
roubar a palavra dos adversários. Aliás, vimos um bom exemplo disto, em termos de
oratória, no Seminário de Brasília que é o Senador Requião que muito me
impressionou pela habilidade de expor o que quer, como quer e a despeito de quem
quer que seja.
Para mim, democracia é acordo sim, mas, muito mais do que isso, é confrontação. E
política baseada em acordos somente é muito boa para condomínios domiciliares. Num
país onde há necessidade de se alternar o poder, isto não funciona. Há que se
confrontar o tempo todo.

Eu não sabia que você e o professor estavam assessorando o Vivaldo naquela reunião.
Caso soubesse, estaria convencido de que ele não poderia estar com melhor
assessoramento, pois o pouco de vi de vocês me deu uma exata noção de que são
profissionais da melhor estirpe.
Entretanto, agora é que estranho mesmo o Deputado Vivaldo ter decidido pegar leve
porque não é a atitude que tenho observado no Brisola, o grande líder de nosso
partido. Com todo o respeito, isso não me parece hora de pegar leve, não: o avião
está caindo e a gente vai fazer diplomacia?

Finalmente, para não tomar muito o seu precioso tempo, quero deixar claro que não
vejo isto como um Exército de Brancaleone, de forma alguma e, louvando toda a sua
coragem e esforço já feito, acho que uma luta se faz como uma corrida de bastões,
onde os mais descansados ajudam os outros.
Estou aqui para ajudar, estou descansado e quero manter minha atitude positiva e
otimista.

Agradeço, mas não vou falar em Simpósios Técnicos agora, de jeito nenhum. Quero
atingir outro público. Se tiver debate com a presença do público em geral eu vou,
com certeza.

Saudações.

Tarcísio Buzelin


Amilcar Brunazo Filho wrote:

