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<http://www.sedentario.org/colunas/duvida-razoavel/majestosa-imperfeicao-26634> <http://www.sedentario.org/colunas/duvida-razoavel/majestosa-imperfeicao-26634> A primeira religião monoteísta da história humana, há mais de 3.000 anos, louvava o Sol *Aton* reconhecido como poder supremo e fonte última que alimentava a vida. Não é descabido imaginar que mesmo antes disto, as primeiras reverências de nossos ancestrais proto-humanos já reconhecessem a importância do astro-rei, e mais do que sua importância: a sua perfeição. Dia após dia, no que por quase toda nossa história foi a própria definição de dia, lá surgia pontualmente o disco solar trazendo luz e calor tão essenciais para que sobrevivêssemos. Fácil compreender assim que os raros eventos de eclipses, estas aparentes anomalias na perfeição solar, fossem vistos como maus presságios por culturas isoladas em quase todo o planeta. Com o tempo, e principalmente, em nossa cultura ocidental, o Sol visto como deus foi deixado um pouco de lado. Heresia, inclusive. Curiosamente, seria então o renascimento da ciência, com observações e argumentações racionais, que viria a ressaltar novamente o que mesmo nossos ancestrais já percebiam como óbvio. Continue lendo em mais uma coluna *Dúvida Razoável*. <http://www.sedentario.org/colunas/duvida-razoavel/majestosa-imperfeicao-26634> Este reconhecimento do valor do Sol à luz racional contém mesmo uma coincidência fonética que resume a beleza do acaso. Sabemos hoje que o Sol é uma fornalha de fusão nuclear alimentada por *Atons*, ou melhor, *átomos* de hidrogênio comprimidos por esmagadoras forças gravitacionais. O termo átomo, como o usamos em ciência, deriva do grego *átomos*, e como no português conhecemos a palavra tomo e o prefixo a, é fácil compreender que é uma palavra que significa *algo que não pode ser divido* (a-tomo). É a fortuita história do renascimento científico e da evolução do conceito do átomo que explica porque acabamos chamando o átomo de átomo. A coincidência fonética é fascinante assim porque ao final, o deus Aton egípcio é anterior à civilização helênica e mais do que isso, não possui relação direta com os termos gregos. Fascinante sim, mas *mera* coincidência, até porque a forma com a qual um grego antigo pronunciaria átomos e um egípcio aton não seriam lá tão parecidas quanto a sua transliteração em alfabeto romano parece sugerir. * Mera* sim, embora elaboradas teorias fantasiosas possam ser criadas. *Mera*sim, mas curiosíssima coincidência. Pois bem, retornemos à história aqui, que é de que a ciência confirma o papel essencial de nossa estrela como fonte de praticamente toda energia movendo os seres vivos. A história aqui reside mais no *praticamente*. Porque há não muito a ciência foi além e descobriram-se em ambientes inóspitos, como as grandes profundidades do oceano, algumas formas de vida alimentadas por processos geotérmicos, independentes assim da energia solar. No interior de nosso planeta há reações diversas, principalmente nucleares mas não de fusão que respondem pelo calor que gera fenômenos como os movimentos dos continentes ou a erupção de um vulcão na Islândia. Fenômenos poderosos, e fenômenos que não dependem diretamente da energia do Sol. E que, em alguns pontos, podem sustentar pequenos ecossistemas. Acabamos descobrindo que Aton, como o deus do disco solar, não é o poder supremo e fonte última de *toda* a vida no planeta. Não é tão perfeito. Mas então, por mais que soe romântico à primeira vista, é em uma segunda olhada um tanto tolo imaginar que a ciência racional viesse a voltar a venerar uma das primeiras crenças monoteístas de um tirano egípcio que ao final de seu reinado foi tão odiado pelo povo que o monoteísmo que promoveu foi prontamente abandonado após sua morte. Pois foi o que aconteceu. Perceba-se como o salto de uma coincidência romântica que poderia virar talvez elemento de um livro de *Dan Brown* pode, com algumas informações complementares, rapidamente tornar-se algo um tanto menos empolgante. Pelo menos aos que prefiram entretenimento fácil. A ciência pode oferecer apreciações mais difíceis, mas proporcionalmente mais profundas, com o pequeno detalhe de serem intelectualmente honestas. Há outro episódio que ilustra essa aparente ambiguidade do reconhecimento do Sol como figura central à vida ao mesmo tempo em que se ressalta que não é uma entidade divina perfeita. É um episódio derivado de um nome