Marte Ataca: Lasers Naturais<http://www.sedentario.org/colunas/duvida-razoavel/marte-ataca-lasers-naturais-30902>
<http://www.sedentario.org/colunas/duvida-razoavel/marte-ataca-lasers-naturais-30902> *With lasers*. Um feito fabuloso de ciência e tecnologia, algo que *jamais foi visto ocorrendo naturalmente no Universo*, como proclamei em uma coluna há um par de anos<http://www.sedentario.org/colunas/duvida-razoavel/grande-colisor-de-hadrons-o-fim-do-comeco-do-fim-8036>. Bem, estava errado! O laser é sim fabuloso, mas surpreendentemente ocorre na natureza. Não só isso, como raios laser vindos do espaço estão nos atingindo neste exato momento. Entender algo de como funciona esse raio de luz coerente usado do mouse que você segura aos drives de CD e DVD, e como o Universo pode pulular com algo tão fantástico como estrelas não tão diferentes da *Estrela da Morte* de *Star Wars* é o tema desta nova coluna<http://www.sedentario.org/colunas/duvida-razoavel/marte-ataca-lasers-naturais-30902>que ainda inclui guerra com marcianos e abduções alienígenas de tempero. Lasers preciosos Laser é uma sigla, um acrônimo, em inglês: *Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation*, ou *Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação*. Por partes, o efeito envolve amplificar luz, através da emissão estimulada <http://www.mspc.eng.br/eletrn/laser110.shtml>. Geralmente isso significa excitar um meio, como um cristal de rubi, com pulsos de luz até que se atinja um estado chamado inversão de população<http://www.ufsm.br/gef/Laser.htm#item05>. Nesse meio excitado, uma partícula de luz, um fóton, pode se multiplicar em muitos fótons idênticos, coerentes. É a emissão estimulada, e com a multiplicação de fótons coerentes, é a amplificação da luz. É o laser. O laser de rubi que você vê acima foi o primeiro laser construído em 1960, e ele deve parecer algo razoavelmente engenhoso, como foi. Talvez lembre um relógio e seus mecanismos precisos. E se lembra um relógio, deve indicar a existência de um relojoeiro. O Fabricante de Lasers Cego Ao encontrar um relógio em uma praia, qualquer um teria razão em presumir que o relógio deve ter sido fabricado por um relojoeiro. Ao contrário de uma simples pedra, que pode simplesmente ter estado lá por um bom tempo, surgida ao acaso por processos naturais, um relógio é um artefato mecânico complexo, intrincado. Que deve ter sido criado por um relojoeiro. É o famoso argumento que *William Paley* ilustrou no início do século 19. Paley estava certo, embora sua analogia não se aplique realmente a outros elementos complexos sujeitos àquele fenômeno chamado evolução. Assunto longo, que não cabe realmente aqui, um certo professor britânico escreveu todo um livro sobre o tema, O Relojoeiro Cego<http://books.google.com/books?id=4TFqfgjyfU8C&dq=O+Relojoeiro+Cego> . Lasers, por sua parte, não se reproduzem nem possuem informações genéticas como os seres vivos. Podem ser contudo tão complexos e delicados quanto um relógio, combinando a regularidade de um cristal de rubi sintético com pequenas impurezas e a sofisticação de um tubo de flash de quartzo ajustado para a frequência correta. Ao encontrar um laser em uma praia, qualquer um teria certa razão em presumir que o laser deve ter sido criado por um fabricante de lasers. A inscrição Made in China deve estar gravada ainda que não possa ser vista a olho nu. Como vimos, o primeiro laser foi criado há 50 anos atrás. Foram décadas depois que seu embasamento teórico tivesse sido formulado por outro sujeito chamado *Albert Einstein*, e muitos anos depois que seus predecessores tecnológicos, os Masers que trabalham com feixes de rádio, microondas, dirigidos fossem demonstrados. Enfim, se há um laser, deve haver um fabricante de lasers. Ou foi o que presumi. Como já notei, estava errado. Porque embora lasers possam ser tão complexos e intrincados quanto um relógio, podem ser também mais simples, e ao final, a natureza sempre pode nos pegar de surpresa. Paley que o diga. Estrelas de Laser Poucos meses depois da demonstração de lasers artificiais