> Olá  Tarcísio,
>
> Você tem demonstrado conhecimento de informática para perceber com clareza
> os muitos pontos obscuros no Sistema Informatizado Eleitoral.
>
> Você é novo entre nós e já percebi que foi uma grande "aquisição" para o
> nosso time.
> Seja bem vindo com toda a sua capacidade e disposição. Certamente você terá
> muito onde colaborar com nossos propósitos.
>
> Mas, ainda está lhe faltando uma compreenção sobre o problema que eu só
> obtive depois de muito tentar, tatear, propor etc.
>
> O problema do obscurantismo do Voto-e no Brasil NÃO É CASO QUE SE RESOLVA
> COM ARGUMENTOS TÉCNICOS. O problema é mais embaixo.
>
> Em 98 quando nós do voto-e apresentávamos exatamente os mesmos argumentos
> técnicos que você tem levantado. Acreditávamos que isto seria suficiente
> para que os os políticos, a imprensa e os juizes e técnicos do TSE nos
> dessem boa acolhida.
>
> Que ilusão!
>
> Nossos argumentos técnicos eram simplesmentes ignorados e éramos
> desqualificados de todas as formas possíveis. Ignorantes, paranóicos,
> traidores, lobistas (a favor de fabricantes de algum sistema de segurança a
> ser vendido ao TSE) eram como, no TSE, nos qualificavam e a imprensa
> domesticada de então, repetia.
>
> Como você, pediamos debates técnicos. Nada.... Nem respondiam aos contatos
> procurados.
>
> Foi aí que decidimos escrever artigos técnicos para simpósios de segurança
> em Informática. Eu, o Evandro e o Cláudio conseguimos ter trabalhos
> aprovados no SSI e no Wseg, os principais simpósios do gênero no Brasil.
>
> Impressionamos muito bem os organizadores destes eventos e eles decidiram
> programar os debates que propúnhamos.
> Foi uma decepção!
>
> No SSI de 1999, lá no ITA-CTA, os principais técnicos do TSE, que na
> verdade são da Aeronáutica e trabalham no CTA, aceitaram "debater o
> voto-e", mas quando souberam que era comigo que debateriam, se recusaram a
> participar do debate. A desculpa dada: "ordens superiores".
>
> No Senado, em junho de 2000, foi marcado um debate entre eu e o Márcio
> Teixeira (aqui da lista) com os técnicos do TSE. Eu e o Márcio fomos até lá
> (passagem paga pelo Senado e tudo o mais) mas na hora do debate o Min.
> Jobim exigiu que somente ele e os senadores teriam a palavra. Os técnicos,
> tantos nós quanto eles, só poderiam assessorar os debatedores. O ACM
> aceitou, e ficamos sem a palavra.
>
> No Wseg, em 2001, a imprensa já não estava tão comportada, e eles não
> tiveram como negar a debater. Mas o debate foi um fiasco por que eles
> vieram em tropa dispostos a não deixar o debate se aprofundar.
> Veja em:
> http://www.brunazo.eng.br/voto-e/textos/Wsegdeb.htm
> a descrição do que ocorreu lá.
>
> O Seminário do Voto-e que ocorreu lá em Brasília este ano, graças ao apoio
> do PDT, que bancou as despesas era para ter ocorrido em junho de 2001, no
> Senado, depois de um acordo entre o Jobim e o Requião (eu estava presente
> nesta reunião entre eles no dia 17 de abril de 2001) em que o Requião
> concordou em adiar mais uma vez a votação do seu projeto de lei e o Jobim
> concordou que os técnicos do TSE participassem do seminário onde nos seria,
> finalmente, dada a palavra dentro do Senado para justificarmos nossas posições.
>
> Suspensa a votação, o Jobim passou a se desviar e o Seminário simplesmente
> não ocorreu. Mais uma vez a palavra nos foi tirada.
>
> Quanto a recente apresentação do Jobim na Câmara, o Vivaldo Barbosa estava
> devidamente assessorado por mim (que fiquei sentado do lado dele o tempo
> todo) e pelo Prof. Rezende (havia lhe entregue uma porção de textos antes
> do debate).
> O Vivaldo estava bem informado, mas diante das promessas do Jobim, tomou na
> hora a decisão de pegar leve e não apresentou as perguntas que haviamos lhe
> preparado. Dentro de uma comissão da Câmara, só os deputados tem a palavra.
> Lá eu podia apenas cochichar no ouvido do Vivaldo, não podia falar.
>
> Então, compreenda, Tarcísio, a coisa é muito mais política do que técnica.
> Leia os artigos técnicos meus, do Evandro, do Márcio e você verá que já
> abordamos todos os ângulos. Mas este tipo de argumento, por mais correto
> que esteja, simplesmente não resolve.