simples e facilmente compreensível: as *manchas solares*. Manchas não são associadas à perfeição, e são justamente o que *Galileu Galilei* descobriu no disco solar, como parte do renascimento e da revolução científicas que vivemos até os dias de hoje. Galileu não foi o primeiro a vê-las, chineses antigos e mesmo monges medievais chegaram a ver e registrar estas imperfeições que por vezes podem ser evidentes mesmo a olho nu embora, e este é um alerta, você não deve jamais tentar observar o sol diretamente, Galileu acabou cego. Talvez mesmo nossos ancestrais proto-humanos, e muito provavelmente mesmo os egípcios antigos já deveriam ter visto tais manchas, mas elas eram comumente interpretadas como *alguma outra coisa* que não uma mácula no disco de luz perfeito. Foi Galileu que percebeu que estas manchas não eram arbitrárias e se moviam ao longo da superfície do disco solar, como se este disco fosse em verdade uma esfera em rotação. Como, claro, hoje sabemos ser o caso. *Aristóteles*estava errado sobre a perfeição absoluta e imutável dos corpos celestes, e uma simples observação cuidadosa daquela coisa brilhante no céu que se erguia todos os dias podia comprová-lo. Observar e então argumentar, investigar, questionar de forma racional e livre com base nestas observações, porém, é algo muito mais difícil e muito mais valioso do que comumente apreciamos. É apenas por vivermos, após muitas lutas, em sociedades em que somos livres para tal que parece mesmo intrigante que apenas no século 17 fosse necessário um gênio como Galileu para observar e entender que o Sol tinha manchas. E o Sol tem muito mais do que manchas. O Sol é muito mais, ou menos, que um disco perfeito e imutável. O Sol, como já mencionamos, é uma fornalha nuclear. Tem mais de 100 vezes o tamanho da Terra, está a 150 milhões de quilômetros de distância e é ativo há algo como cinco bilhões de anos. Uma fornalha repleta de atividade, apenas a mais óbvia e evidente das quais são as manchas solares. E o motivo e inspiração para todo este texto é o vídeo abaixo, capturado no último dia 30 de março de 2010, de uma destas atividades: a erupção de uma proeminência solar. *Assista ao vídeo*<http://www.sedentario.org/colunas/duvida-razoavel/majestosa-imperfeicao-26634> Capturada pelo novo telescópio espacial da NASA, o *Observatório de Dinâmica Solar*, a enorme estrutura em forma de laço registrada se estende por vários milhares de quilômetros, o que significa que este show de pirotecnia tem um tamanho muito maior do que nosso planeta. E é mais do que um simples show pirotécnico: assim como o Sol não está queimando quimicamente, como comumente vemos chamas aqui em nossa atmosfera, e sim através de reações nucleares em vários estágios, o laço não é simplesmente uma explosão se espalhando arbitrariamente pelo espaço. O laço formado reflete diversos fenômenos complexos como campos magnéticos fortíssimos. Estes campos magnéticos envolvem boas quantidades de energia, que pode acabar diminuindo a temperatura relativa na superfície solar, produzindo as manchas solares. Isto é, se uma mancha negra no aparente disco solar perfeito podia aparentar ser uma mácula, estas imagens recentíssimas de qualidade inédita e importante ressaltar, de menos de um mês atrás! destacam como por trás desta imperfeição há fenômenos majestosos, de beleza hipnotizante, de complexidade gigantesca que vão sendo pouco a pouco exploradas. Toda esta fascinação, esta apreciação mais profunda, repleta de detalhes e muito mais complexidade que este autor é capaz de expressar ou mesmo de compreender, deriva da observação e investigação racional e livre do mundo muito real em que vivemos, em um empreendimento mais conhecido pelo que termo que repetimos várias vezes aqui. É a ciência, capaz de revelar que mesmo a imperfeição pode ser majestosa quando observada com um pouco mais de detalhe. - - *Quer mais ciência? Confira o ScienceBlogs Brasil<http://scienceblogs.com.br/>, e o blog deste autor, 100nexos <http://scienceblogs.com.br/100nexos/>.* [As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas] ------------------------------------ ======================================================== Ja pensou em fazer um site para você ou seu grupo de pesquisa ufológica? A A1WebSolutions tem um plano especial para você! Utilize o código promocional "BURN" no fechamento do pedido e ganhe o primeiro mês de hospedagem gratuíto no pacote ONG! 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