Oi

A espetacularização do combate à pirataria


Confesso que estava torcendo para que o processo movido contra o
The Pirate Bay
http://thepiratebay.org/
fosse um tiro na água, a industria de intermediação cultural precisava
encontrar um freio, mas infelizmente a justiça Sueca considerou os donos
do site culpados. Na verdade, conforme Ronaldo Lemos,
http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/04/17/pirate-bay-decisao-e-ineficaz-diz-especialista-em-direito-digital/
a decisão aumenta o escopo dos direitos autorais e assim começa a passar
por cima de direitos individuais, como a privacidade.

Assim como no caso do Napster, os resultados são muito mais negativos
para a Industria de intermediação cultural do que os benefícios diretos
de uma ação como esta,
http://www.trezentos.blog.br/?p=831
mesmo que os valores extorsivos e utópicos cobrados nestas ações fossem
exequíveis, ainda sim, a balança penderia contra ela. Na verdade a
intenção dos representantes da industria de intermediação cultural não é
ressarcir-se do pseudo e majorado prejuizo,
http://www.scribd.com/doc/5318523/Cultura-Livre
e sim a prática secular da execução em praça pública:

imagem: Execucao em praca publica
http://xocensura.files.wordpress.com/2009/04/execucaobay.jpg?w=292&h=400

O objetivo de FOUCAULT,
http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault
em Vigiar e Punir],
http://sledge.boo-box.com/list/page/dmlnaWFyK2UrcHVuaXJfIyNfYm94XyMjX3RhZ2dpbmctdG9vbF8jI18zNjc5-60
é descrever a história do poder de punir como história da prisão, cuja
instituição muda o estilo penal, do suplício do corpo da época medieval
para a utilização do tempo no arquipélago carcerário do capitalismo
moderno. Assim, demonstrando a natureza política do poder de punir, o
suplício do corpo do estilo medieval(roda, fogueira etc.) é um ritual
público de dominação pelo terror: o objeto da pena criminal é o corpo do
condenado, *mas o objetivo da pena criminal é a massa do povo, convocado
para testemunhar a vitória do soberano sobre o criminoso, o rebelde que
ousou desafiar o poder*. O processo medieval é inquisitorial e secreto:
uma sucessão de interrogatórios dirigidos para a confissão, sob
juramento ou sob tortura, em completa ignorância da acusação e das
provas; mas *a execução penal é pública, porque o sofrimento do
condenado, mensurado para reproduzir a atrocidade do crime, é um ritual
político de controle social pelo medo*. Juarez Cirino dos Santos

É uma prática repressiva comumente utilizada pela Industria de
intermediação cultural, os “alvos” são criteriosamente escolhidos
levando-se em conta o impacto e o potencial de marketing, dentro  desta
estratégia a escolha do The Pirate Bay foi perfeita.

Entretanto esta prática tem surtido cada dia menos efeito, questões como
ética e honestidade
http://xocensura.wordpress.com/2007/09/12/apologia-ao-crime-e-aos-reis-da-pizza/
vem sendo colocadas em xeque por quem deveria dar o exemplo, e como já
previa o Manifesto Cluetrain,
http://www.cluetrain.com/portuguese/index.html
as pessoas juntas estão ficando mais sabidas que as corporações, e
consequentemente menos sujeitas às suas manipulações. As corporações já
parecem saber disto, mas como os duendes de Quem mexeu no meu queijo,
http://www.cluetrain.com/portuguese/index.html
tentam sobreviver no seu super ultra lucrativo modelo de negócios, que
há muito faz água, na esperança de que um dia tudo voltará a ser como
antes, nem que eles tenham de dar uma “ajudazinha”.

Curioso mesmo é o tamanho do poder que a Industria de intermediação
cultural possui, poder este que pretende ser ampliado pelo secretissimo
ACTA.
http://xocensura.wordpress.com/2008/09/22/o-silencio-sobre-o-acta/
Mesmo levando-se em conta que quanto maior o mito midiático, maior a
subserviência da sociedade e consequentemente maior o poder em
combate-lo, ainda assim acho o poder da Industria de intermediação
cultural desproporcional.

Na verdade existe um tremendo discurso hipócrita que começa no conceito
de direito autoral, enquanto a manipulada sociedade
http://entropia.blog.br/2009/01/10/mantras-da-irracionalidade/
acredita que o pobre músico passará fome se suas músicas forem
pirateadas na Internet, o que ocorre é que há muito o pobre músico
cedera seus direitos à gravadora. E dependendo do quanto “leolino” é
este contrato, o músico deixa de ter qualquer autoridade sobre a sua
obra intelectual. Pergunto ai quem é o maior vilão da história?

Na verdade a Industria de Intermediação cultural quer, além dos lucros
imorais, é evitar que a sociedade se dê conta de que ela se tornara
obsoleta, ou pior, quer na verdade eliminar o seu principal concorrente:
http://www.baciadasalmas.com/2005/a-batalha-dos-clones/
Nós mesmos.


Xô Censura !
Abril 18, 2009
João Carlos Caribé


Comentários

    1. Os artistas da era pré-internet precisavam das gravadoras para
serem vistos, conhecidos, distribuidos, vendidos e etc, mas com o
público auto-organizado escolhendo o que é bom e o que é ruim, este
modelo de distribuição passa a ser ridículo. Quem são as gravadoras para
impor quem vai e quem não vai ser aceito pelo público? Porque não
colocar o público pra escolher o que ele quer ouvir?
       O modelo de distribuição do myspace, youtube, tramavirtual,
reverbnation e afins estão substituindo o “trabalho” da gravadora de
selecionar os bons artistas, e este cargo está ficando para o público.
Novos artistas estão escolhendo não serem escravos das gravadoras. A
Mallu não tem gravadora, o Ultrage está com várias músicas para baixar
de graça no reverbnation, bandas novas como O Teatro Mágico e O cordel
do fogo encantado estão disponibilizando suas músicas em seus sites, no
youtube, no myspace e incentivando seu público a distribuir suas
musicas, isto porque sabem que este é o novo caminho para chegar ao
topo: disseminar.
       Quanto mais artistas negarem as gravadoras, mais fracas elas
ficarão, mais desnecessárias, e toda esta discussão de pirataria musical
não fará mais sentido, já que os proprios autores estarão liberando suas
obras para correrem soltas pelo mundo. E felizmente esta utopia é só uma
questão de tempo, já que é neste caminho que as coisas estão andando…

Comentário por Rodrigo Chibiaqui — Abril 18, 2009 @ 7:32 pm

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Beijins
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