>
> Seja bem vindo ao nosso exército de Branca Leone...
> A luta continua.
>
> (obs. está aberta a chamada de trabalhos para o SSI 2002. se quizeres
> apresentar um artigo lá eu dou todo o apoio e colaboração. Infelizmente não
> tenho tido tempo para escrevê-lo sozinho)
>
> [ ]s
>    Amilcar
>
> At 13:54 21/06/02 -0300, you wrote:
> >Amilcar.
> >Desculpe, mas não acho que ficamos imobilizados coisa nenhuma. É fácil
> >demonstrar que essa reunião na Câmara é absolutamente sem sentido
> >científico e não passa de uma conferência de gregos dissertando sobre o
> >vernáculo chinês.
> >Pô. Que arrogância desses deputados, senadores e juízes quererem discutir
> >Informática se a maior parte deles não sabe nem fazer uma planilhinha excel!.
> >Informática é coisa que requer muito estudo e ANOS de experiência para se
> >poder dizer que se sabe "mais ou menos".
> >É muita falta de respeito a nós profissionais do setor não sermos chamados
> >a moderar um debate desse teor. Se fosse sobre Medicina, por exemplo, lá
> >seria dada a palavra a um monte de médicos e cientistas.
> >Acho que o Vivaldo pegou leve demais sim, mas será que ele estava
> >devidamente assessorado para perceber as sutilezas técnicas que estavam em
> >jogo? Não sei. A decisão final é deles, políticos, eu  concordo, mas a
> >participação técnico-científica é fundamental para se clarear sobre o que,
> >afinal, se está decidindo.
> >
> >Vou reinvindicar lá na presidência do PDT que, pelo menos, nos avise
> >quando houver assuntos assim sendo discutidos e nos convoque para estarmos
> >presentes e acho que os companheiros de outros partidos aqui do Fórum
> >poderiam fazer o mesmo nos seus partidos quando forem filiados.
> >
> >Quanto à intervenção do Suplicy, apenas percebo que o que estou falando é
> >bem real. Ele simplesmente desviou-se do tema em debate, levantando a bola
> >para o Jobim chutar e, a meu ver, marcar um gol. Ele perguntou à raposa se
> >não achava imoral ficar tomando conta do galinheiro e a raposa respondeu
> >que isto é assunto para ser discutido no Fórum das Raposas... e não das
> >Galinhas.
> >
> >Amilcar, quem sabe a gente faz um desafio ao TSE para colocar seus
> >técnicos americanos e "brasileiros" num debate conosco sobre esse Sistema
> >Eletrônico? Se eles toparem, a gente poderia clarear muita coisa. Se
> >fugirem, a gente pode chamá-los de covardes. Acho que poderia vir junto
> >com eles até o pessoal da Unicamp para "enxertar" o time multinacional.
> >Afinal, nós ganhamos da Inglaterra e do Juiz, não foi? E se perdermos (o
> >que acho difícil), o Brasil ganha também.
> >Penso que isso ficaria bem mais adequado se fosse iniciativa do Fórum e
> >não de um partido para não ficar parecendo demagogia eleitoreira.
> >
> >Bom, é uma idéia. Pensem nisso. Acho que vocês que estão há anos
> >discutindo esse assunto têm muito melhor capacidade de decidir a adequação
> >dessa linha que proponho do que eu que estou chegando agora porque aqui em
> >Minas dizem:
> >"você que chegou agora e está querendo dar palpites no que foi feito,
> >devia estar aqui quando estava sendo feito."
> >
> >Um abraço.
> >Tarcísio Buzelin
> >
> >Amilcar Brunazo Filho wrote:
> >>Olá,
> >>
> >>Resumo, bem resumido, sobre a palestra do Jobim e Cardoso na Câmara de
> >>Deputados:
> >>
> >>A sala da Comissão estava com a plateia cheia, mas quase não tinha deputado.
> >>Da oposição so' o Vivaldo Barbosa. (os demais optaram por não comparecer a
> >>título "de protesto" contra o Jobim).
> >>Também este presente o Sen. Suplicy do PT.
> >>
> >>O Jobim fez inúmeras promessas sobre a transparência do processo eleitoral:
> >>
> >>1- Os programas de segurança (criptografia simétrica e assimétrica) serão
> >>ABERTOS.
> >>(reconhecendo, enfim, que o pedido do PDT feito em 2000 era justo e
> >>necessário)
> >>
> >>2- será permitido aos fiscais dos partidos acompanharem a geração do flash
> >>card de carga das urnas.
> >>
> >>3- será permitido aos partidos verificarem se os programas carregados nas
> >>urnas são idênticos aos apresentados em Brasília. A compilação dos
> >>programas será feita na presença dos fiscais.
> >>