de rubi, cientistas desenvolveram outro tipo de engenhoca em que o meio excitado era, ao invés do rubi, uma mistura dos gases hélio e neônio (HeNe). A forma de excitar o gás, ao invés de um tubo de flash de quartzo, eram apenas eletrodos de alta voltagem. Como você pode imaginar, esse é um tipo de laser que você pode conceber na natureza. Se é improvável esperar encontrar pela praia um cristal de rubi com espelhos e tubos de flash, é um tanto mais provável encontrar colunas de gás estimuladas. Uma ideia tantalizante envolve assim imaginar um grande asteróide mergulhando em uma estrela <http://laserstars.org/amateur/scifi.html#meteor>. O asteróide seria vaporizado, formando uma coluna de gás levemente mais fria que o material ao redor, sendo estimulada pela radiação do plasma da estrela. Uma coluna de gás estimulada dentro de uma estrela. De acordo com a teoria, emissão amplificada espontânea, ou laser, deve ocorrer, com um raio emitido como um feixe estreito precisamente alinhado com o rastro do meteoro. E este é apenas um mecanismo imaginado para uma Estrela de Laser <http://laserstars.org/> natural. Lasers, na natureza. Planetas de Laser Se as propostas a respeito da existência de Estrelas de Laser pelo Universo pareça fascinante, elas ainda são um tanto debatidas. O que não é apenas especulação, e de fato tem sido fato científico há mais de 30 anos, é que existem Planetas de Laser. Você deve conhecê-los: as atmosferas de Marte e Vênus emitem raios laser em nossa direção! Em 1976 os raios foram inicialmente observados vindos de Marte por estudantes de *Charles Townes*, ele mesmo prêmio Mobel por seus trabalhos com masers e lasers. Não são raios tão poderosos como os vindos de uma Estrela da Morte, mas eram uma emissão 100 milhões de vezes mais intensa do que o esperado. Toda esta potência se explicaria porque a emissão havia sido amplificada, e não se dissipava como as outras. Era um laser, um laser natural, onde a inversão de população no gás excitado ocorre no dióxido de carbono nas camadas superiores da atmosfera de Marte. A bomba excitando essa camada é a própria radiação solar, e o efeito é assim mais intenso próximo do ponto onde a luz do Sol atinge a atmosfera com mais intensidade. O círculo vermelho centrado na *Chryse Planitia* representa a região sobre a qual as emissões de laser em nossa direção foram detectadas. *Chryse Planitia*, a propósito, foi onde a sonda *Viking 1* pousou naquele mesmo ano de 1976. Estariam os marcianos se defendendo de uma invasão terráquea? Chegamos aqui a *H.G. Wells*. Raios da Morte Muito antes do advento dos lasers, mesmo antes que Albert Einstein propusesse a possibilidade de algo como feixes coerentes de luz, a ficção científica já lidava com terríveis feixes dirigidos de energia, os raios da morte. Em um dos clássicos que iniciou o próprio gênero, *Guerra dos Mundos* (1898), Wells retrata os marcianos com um terrível raio de calor: de alguma forma eles são capazes de gerar um calor intenso em uma câmara. Este calor intenso é então projetado em um raio paralelo contra qualquer objeto que eles escolham, calor invisível, ao invés de luz visível. Qualquer elemento que seja combustível arde em chamas ao ser atingido, chumbo derrete como água, ele amolece o aço, racha e derrete vidro, e quando é lançado contra a água, invariavelmente ela explode em vapor. Quão apropriado não é, assim, que lasers naturais tenham sido detectados vindos de Marte, e aqui está o detalhe fascinante. Como são lasers de gás de dióxido de carbono na atmosfera marciana, são lasers infravermelhos. São feixes invisíveis, paralelos, de calor. O mais próximo dos raios de calor que se pode imaginar. Ou o mais próximo da realidade que Wells poderia imaginar. Ele estava certo. A atmosfera de Vênus também emite lasers naturais, também pelo mesmo mecanismo, também no infravermelho, e de fato há propostas para a detecção de planetas além do sistema solar buscando precisamente por assinaturas de lasers naturais, indicativos de atmosferas com determinada composição excitadas pela radiação solar