Gente, já que estamos em clima de manifestações, vou dar um pitaco: protestem! A coisa só começará a mudar quando todo mundo se unir e dizer não ao trabalho escravo, se recusar a fazer freelance por qualquer merreca e virar as costas para o cliente que quer que a gente solucione de graça o problema dele (que é dele, não nosso). O que ninguém quer perceber (governo, empregadores e clientes em geral) é que tudo e todos se tornaram completamente dependentes de um mundo digital em vertiginosa evolução. Em vista disso, para dar conta do recado, somos forçados a pesquisar e aprender continuamente. Em troca de um punhado de moedas, precisamos literalmente nos virar todos os dias e, com freqüencia, temos sob nossa responsabilidade muito dinheiro, e até mesmo vidas. O dia em que os profissionais de TI sérios resolverem fazer uma greve geral, ou então, como sugeriu o colega Andre Cavalcante, mudarem de profissão, aí eu quero ver. Aliás, voltando à sugestão do André, a poucos dias vi um anúncio de vaga, aqui na minha cidade, para lavador de caminhões, com apenas seis meses de experiência. Salário: R$ 1.800,00 iniciais na carteira, mais benefícios, ajuda de custo, blá, blá, blá. Quase fui :-)
No fundo, a maior parte da culpa pela situação é nossa, nos deixamos rebaixar ao nível do moleque filho do vizinho, que mal sabe arrastar um mouse no Ruindows, acha que é o papa da informática e formata micro por vinte reais. Quando o cliente me procura desesperado, perdendo dinheiro, porque um curioso, por pura falta de responsabilidade, ferrou o sistema, danificou arquivos importantes, etc., eu vou ao delírio, cobro o olho da cara para salvar o pescoço dele, e ainda tiro sarro :-D Desculpem, desabafei tambẽm :-) Em 2 de julho de 2013 17:37, Andre Cavalcante <andredcavalca...@gmail.com>escreveu: > Desculpa me intrometer... > > Trabalho na área de tecnologia desde 1992. > E sempre vi essa choradeira... > > Antes de me espezinharem, leiam o restante do email. > > Peguei todas as versões de DOS e Windows. Usava linux esporadicamente desde > 2000~2001. > Passei a usar definitivamente o Linux, como meu 1º SO, desde 2007. > > O que mudou de lá prá cá? > > Simples: quando comecei qualquer micreiro que sabia basic ou pascal tava > empregado! > Qualquer um que mexesse um pouquinho no Access também. > Hoje as coisas são diferentes: bons profissionais são aqueles que falam > inglês fluentemente, tem bons conhecimento de meia dúzia de BDs comerciais, > e a mesma quantidade de linguagens de programação. Não se assustam nem com > a Web, nem com celulares. > > As exigências são muitas... Muitas mesmo. Brinco que a chamada de emprego > para a área de tecnologia é como uma chamada para o Conselho Jedi! (os > nerds vão entender a piada :-) ) > > Agora, de todos os profissionais que conheci e que trabalhei, que * > efetivamente* (não era só bla, bla bla) cuidavam do *centro nervoso* da > empresa, ganhavam bem acima do meu salariozinho de programador Delphi... > Até que um dia eu estava no centro nervoso de tudo, com responsabilidade de > verdade. Quando comecei, os caras queriam me pagar um pouco mais que eu > ganhava. Resumo, fui embora. Soube que a empresa quebrou naquele mesmo ano. > Fui para outra empresa e nessa eu literalmente apaguei as luzes. (Eu e um > colega fechamos os disjuntores da subestação e trancamos as portas da > empresa, quando ela esteve a ponto de falir). A minha saída custou pra > empresa 3 meses de salário integral e mais os 40% do fundo - fiquei 6 meses > a procura de outro trabalho e ainda consegui manter a mim e a minha família > nesse tempo. Foi uma experiência verdadeiramente gratificante, e ganhava > bem! Mas *efetivamente* estávamos no centro nervoso de tudo. Se falhássemos > a empresa quebrava por nossa culpa. Mas seguramos a barra. Na derrocada das > empresas .com e da teles em 2002, ela até resistiu, mas em 2003, quase > fechou. Hoje ainda atua e é uma grande empresa novamente. > > Cara! Se estás descontente, nem adianta greve - é uma questão de > consciência. FUJA daí! Procure algo melhor. Abra a sua própria empresa. Sei > lá, se vira. A tecnologia é reconhecida pela revolução das ideais. Faça a > sua! > > E parem com essa choradeira de salário - isso enche o saco e não resolve. > Tá insatisfeito, pede demissão! Pior é ficar o tempo todo do mesmo jeito. > Ah! mas se eu sair daqui vou acabar recebendo um salário menor. Será mesmo? > Não confia no teu taco? Não eras o bam-bam-bam? Então mostra! Se não és > assim tão *bão* então fica quietinho no teu canto antes que o patrão saiba > disso e te demita! > > Hoje olho para muitos amigos meus que mal ganham um salário de técnico - > ficaram parados no tempo. Eu fui em frente e hoje tenho um doutorado. Não é > fácil, mas recompensador. E muitas noites sem dormir pra fazer aquele > "bendito" programa funcionar... (quem é programador sabe o que tô falando, > hihihi). > > Bom, vou ficando por aqui, o email tá longo e já virou um desabafo. > > Abraços > > André > -- > Mais sobre o Ubuntu em português: http://www.ubuntu-br.org/comece > > Lista de discussão Ubuntu Brasil > Histórico, descadastramento e outras opções: > https://lists.ubuntu.com/mailman/listinfo/ubuntu-br > -- Márcio H. Parreiras GNU/Linux Professional Pedro Leopoldo - MG - Brazil Este e-mail pode conter anexos em formato Open Document (ABNT ISO/IEC 26300:2006), cujas extensões podem ser .odt (texto), .ods (planilha) ou .odp (apresentação), entre outras. Para visualizá-los, baixe gratuitamente a suíte LibreOffice em: http://pt-br.libreoffice.org/baixe-ja/ This email may contain attachments in Open Document format (ABNT ISO/IEC 26300:2006), whose extensions can be .odt (text), .ods (spreadsheet) or .odp (presentation), among others. To view them, download for free the LibreOffice suite at: http://www.libreoffice.org/download/ "Faça a mudança / Make the move: http://makethemove.net/" . -- Mais sobre o Ubuntu em português: http://www.ubuntu-br.org/comece Lista de discussão Ubuntu Brasil Histórico, descadastramento e outras opções: https://lists.ubuntu.com/mailman/listinfo/ubuntu-br