> >>4- Será permitida aos partidos verificarem os conteúdos dos BU eletrônicos
> >>(os valores que entraram na rede de totalização) já durante o processo de
> >>Totalização.
> >>
> >>Sobre o Sistema Operacional das urnas ele enrolou e disse que seriam
> >>apresentadas todas as modificações que fossem especiais do TSE e fora do
> >>padrão de mercado.
> >>Quer dizer, continuarão existindo programas secretos dentro da urna.
> >>
> >>Sobre a impressão do voto, disse apenas que seria feito em 20.000 urnas
> >>como um teste para verificar sua funcionalidade.
> >>
> >>Sobre o caso de Araçoiaba da Serra ele tentou disfarçar e disse que foi um
> >>problema que ocorreu apenas em UMA urna da cidade, enganando dos presentes,
> >>pois o problema ocorreu em TODAS as urnas da cidade e a eleição teve que
> >>ser anulada.
> >>
> >>Sobre o caso de Camaçarí ele nem tocou, e nada disse.
> >>
> >>O Sen. Suplicy, saindo do tema da apresentação, perguntou se a amizade
> >>pessoal entre o Jobim e o Serra não era motivo para o ministro declarar seu
> >>impedimento. O Jobim respondeu que só se manisfestaria a este respeito
> >>dentro de algum processo onde fosse levantada a "excessão de impedimento"
> >>(acho que é esta a expressão jurídica).
> >>
> >>O Dep. Vivaldo Barbosa pediu, então, que todas as promessas feitas (item 1
> >>a 4 acima) fossem tornadas efetivas por meio de resoluções e instruções.
> >>O Jobim fez mais uma promessas de que isto já estava sendo providenciado.
> >>
> >>obs.1: na minha opinião só o item 1 deverá ser cumprido de forma
> >>satisfatória. Nos demais serão adotadas soluções meia-sola só para acalmar
> >>a imprensa. E o Sistema Operacional continuará secreto.
> >>
> >>obs.2: o Vivaldo pegou leve. Decidiu na hora não fazer as perguntas
> >>embaraçosas ao Jobim, que eu tinha lhe passado, pedindo explicação para os
> >>desmentidos que o relatório da Unicamp revelou sobre a Resolução do TSE que
> >>rejeitou as petições do PDT em 2000. Por este fato, considero que minha ida
> >>a Brasília foi pouco produtiva, eu esperava que o Jobim fosse mais
> >>pressionado do que realmente foi. No final ele pode fazer o seu show, que
> >>só foi importunado pela pergunta do Suplicy
> >>
> >>obs.3: Estas promessas do Jobim, nos deixam imobilizados por uns tempos.
> >>Só poderemos saber se serão cumpridas daqui a uns meses. Até lá, ficará a
> >>palavra dele, que disse que será assim e assado. Por exemplo, não podemos
> >>mais dizer que o programa da ABIN é secreto, até que venhamos a comprovar
> >>se a promessa do Jobim será cumprida no início de agosto.
> >>
> >>At 01:39 20/06/02 -0300, Maneschy wrote:
> >> >Gente, será que ninguém, além do Vivaldo Barbosa disse algo nesse
> >> lero-lero da
> >> >dupla Jobim/Cardoso?  Conheço Vivaldo, duvido que ele tenha caído nessa
> >> >conversa
> >> >mole sobre as urnas e tenha concordado candidamente com Jobim/Cardoso.
> >> >Vivaldo nao
> >> >é bobo.  Na minha opinião - nao estive em Brasília - o despacho da
> >> Camara é
> >> >parcial porque só mostra o blá-blá-blá do Jobim e do Cardoso não
> >> registrando
> >> >absolutamente nada do que aconteceu na audiencia. Voces acreditam que
> >> todos
> >> >ouviram em silencio essa baboseira toda? Vamos ver o que o Brunazo fala
> >> >sobre o
> >> >assunto. Vou conversar com amigos lá da liderança do PDT, também. Pelo
> >> >jeito, a
> >> >reporter da Agencia Camara foi escolhida a dedo pelo Jobim...
> >>
> >>[]s ,
> >>      Amilcar
> >>
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> >>O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
> >>autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
> >>representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E
> >>
> >>O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
> >>eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
> >>sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas.
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> autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
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> O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
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