Pois é, Chadel, é o que eu tinha comentado aqui na lista. Há de se convir que a situação é bastante diferente da do Brasil. Na França não existe uma aberração equivalente ao TSE. As leis votadas no parlamento são executadas pelo Ministério do Interior e prefeituras. Os litígios são resolvidos pela justiça comum. As prefeituras só podem adotar as urnas-e se a câmara de vereadores aprovar o projeto. Ou seja, os políticos são livres para legislar e a justiça se limita à sua função.

Como resultado dessas diferenças, as prefeituras que desejam adotar o voto-e são livres de escolher o dispositivo entre alguns fabricantes e modelos certificados pelo Ministério do Interior. Apesar de falho, esse processo já reduz um pouco o risco de uma grande fraude a nível nacional. Como herança ainda da Revolução Francesa o país conta com 36000 comunas, cada uma é soberana para decidir sobre o equipamento que será utilizado desde que homologado, e o material é propriedade das prefeituras. Ou seja, querer alterar o software embarcado a nível nacional seria praticamente impossível. Como à cada eleição muda-se os candidatos e a ordem é tirada por sorteio, fica difícil de se imaginar uma fraude muito grande.

Outra diferença: graças à essa soberania das prefeituras apenas algumas se lançaram nessa aventura, o que faz que o uso das urnas eletrônicas aqui ainda é bastante marginal. Isso permite que o debate se instale ANTES de a coisa estar completamente feita, e é o que está acontecendo agora. Dificilmente as cidades que já compraram o material vão deixar de usá-lo (com a honrável exceção da cidade de Vandoeuvre-lès-Nancy citado no artigo), seria um suicídio dos políticos locais reconhecer que empregaram mal o dinheiro da cidade. Mas certamente quem não comprou (o grosso, inclusive as maiores) vai certamente pensar agora duas vezes antes, vista a contestação que está crescendo.

Entre outras possíveis razões para o sucesso da petição francesa:

- o fato de não estarmos diante do fato consumado;
- o texto ser curto, pede apenas a moratória do uso das urnas-e alegando os riscos, solicitando um grande debate antes de se continuar esse processo. Não impede que os fascinados pela coisa eletrônica o assinem, basta levantar a lebre no espírito do sujeito; - a mídia, mesmo a grande (grandes jornais, TV, etc.) está pondo a boca no no trombone.

No Brasil infelizmente a coisa está dada. Já se gastou os tubos nesta burrice eletrônica, fora o poder centralizado nas mãos dessa excrescência institucional chamada TSE. Infelizmente vai ainda levar alguns séculos para o Brasil sair da ditadura...

Abraços,
Paulo.

Roger Chadel a écrit :

O nosso manifesto já tem mais de 3 anos e meio e nós nem conseguimos chegar aos 3 mil. Na França, em poucas semanas chegaram aos 59 mil!


Chadel



Agência Estado, 17 de abril de 2007 - 11:32 Franceses fazem petição contra urna eletrônica

--
Paulo Mora de Freitas - Laboratoire Leprince-Ringuet Responsable du Service informatique du L.L.R. L.L.R. - Ecole polytechnique, 91128 Palaiseau, France Tel : (33)(1) 69 33 31 82 Fax : (33)(1) 69 33 30 02
mailto:[EMAIL PROTECTED] | http://polywww.in2p3.fr


______________________________________________________________
O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E

O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas.
__________________________________________________
Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico
       http://www.votoseguro.org
__________________________________________________

Reply via email to