na medida certa. Os Olhos que Falavam Viajamos longe, do funcionamento dos lasers, passando pelo primeiro laser artificial criado com um cristal de rubi, aos lasers a gás, as estrelas de laser, os planetas de laser e aos raios de calor de HG Wells na *Guerra dos Mundos*. Prometi abduções alienígenas de tempero, e a história ainda reserva mais nexos. Um dos episódios do seriado clássico de ficção científica, *Outer Limits* (no Brasil, A Quinta Dimensão), era *The Bellero Shield*, exibido na TV em 1964 pouco depois da invenção e popularização do laser. Todos estavam excitados com este feixe mágico de luz estendendo-se aparentemente ao infinito. A história envolve um cientista que envia um poderoso raio de luz ao espaço, presumivelmente um raio laser. Qual não é sua surpresa quando uma noite, um alienígena desce pelo feixe de luz, que ele usa como forma de viagem pelo espaço. O extraterrestre branco, frágil e pacífico logo conversa com o cientista e sua esposa. Em um filme-B você não esperaria que um alienígena falando nossa língua fosse um detalhe relevante, mas os roteiristas se importaram em explicar como a comunicação era possível. O alienígena Bifrost conta que está em verdade se comunicando telepaticamente, o que é uma explicação decepcionante, mas dá um detalhe criativo e mesmo poético para como consegue fazer isso. Em todos os universos, em todas as unidades além dos universos, todos que têm olhos têm olhos que falam. O alienígena conseguia entender as pessoas através da leitura de seus olhos. Esta fala seria importante porque em uma sessão de hipnose apenas alguns dias depois do episódio ir ao ar, um certo *Barney Hill* contaria mais detalhes de como teria sido abduzido por alienígenas. Barney e sua mulher, * Betty*, são o casal protagonista do que talvez seja o mais famoso caso de abdução alien da história. Pois o desenho que Barney Hill fez de um dos tipos de extraterrestres que viu (havia vários) exibe olhos bizarramente oblíquos, estendendo-se pelas laterais do crânio, e em uma concepção artística posterior o formato peculiar do próprio crânio também foi destacado. Na imagem acima, você confere os esboços do alienígena de Barney Hill à esquerda, e imagens do alienígena *Bifrost* da *Quinta Dimensão* à direita. Mera coincidência, talvez. Mas a fala do alienígena seria importante porque nessa sessão de hipnose, dias depois do episódio de ficção científica, Barney também diria que os alienígenas que o abduziram tinham olhos que falavam <http://www.ceticismoaberto.com/ufologia/2016/os-olhos-que-falavam> . Bônus Foi uma surpresa fabulosa descobrir como estava errado ao pensar que lasers eram uma dádiva tecnológica inventada por macacos pelados em 1960 da era Cristã. A realidade é muito mais fascinante do que imaginava, e todos os nexos dos lasers naturais com a ficção científica e as histórias no mundo dos discos voadores ainda não eram toda a história. Tive ainda outra surpresa, e que imagino, não deva ser a última. É apenas a mais recente. Ao ler o website *Laser Stars*, compilando as teorias e evidências de estrelas de laser, reconheci um nome. O astrofísico *Donald H. Menzel*<http://laserstars.org/bio/index.html#menzel>foi um dos pioneiros a sugerir <http://laserstars.org/history/stellar.html> a possibilidade e os mecanismos de lasers naturais em atmosferas. E, se você for um aficcionado por ufologia, deve se lembrar que Menzel foi também um dos mais famosos e pioneiros detratores OVNIs, defendendo que discos voadores seriam em verdade Vênus, Marte, balões meteorológicos e outros enganos. Talvez fosse um marciano. - - [Com agradecimentos a *Igor Zolnerkevic*<http://scienceblogs.com.br/universofisico/>, que me revelou que lasers naturais são conhecidos há décadas] [As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas] ------------------------------------ ======================================================== Ja pensou em fazer um site para você ou seu grupo de pesquisa ufológica? A A1WebSolutions tem um plano especial para você! 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