Olá 2015-09-29 17:58 GMT-03:00 <thunder...@gpsinfo.com.br>:
> Ivaldo, > confesso que não é do meu costume aplicar a tag maxspeed em vias porque > infelizmente estamos em um país onde a engenharia de tráfego não demonstra > que entende de tráfego. > É uma pena. Como usuário do OSM para mim estas são informações importantes. Especialmente quando há grande variação nas velocidades, se eu puder usar o GPS como recurso para me alertar destas variações seria muito valioso. OFF-TOPIC DAQUI PARA FRENTE. Prezado Márcio, respondo aqui a sua mensagem, mas por favor não é nada pessoal contra a sua pessoa. Tenho maior respeito por seu trabalho aqui no OSM e no Cocar. Apenas que eu vejo esses argumentos repetidos tão exaustivamente que eu acho que está se perdendo o foco real destas intervenções de trânsito. É uma situação que me angustia profundamente pelo elevado custo humano que isto representa e por isto gostaria de colocar um contra argumento. > Conduzi carro lá fora com grande tranquilidade porque experimentei > velocidades máximas permitidas constantes nas vias. Aqui no Brasil não é > assim. À frente no site http://maparadar.com me impressiona as variações > de velocidade máxima permitida em trechos de vias, e o pior, com sensores > de velocidade que arrecadam recursos oriundos das multas. > O que se multa aqui no Brasil é irrisório comparado com que se faz lá fora. No Europa se realiza até mesmo "Maratonas de Radar" https://www.bussgeldkatalog.org/blitzermarathon/ ou http://www.sueddeutsche.de/thema/Blitzer-Marathon jogando todo efetivo policial na rua para multar. Lembrando ainda que lá em geral os radares não tem a localização anunciada. Se é tão mais tranquilo dirigir na Europa é porque o controle é exercido com mão-de-ferro numa escala que aqui seria completamente impensável (imagine só a gritaria que seria ter 15 mil policiais escondidos 24h com radares móveis multando). > > Pasmo estou com a quantidade de radares que foram implantados no Brasil > nestes meses de agosto e setembro. Isso está me levando a deduzir que os > governos estão buscando outras fontes de renda para diminuir o rombo nos > cofres públicos. > Vejam matéria em > http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/08/multas-aplicadas-em-sp-sobem-22-no-1-semestre-deste-ano-diz-cet.html > Que tal olhar isso por outro ângulo? Em BH nos últimos 10 anos o número de fatalidades no trânsito caiu de 5 mortes por 1000 acidentes para 1 por 1000, isto depois de encher a cidade de radares (que na verdade são lombadas eletrônicas já que amplamente sinalizadas). E olhe que neste período a frota de carros dobrou na cidade. Como morador da cidade posso confirmar que tenho visto bem menos acidentes nos últimos anos. Antes era quase todo dia que via alguma ocorrência. Eu acredito que a quantidade de vidas salvas aqui justifica plenamente a ação de implantar esses radares. Isto sem falar na desoneração do sistema público de saúde que fica sobrecarregado atendento vítimas de trânsito. Para ter uma noção, só acidentes com motos consome 50% do orçamento do SUS na Bahia <http://www.viverseguronotransito.com.br/tag/estatistica/>. > > Quando incluímos a tag maxspeed em uma via devemos ter em mente que as > constantes variações de velocidade máxima impostas pelos órgãos de > trânsito irão nos obrigar a alterar aquela tag. > > Veja exemplo recente na cidade de São Paulo onde foram reduzidas todas as > velocidades das principais vias da cidade. > > Como exemplo, observe a Marginal Tietê em > http://www.openstreetmap.org/way/4614918 > > Essa via teve sua velocidade máxima permitida alterada de 90 para 70 km/h. > A auxiliar de 70 para 60 km/h. Ambas não foram ainda alteradas no OSM, mas > de qualquer forma não acredito que velocidades nessas vias, em horários > diurnos, permitam se atingir essas velocidades. > Me perdoem, mas aqui vamos para uma aula de física. A redução de velocidade de 70 para 60 km/h pode parecer pífia, mas lembre-se: 1/2mv^2, energia cinética vai com o quadrado da velocidade. No caso uma redução de 15% da velocidade reduz a energia cinética em 27%. Por que isto é importante? Numa colisão toda a energia cinética tem que ser dissipada ou deformando o veículo ou então ela é dissipada com consequências trágicas no pedestre/ciclista/motociclista. Uma redução de 27% de energia cinética pode ser a diferença entre a vida e a morte. Outra grandeza física que vai com o quadrado da velocidade é a força centrípet <https://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_centr%C3%ADpeta>a. Numa curva, quem faz o papel desta força é a força de atrito. Portanto, se numa curva você reduzir a velocidade de 70 para 60 km/h, você reduz a força de atrito necessária para se manter na curva em 27%. Pode ser a diferença entre fazer a curva ou não, especialmente se houver alguma coisa que for reduzir a força de atrito de maneira inesperada como água ou areia na pista. A terceira grandeza que vai com o quadrado da velocidade é a distãncia de frenagem <http://bp1.blogger.com/_gNYfU58xDrY/R8ONasGmEsI/AAAAAAAAAAY/sNbeL-t6KP4/s1600-h/frenagem.jpg> (Eq. de Torricelli se considerarmos uma desaceleração constante). Novamente, frear de 60 km/h requer uma distância de frenagem 27% menor do que frear de 70 km/h. Isto pode ser facilmente a diferença entre colidir ou não com o veículo da frente. Portanto considerando estas três grandezas juntas, uma redução pequena de velocidade pode ter consequências enormes em termos de segurança. Agora considere a redução de 90 para 70 km/h, uma redução de 23% de velocidade mas de 40% nestas três grandezas. De resto, ainda que contra-intuitivo, já é bem estabelecido que às vezes reduzir o limite da via pode melhorar o fluxo de tráfego, efetivamente aumentando a velocidade média. Outra coisa que é contra-intuitiva é que quanto maior a distância mantida ao carro da frente, menor a chance de formação de engarrafamentos. Falando como motorista, eu sempre procuro colocar a segurança em primeiro lugar, e a minha pressa em último. Sendo físico de formação tenho noção das grandezas físicas envolvidas e também tenho noção da fragilidade da vida. Já o meu bolso não se preocupa com a instalação de novos radares, em 25 anos de carteira nunca tomei uma multa e nunca me envolvi num acidente, e olha que eu viajo bastante. Mas se por acaso algum dia eu vier a ser multado eu serei o primeiro a reconhecer meu erro e imprudência. Então se não quiser contribuir com a arrecadação do governo a minha receita é muito simples: pé no freio, respeito à sinalização, direção defensiva. Para mim nunca falhou. Em resumo, o problema é esse: 40 mil mortes e 200 mil feridos anualmente no trânsito (esses números são provavelmente bem maiores <http://www.vias-seguras.com/os_acidentes/estatisticas/estatisticas_nacionais> ). A pergunta que cada um de nós deveria se fazer é a seguinte: você faz parte da solução ou faz parte do problema? (Não existe meio termo) Eu penso que com informações confiáveis e precisas no mapa do OSM podemos contribuir com uma pequena parte da solução. me desculpem por ter me alongado tanto neste off-topic abraço Gerald
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